A atual Lei de Diretrizes e Bases, que norteia a Educação brasileira, considera que Arte e Cultura são disciplinas fundamentais, uma vez que contribuem para o desenvolvimento integral do estudante.
Diversas habilidades socioemocionais são fortemente estimuladas pela prática da Educação Artística.
Ela desenvolve a sensibilidade dos estudantes ao contemplarem a arte e buscarem interpretá-la como uma linguagem não verbal. Suas atividades permitem que o estudante aprenda a se expressar e a se autoconhecer no processo de criação, descobrindo como se comunicar por meio dela.
Outra função importante é o estímulo das funções cognitivas, proporcionado pelo contato com as Artes e a Cultura na escola. A atenção é amplamente desenvolvida, assim como a percepção, a linguagem, a memória e as funções executivas do cérebro.
Sem contar com as habilidades sociais que podem ser desenvolvidas com as atividades coletivas, como a dança, o teatro e a música, promovendo a interação entre os estudantes mais introvertidos, por exemplo.
Ou seja, não há como alcançar um aprendizado integral se não for dada a devida atenção às diferentes formas de o estudante vivenciar, perceber e conhecer o mundo, por meio da Arte e da Cultura.
Neste contexto, o Oi Futuro e o UNICEF se uniram para coletar histórias e experiências práticas que estão sendo desenvolvidas por professores brasileiros relacionadas com a utilização da Arte e da Cultura.
O e-book é o resultado do trabalho colaborativo de 15 educadores das duas escolas NAVE (Rio de Janeiro e Recife). E, para saber mais sobre essa experiência, nós conversamos com a professora de Língua Portuguesa do NAVE Recife, Patrícia Oliveira, que contribuiu diretamente para a produção das experiências pedagógicas contidas no e-book.
1 – Fale um pouco sobre sua formação e experiência
Sou formada em Letras, com especialização em Inglês. Leciono há 14 anos e, durante esses anos, fui professora de Inglês, Artes e Língua Portuguesa. Atualmente trabalho apenas com Português, lecionando na Escola Técnica Estadual Cícero Dias – Nave Recife.
Adoro experimentar metodologias tradicionais e inovadoras, usar ferramentas tecnológicas e analógicas, ou as duas opções, dependendo da situação de aula.
2 – Você costuma utilizar metodologias ativas em sala de aula? Se afirmativa, quais?
Sim, é muito importante que o estudante seja protagonista de seu conhecimento. Uma dessas metodologias é a Sala de Aula Invertida, quando o educando busca o conhecimento e o leva para a sala de aula.
3 – Como se envolveu no Projeto Oi Futuro e por que se interessou por ele?
Sou professora de Língua Portuguesa de ETE Cícero Dias, e a escola tem parceria com a Oi Futuro, o projeto NAVE – Núcleo Avançado de Ensino.
Diante disso, a escola já trabalha com a sistematização das práticas de ensino, e todos os educadores da escola estão aptos a criar, pesquisar, sistematizar e inovar o ensino.
4 – O projeto visava utilizar a Arte e a Cultura como caminhos para atingir alguns objetivos, certo? Você acredita que esses objetivos foram alcançados?
Os objetivos do projeto foram alcançados, os alunos foram aguçados a visitarem os museus virtuais, entenderam o que é releitura no contexto atual, escolheram pinturas do período renascentista, Barroco e Árcade para fazer suas releituras.
5 – O movimento iniciado pelo projeto teve continuidade? De que maneira?
O projeto foi muito extenso, pois ocorreu em algumas partes, que envolveu a visita virtual no museu; a discussão sobre as impressões dessa visitação; aula sobre releitura, paródia e conhecimento de algumas obras realizadas na contemporaneidade; uso de alguns aplicativos para realizar os trabalhos; a realização, exposição nas mídias, na escola, e finalização.
6 – Qual seria o melhor caminho para usar a Arte e a Cultura no desenvolvimento de habilidades dos estudantes? Poderia citar exemplos práticos?
Engajar e desafiar o estudante a conhecer a arte na sua forma original e fazer a própria arte, colocar a mão na massa, usando as tecnologias virtuais e analógicas; dessa forma, ele poderá experienciar e sentir prazer em conhecer e fazer.
7 – Como você acredita que será a educação neste cenário pós-pandemia?
Será um momento de reconquistar com paciência o educando. São jovens cheios de energia, querendo muito diálogo com as pessoas de sua idade, e o professor terá que ter paciência neste momento para direcionar esse discurso à aprendizagem.
Por exemplo: levar uma obra de arte, imaginar o que a pintura representa, escrever narrativas sobre ela, ou mesmo, hipóteses de sua criação, fazer um estudo, uma abordagem mais criativa.
Depois da pandemia, tudo será novidade para os professores e os estudantes; tudo é questão de adaptação, mas não quer dizer que possa se tornar melhor, dependendo, é claro, da dedicação e da metodologia usada para cada turma e situação.