Em um mundo em que as ferramentas e os recursos tecnológicos ganham cada vez mais protagonismo, há uma competência que não pode ser negligenciada: a alfabetização digital. Incorporar essa habilidade no currículo é essencial para promover a igualdade no acesso à tecnologia. Qual o seu conceito e como colocá-la em prática? É isso que contamos neste post. Acompanhe!
Paul Gilster, escritor especialista em tecnologia, introduziu o conceito de alfabetização digital no seu livro lançado em 1997 (“Digital Literacy”). Segundo ele, o conceito envolvia a habilidade de entender e usar as informações provenientes de diferentes fontes digitais.
Em 2014, o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE), da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançou o Glossário CEALE – termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para Educadores. Nele, Isabel Cristina Alves da Silva Frade, uma das organizadoras da publicação, traz um conceito mais coerente com o que se apresenta hoje. “O termo alfabetização digital tem sido usado para designar um tipo de aprendizado da escrita que envolve signos, gestos e comportamentos necessários para ler e escrever no computador e em outros dispositivos digitais”, afirma a autora. Ela enfatiza que a escola tem uma grande contribuição a dar nesse aspecto.
“Podemos pensar numa alfabetização feita com instrumentos digitais, em ambiente digital e no contexto de letramento digital. Os instrumentos digitais trazem novas formas de produção, transmissão, circulação e divulgação dos escritos. No caso da alfabetização digital, entrecruzam-se o uso do instrumento de registro, os usos sociais da escrita, os sistemas de representação (letras, sinais gráficos, ícones, cores, sonoridades, imagens fixas e em movimento) no mesmo suporte – e essas formas interferem mutuamente no gesto de escrever e no pensamento sobre o funcionamento da escrita. […]
A escrita no computador parece fazer parte de saberes não ensinados na escola, pois vários gestos presentes na cultura digital são aprendidos através de jogos, brinquedos eletrônicos, celulares, operações no comércio e bancos, e outras tecnologias móveis (como ligar, desligar, clicar, tocar em ícones, arrastar, baixar programas). Entretanto, a criança precisa e pode dominar diferentes técnicas relacionadas ao que se chama de usabilidade: aprender a lidar com as ferramentas do sistema para ligar a máquina; compreender o teclado, seus símbolos e a função de cada tecla para além de digitar as letras; operar com a tela, interagir com ícones, localizar programas, manusear o mouse de adulto com suas mãos pequenas (sabendo que ele tem mais de uma função), arrastar, clicar e desenvolver operações cognitivas que permitam memorizar e internalizar tais operações. Essas operações provocam efeitos nos escritos e na tela e, consequentemente, no conhecimento sobre o funcionamento mais técnico do novo instrumento de escrita. Esse tipo de alfabetização digital é um dos componentes do letramento digital, e ambos precisam ser ensinados na escola. […]
A alfabetização contemporânea já está alterada pelo ambiente digital e por essa nova configuração tecnológica, e a escola tem uma grande contribuição a dar nesta questão.”
Por esse trecho, é possível perceber que, ainda que existam elementos não diretamente ensinados pela escola, é preciso que a instituição compartilhe as “coordenadas básicas” para a formação de um estudante.
A seguir, confira exemplos de como levar a alfabetização digital à sala de aula e aprimore a experiência de aprendizagem da sua turma.
As dicas compartilhadas abaixo são orientações gerais de como os educadores podem promover a alfabetização digital com os estudantes. Mas, claro, cada uma delas pode e deve ser adaptada à realidade de cada nível e de cada instituição. Acompanhe!
Utilize ferramentas digitais que complementam e enriquecem a dinâmica de aprendizagem. Coloque-as no dia a dia e incentive a participação ativa dos estudantes. Você pode apostar em diferentes ferramentas, com diferentes fins. Veja alguns exemplos:
Desenvolver projetos em que os estudantes podem trabalhar em grupo (editando documentos simultaneamente, criando pesquisas e apresentações e compartilhando feedbacks) é um ótimo caminho para aprimorar a alfabetização digital. O G-Suite é uma boa dica para colocar isso em prática.
Além de promover a alfabetização digital, esse movimento favorece o desenvolvimento de competências empreendedoras e habilidades socioemocionais. Trabalhar em equipe no ambiente digital ajuda os estudantes a comunicar ideias de forma clara, a negociar soluções e a gerenciar conflitos.
Incentive os estudantes a criar os próprios produtos digitais. Defina um tema e deixe que eles escolham qual produto querem desenvolver (vídeos, podcasts, e-books, jogos on-line, etc.). Antes disso, claro, é importante que você tenha compartilhado ferramentas que podem ser úteis nessa criação (como do Canva para e-books e vídeos; Scratch para jogos, e Anchor para podcasts). Coloque-se à disposição para orientar e esclarecer dúvidas durante o processo de criação.
Utilize metodologias ativas (como rodas de conversa, sala de aula invertida, debates e júri simulados) visando incentivar os estudantes a estudar e a discutir sobre a segurança e a ética no uso da internet. Vale incluir tópicos como a importância da proteção de dados pessoais e as implicações do compartilhamento de informações falsas. Além de promover o conhecimento dos estudantes sobre o tema, essa iniciativa permite que eles reflitam sobre as práticas on-line que adotam.
E, por aí, essas práticas já soam familiares para a sua rotina ou é o momento de começar a aplicá-las?
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