Empreendedorismo para mudar a realidade de crianças de baixa renda – conheça a experiência da Associação Ser Parte

Blog Empreendedorismo para mudar a realidade de crianças de baixa renda – conheça a experiência da Associação Ser Parte

01/11/2018
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Há 12 anos, empreender é palavra rotineira no vocabulário de crianças, adolescentes e jovens adultos da Vila São Paulo, no Bairro Industrial de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Um dos motivos é a Associação Ser Parte, organização sem fins lucrativos criada em 2006 com o objetivo de dar ferramentas para que a própria comunidade – com altos índices de violência e vulnerabilidade – mude sua realidade.

Em um espaço físico na própria comunidade, a Ser Parte prepara os jovens para serem protagonistas de seu futuro, capacitando-os para atuarem no mercado de trabalho e abrirem seu próprio negócio. Com foco no desenvolvimento da autonomia, do senso de pertencimento, da comunicação, da postura profissional e da responsabilidade, as atividades vão desde as oficinas de artes até a formação técnica como auxiliar de padeiro e ao programa de Menor Aprendiz.

Desde o apoio escolar até a formação de Menores Aprendizes, a intenção é formar jovens com mais senso crítico e protagonistas de suas próprias histórias. “Muitas vezes, esses jovens têm um sonho e um propósito e não sabem por onde começar ou não acreditam no seu potencial. Por isso, oferecemos além da formação técnica, uma formação para a criação de um projeto de vida. Mostramos que é possível, mesmo na realidade deles, empreender”, explica Carolina Paixão, coordenadora de Mobilização de Recursos e Relacionamento Institucional.

Atividades infantis

A partir dos sete anos de idade, as crianças já podem fazer parte da programação da Ser Parte. Até os 14 anos, as atividades são voltadas, principalmente, para o reforço escolar – com o aprendizado de português e matemática por meio da tecnologia e contextualizado em atualidades – e para atividades culturais e de desenvolvimento social como as oficinas de teatro e percussão.

No palco, as crianças têm a oportunidade de trabalhar suas habilidades de comunicação e expressão e, muitas vezes, questões sociais que os impactam veem a tona durante os exercícios. “Recentemente, os jovens fizeram uma apresentação sobre violência feminina, que é algo que está presente na realidade deles. Tudo foi ideia deles, da sugestão do tema ao desenvolvimento da peça”, conta Carolina. O senso de pertencimento também é um aspecto enfatizado na programação infantil, que incentiva as crianças a entenderem e interagirem com a comunidade em que vivem.

As atividades têm o acompanhamento de psicólogos parceiros, que fazem atendimentos individuais aos alunos, conforme demanda deles próprios. “Se analisarmos o contexto social, todos têm uma bagagem grande de violência. Muitos buscavam a nossa equipe para desabafar e nossa forma de equacionar a demanda foi buscar parcerias com universidades para ajudar na formação humana desses jovens”, explica Carolina.  

Programa Menor Aprendiz

Assim que completam 15 anos, os adolescentes têm a oportunidade de participar do programa de formação de jovens aprendizes, credenciado pelo Ministério do Trabalho e fundamentado nos quatro pilares da Unesco para a educação no século XXI: aprender a ser, aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a conviver.

Com duração de 16 meses, o programa desenvolve a formação humana, a postura profissional, o planejamento de carreira e a atuação empreendedora, capacitando-os para o trabalho como auxiliares administrativos em pequenas e grandes empresas. “Trabalhamos também o intraempreendedorismo, incentivando-os a levarem boas ideias às empresas e fazerem a diferença onde estão”, acrescenta Carolina. Os jovens também recebem apoio para providenciarem a documentação necessária para o primeiro emprego (já que a contratação pode acontecer paralelamente ao programa) ou para criarem suas próprias empresas.

Ao final do período de formação, os participantes devem criar o projeto de uma empresa utilizando o conhecimento nas áreas trabalhadas, como comunicação, recursos humanos e administrativo-financeiro, e tendo a inovação como um dos pré-requisitos.

Padaria-escola

É a partir dos 18 anos que os jovens podem fazer aulas na padaria-escola. Lá, eles aprendem os conceitos básicos para se tornarem auxiliares de padeiro e ainda têm aulas de confeitaria e produção de salgados, permitindo que eles trabalhem em padarias da cidade ou comecem um negócio no ramo. Se empreender for o desejo do aluno, ele recebe, ainda, a consultoria do professor enquanto estrutura sua empresa.

A padaria-escola também atende pessoas que desejam se capacitar para uma reinserção no mercado de trabalho ou mesmo para aprimoramento profissional. “Um dos padeiros que recebemos contou que finalizava sua produção às 15h diariamente. Com o curso, ele conseguiu otimizar o processo e, ao meio dia, já produzia o dobro que antes”, revela Carolina.

Ficou inspirado pelas iniciativas do Ser Parte e pelo conceito de projetos de vida? Leia mais sobre o tema na entrevista com o psicoterapeuta Leo Fraiman.

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