Como um professor usou o audiovisual na escola para aguçar a criatividade dos alunos

Blog Como um professor usou o audiovisual na escola para aguçar a criatividade dos alunos

29/10/2019
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Fazer da sala de aula um local aberto à criatividade e ao protagonismo dos alunos é um desafio, já que muitas vezes o professor se sente preso tanto à grande quantidade de conteúdos que precisa repassar aos jovens quanto às formas tradicionais de ensino. O uso do audiovisual na escola pode ser uma boa estratégia para isso.

Propor atividades diferentes pode trazer grandes resultados para o estudante, gerando interesse nos conteúdos e na escola, proatividade, autoestima e entendimento de que é capaz. De fato, proporcionar um ambiente em que o aluno exercite autonomia e tenha o direito de errar no processo de criar e aprender é um aspecto importante da educação empreendedora.

No Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, em Santa Maria (RS), o professor de Literatura e Inglês, João Pedro Wizniewsky Amaral, resolveu responder à reivindicação dos alunos do 3º ano do ensino médio de que a escola fosse um lugar onde pudessem exercitar sua criatividade.

Entendendo que o cinema é “uma forma de expressão em que alunos podem ser mais livres, atuantes, cooperativos, autônomos, criativos e proativos”, ele organizou um projeto de criação cinematográfica conjunta, que lhe rendeu o prêmio Professores do Brasil de 2018 na categoria Ensino Médio, Região Sul. Confira como o docente colocou em prática o projeto de audiovisual na escola!

Utilizando a linguagem dos alunos para fomentar a criatividade

De acordo com o relato do professor, que pode ser lido na íntegra no site do prêmio, as turmas demonstravam grande desânimo com qualquer atividade escolar e com o tempo em que permaneciam no colégio. Reclamavam que a escola era desmotivante e que ali não podiam exercer a criatividade.

Em uma sondagem inicial, João Pedro investigou que os alunos consumiam muitas produções audiovisuais, mas não possuíam conhecimento para analisá-las. Além disso, não tinham feito nenhum trabalho acadêmico do qual se orgulhavam.

Por isso, com a ajuda de roteiristas da TV Campus, vinculada à Universidade Federal de Santa Maria, e o apoio da direção da escola, o docente resolveu lançar o projeto Estúdio de Criação: o cinema como potência criadora e transformadora. O objetivo era que os alunos recebessem letramento nas linguagens audiovisuais, ressignificassem o uso de tecnologias e tivessem a liberdade de propor coletivamente curta-metragens criativos.

Audiovisual na escola: estúdio de criação

O projeto de audiovisual na escola foi estruturado de maneira similar ao formato de um roteiro, isto é, com introdução, problema, desenvolvimento, clímax e desfecho, projetado para durar 6 meses. A introdução se baseou na exibição e análise de curta-metragens e outras produções audiovisuais. Na fase do problema, os alunos deveriam criar individualmente um personagem, descrevendo suas características físicas, psicológicas e de comportamento.

Na etapa seguinte, foram apresentadas coletivamente ideias para roteiros a partir de personagens criadas. O clímax foi a escolha da história, e a última fase foi a gravação de um curta por cada sala. Foram três produções: Linhas Tortas, O Candidato e Tudo Pela Vingança.

As filmagens foram feitas dentro da própria escola, e o material para produção de figurinos e cenários foi levado de casa pelos próprios alunos. “Eles transformaram o hall do colégio em um banco; uma sala de aula virou uma cela de prisão; e a sala de jogos da educação infantil tornou-se uma tenda de um vidente”, relata o professor.

As etapas foram planejadas para terem duração total de 6 meses, mas uma greve dos professores do estado e o desejo dos alunos de realizar uma mostra de exibição dos filmes aberta à comunidade, contando até com premiação e banca de jurados, fizeram o projeto se alongar para 9 meses.

De acordo com João Pedro, à medida que iam percebendo que poderiam produzir peças de audiovisual de boa qualidade na escola , as turmas foram ficando cada vez mais engajadas, discutindo o roteiro, combinando detalhes das gravações e expondo sugestões. O trabalho em equipe foi um aprendizado marcante para todos eles. Professores de outras disciplinas disseram que os estudantes melhoraram o interesse, o convívio e o protagonismo nas classes deles também.

“Gostaria, e sei que é possível, que qualquer professor replicasse essa experiência vivida por mim em diferentes contextos. Para isso bastam vontade e planejamento. […] qualquer professor pode fazer uma produção em audiovisual com um celular, por exemplo”, conclui o professor João Pedro em seu relato. Que tal adaptar o modelo para a sua sala de aula e ver como o potencial criativo dos alunos pode ser desenvolvido a partir do audiovisual, essa linguagem tão presente no dia a dia dos jovens e dos adolescentes?

O uso de audiovisual na escola aguça a criatividade dos alunos, uma das competências essenciais no mercado de trabalho atual e que, segundo especialistas, se tornará ainda mais relevante para o trabalho do futuro. Entenda por que ela é tão importante quanto a alfabetização e aprenda 5 lições de criatividade na educação com a Perestroika. E, para continuar no tema do audiovisual na escola, conheça cinco filmes que vão mudar sua visão sobre educação.

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