A escola deve ser um ambiente acolhedor e seguro para seus alunos. Ali, eles devem se sentir livres para criar e confortáveis para estudar, além de conviver em harmonia com outros colegas.Buscando criar esse ambiente ideal, o projeto pedagógico e o educador contam, e muito. Mas a arquitetura escolar também influencia.
Pode parecer um detalhe, mas é fato que o projeto arquitetônico muitas vezes é decisivo para o sucesso de uma estratégia de ensino.
Espaços projetados para atender às necessidades da comunidade escolar têm grande impacto na qualidade de ensino. Quanto mais próxima aos objetivos educacionais e às metodologias utilizadas por professores, melhor será a experiência do aluno em uma turma. E, seguramente, ele assimilará o conteúdo com mais facilidade.
Para comprovar essa relação, o Royal Institute of British Architects (RIBA) concluiu, em 2017, o estudo Better Spaces for Learning (ou Espaços Melhores para Aprender, em tradução livre). A pesquisa defende a utilização de design de qualidade para a criação ou reforma de escolas a fim de que se tornem acolhedoras para seus alunos.
Entre os resultados, vale destacar que 93% dos professores ouvidos afirmaram que a arquitetura escolar é importante para a criação de um ambiente de aprendizado efetivo. O estudo também comprovou que escolas bem projetadas aumentam em 15% a produtividade de quem trabalha nesses locais – professores, pedagogos e profissionais administrativos.
A arquitetura escolar precisa fazer com que o aluno se sinta seguro, esteja saudável e confortável. Para isso, deve atender às necessidades de crianças e adolescentes. Muitas vezes, uma atitude importante será oferecer ambientes com muito espaço livre e recursos para criar disponíveis.
Outro ponto fundamental de um projeto é enxergar espaços e instalações como oportunidades pedagógicas. Nesse sentido, é essencial que a arquitetura escolar dialogue com as metodologias de ensino utilizadas, para potencializar o aprendizado da turma.
Uma escola com foco em empreendedorismo, por exemplo, deve contar com espaços que estimulem a prototipagem e a colaboração entre crianças e adolescentes.
Incentivar o convívio e a socialização entre estudantes é outro ponto que merece ser ressaltado. Em um contexto ainda passível de situações de bullying, ambientes mais abertos e afetivos diminuem o risco de episódios de discriminação.
Além disso, a escola deve dialogar com o território onde está inserida, dando espaço para que a vida do lado de fora integre o dia a dia escolar. Nesse sentido, é necessário incluir elementos da natureza em um projeto – o que também pode funcionar como uma oportunidade de ensino.
Vale ressaltar ainda a criação de espaços flexíveis que se adaptam de acordo com cada situação, e equipados tecnologicamente.
Para chegar a uma arquitetura escolar ideal, profissionais especializados costumam focar o olhar nos seguintes aspectos:
No entanto, o projeto pedagógico e as opiniões e modos de vida dos próprios alunos são os pontos essenciais para a criação do projeto ideal. Sem eles, corre-se o risco de ter uma escola bonita, mas pouco funcional para superar os desafios diários. Ou seja, o bom design precisa fazer sentido.
A cidade de São Paulo ganhou, em 2018, uma nova escola que aposta na arquitetura escolar de qualidade como uma das estratégias de ensino. A Avenues chegou à capital paulista como o terceiro campus da instituição de mesmo nome criada em 2012, na cidade de Nova Iorque, com a ambição de conectar alunos e formá-los a fim de solucionar desafios globais.
Com a meta de chegar progressivamente a mais de dois mil alunos, a instituição reformou completamente um prédio de escritórios próximo à Marginal Pinheiros, no bairro Cidade Jardim. Sua meta foi criar ambientes dinâmicos, interligados e que favoreçam a criação de conexão do aluno com seus professores, colegas e com a própria cidade.
Em função disso, é repleta de salas que permitem que o aluno veja a circulação de pessoas em corredores e outros ambientes externos. Cada andar também conta com uma área de lazer externa, para que o aluno esteja em contato com a cidade.
Os locais de circulação de pessoas também têm outra funcionalidade: ser arquibancada para a apresentação de projetos ou visando possibilitar rodas de conversa. As estruturas internas, expostas, são um incentivo à curiosidade e à imaginação.
Assim como a Avenues, há outras instituições de ensino que apostam na arquitetura escolar como uma das estratégias de modernizar a escola – e melhorar a qualidade do ensino. Veja, aqui, o exemplo do sistema de ensino finlandês.