Há 23 anos, o estudo Internet Trends, produzido por Mary Meeker, sócia do fundo de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers, é uma espécie de guia anual para entender o uso da tecnologia e as tendências em inovação.
Para as equipes das startup de educação ou para os professores mais antenados, o estudo oferece insights valiosos para compreender a mentalidade dos jovens e seus hábitos de consumo e de comportamento – aspectos decisivos para a adoção de novos modelos de educação, formatos de aprendizagem e desenvolvimento de produtos digitais voltados para as instituições de ensino e alunos.
Pensando nisso, selecionamos cinco tendências apontadas no estudo que podem impactar diretamente a educação e o mercado de trabalho. Confira:
Mais de 50% das pessoas em todo o mundo usam a internet, o equivalente a 3,6 bilhões de pessoas. Isso significa, assim como em outros mercados, que a partir de agora o crescimento no número de usuários da internet vai acontecer se forma mais lenta, já que mais da metade da população já é consumidora. Para se ter uma ideia do crescimento vertiginoso nos anos anteriores, em 2009, apenas 24% da população mundial tinha acesso à internet.
Ainda sobre o uso e hábitos dos usuários, o relatório constatou que cada adulto passa uma média de 6 horas diárias navegando (contra 3 horas em 2009), o que demonstra o aumento crescente da força da internet e dos dispositivos digitais para a educação, trabalho, lazer e consumo.
Os mecanismos de busca por meio do reconhecimento de voz têm se tornado cada vez mais precisos, o que tem contribuído para o aumento da popularidade das pesquisas por voz. A estimativa é de que, em dois anos (2020), 50% das pessoas irão dar preferência a buscas por voz ou imagem, acelerando ainda mais a popularidade dos assistentes virtuais e de gadgets como o Amazon Echo. O assistente virtual da Amazon – capaz de controlar a iluminação da residência, tocar música, fazer lista de compras – já está presente na casa de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, número três vezes superior ao de 2016.
Além disso, os aplicativos de mensagem instantânea continuam registrando crescimento. Os mais populares e que mais investem na experiência do usuário como o Whatsapp e o Facebook Messenger, por exemplo, têm 1,5 bilhão e 1,3 bilhão de usuários ativos, respectivamente.
Compra física é, cada vez mais, coisa do passado. Há 10 anos, o e-commerce era responsável por apenas 5% das compras do varejo. Atualmente, esse volume é e 13%. E a expectativa é de que o número continue aumentando, com a evolução dos mecanismos de busca e de pagamento.
O número de pessoas que optam pelo pagamento digital já ultrapassou os 60% em países como o Canadá e os Estados Unidos, sendo que na China já são 500 milhões de pessoas com esse perfil.
As mídias sociais continuam desempenhando um papel importante de guiar as descobertas por novos produtos e serviços, principalmente junto ao público mais jovem – de 18 a 34 anos, e as transações por telefone celular também ocupam lugar de destaque – 54% das pessoas usam o smartphone para fazer compras.
Com capacidade de armazenamento e velocidade cada vez maiores e preços cada vez mais baixos, a tecnologia, mais uma vez, é responsável por fomentar um questionamento recorrente desde a revolução industrial: seremos substituídos por robôs? Impossível prever exatamente como será o futuro do trabalho, mas o estudo aponta para o crescimento do setor de serviços e a busca por jornada flexível (51%) e trabalho de casa (35%). Os dois indicadores são os mais desejados entre os aspectos não-monetários relacionados ao emprego.
Além disso, 77% das pessoas afirma que a tecnologia facilita o trabalho autônomo (esse número era de 69% em 2014), modalidade que tem registrado crescimento como atividade principal. Os trabalhadores que executam atividades por demanda dizem usar múltiplas plataformas (33%), ter o desejo de controlar seu próprio horário de trabalho (47%) e buscar mais equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (35%).
Experiência. Essa tem sido a palavra-chave dos desenvolvedores e designers de produtos digitais nos últimos anos. Para criar uma jornada personalizada e agradável ou usuário, os serviços digitais valem-se do acesso aos dados pessoais dos usuários, do rastreio de seus hábitos de consumo e de vida. Tudo isso coloca em jogo uma outra variável, a privacidade.
Isso demonstra a importância crucial das instituições reguladoras e do compromisso e transparência dos serviços digitais com seus clientes e parceiros. Também reforça a necessidade de uma postura mais consciente dos usuários, que se comprometem a ceder dados pessoais em troca do produto adquirido. Outro risco da personalização excessiva é o fenômeno das bolhas de informação – quando o usuário passa a ser exposto somente a dados semelhantes aos de sua preferência ou próximos de seu histórico de navegação.
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