Autodeterminação: o que é e como desenvolvê-la nos estudantes

Blog Autodeterminação: o que é e como desenvolvê-la nos estudantes

03/11/2023
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Você já ouviu falar em autodeterminação? O que é essa competência e como ela apoia o processo de aprendizagem dos estudantes? Como os professores podem atuar para desenvolvê-la de maneira mais efetiva? Descubra essas e outras respostas ao longo deste post. Acompanhe!

O que é autodeterminação

Desde muito cedo, estamos o tempo todo fazendo escolhas, mais ou menos complexas — quero este ou aquele sabor de picolé? Quero brincar com o brinquedo X ou com o brinquedo Y? Quero fazer este ou aquele curso? E, claro, o peso e as motivações dessas decisões se transformam completamente ao longo da vida — mas você sabia que o simples fato de fazer escolhas está diretamente ligado ao poder de autodeterminação

Em linhas gerais, o conceito de autodeterminação consiste em ter a capacidade de sentir e decidir o que faz sentido em determinada situação. É uma abordagem que passa pela importância da motivação intrínseca e da autonomia, e desenvolvê-la nos estudantes desde cedo pode trazer reflexos positivos por toda a vida. 

Teoria da Autodeterminação

A Teoria da Autodeterminação foi elaborada em 1981 por Edward Deci e Richard Ryan, psicólogos e professores de psicologia norte-americanos. O artigo O estilo motivacional do professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da Teoria da Autodeterminação, de autoria de Sueli Édi Rufini Guimarães e de Evely Boruchovitch, explica melhor o conceito e como ele se relaciona com a educação e os espaços de aprendizagem. Veja:

“A Teoria da Autodeterminação foi proposta com o objetivo de compreender os componentes da motivação intrínseca e extrínseca e os fatores relacionados com a sua promoção. Nessa perspectiva, são abordadas a personalidade e a motivação humana, concentrando-se nas tendências evolutivas, nas necessidades psicológicas inatas e nas condições contextuais favoráveis à motivação, ao funcionamento social e ao bem estar pessoal. No contexto da pesquisa educacional, a motivação intrínseca tem sido relacionada ao envolvimento dos alunos com as tarefas de aprendizagem, pela preferência por desafios, persistência, esforço, uso de estratégias de aprendizagem, entre outros resultados positivos.

A base inicial para a Teoria da Autodeterminação é a concepção do ser humano como organismo ativo, dirigido para o crescimento, desenvolvimento integrado do sentido do self e para integração com as estruturas sociais. Nesse empenho evolutivo estaria incluída a busca de experiências com atividades interessantes para alcançar os objetivos de: a) desenvolver habilidades e exercitar capacidades; b) buscar e obter vínculos sociais; e c) obter um sentido unificado do self por meio da integração das experiências intrapsíquicas e interpessoais. Nessa perspectiva, consideram-se as ações autodeterminadas como essencialmente voluntárias e endossadas pessoalmente e, em contraposição, as ações controladas como resultado de pressões decorrentes de forças interpessoais ou intrapsíquicas.

Nesta perspectiva teórica, a atenção para as necessidades socioemocionais dos estudantes é essencial para a construção de um ambiente educacional potencialmente motivador, principalmente por parte de professores e administradores escolares.”

Fonte: https://www.scielo.br/j/prc/a/DwSBb6xK4RknMzkf5qqpZ6Q/?lang=pt#

Sueli e Evely indicam, ainda, as três necessidades psicológicas inatas que vêm de uma motivação intrínseca e estão propostas pela Teoria da Autodeterminação. São elas: a necessidade de autonomia, a necessidade de competência e a necessidade de pertencer ou estabelecer vínculos. “Em situações de aprendizagem escolar, as interações em sala de aula e na escola como um todo precisam ser fonte de satisfação dessas três necessidades psicológicas básicas para que a motivação intrínseca e as formas autodeterminadas de motivação extrínseca possam ocorrer. Nesse sentido, a figura do professor tem um papel essencial na promoção de um clima de sala de aula favorável ou não ao desenvolvimento dessas orientações motivacionais”, apontam as autoras. 

Como desenvolver autodeterminação nos estudantes 

Considerando a definição teórica e a conceituação do tema, como criar ambientes favoráveis para que os estudantes desenvolvam a autodeterminação? A seguir, separamos algumas dicas. Confira! 

>> Confira aqui metodologias ativas que podem contribuir para autodeterminação

Criando ambientes de apoio

Motivar os estudantes em ambientes em que eles se sintam aceitos e apoiados contribui para o desenvolvimento de sua autoestima e senso de pertencimento — e, por consequência, de sua capacidade de fazer escolhas. Até mesmo mudanças simples no ambiente de aprendizagem, por exemplo, podem ter ótimos resultados. 

Estimulando a autonomia e incluindo o estudante na tomada de decisões

Criar espaços em que os estudantes tenham voz e opção de escolha no processo de aprendizagem contribui para o senso de autodeterminação. Além disso, inseri-los nas decisões relacionadas ao ambiente escolar apoia o senso de pertencimento. Sempre que possível, inclua-os em decisões relacionadas ao ambiente escolar — como planejamento de eventos, escolha de atividades extracurriculares, desenvolvimento de políticas escolares e por aí vai. 

Demonstrando o êxito das atividades e, sempre que possível, dando feedbacks

Reconhecer as atividades dos estudantes é criar oportunidades para que experimentem o sucesso. Isso favorece o desenvolvimento do senso de competência e autoeficácia. 

Além disso, fornecer um feedback específico, orientador e positivo ajuda os estudantes a entenderem as suas áreas de força e as oportunidades de crescimento, contribuindo para o desenvolvimento da autodeterminação. Mas vale a atenção: dar feedbacks não é exatamente simples e existem diferentes tipos e maneiras de fazê-lo — é preciso estudar a respeito. Aqui você tem acesso a algumas orientações práticas. 

Conectando conteúdos curriculares aos interesses pessoais 

Inserir os interesses pessoais — sejam jogos, músicas, filmes, atores e atrizes, mundo pop etc. — na aprendizagem pode dar a ela um outro significado, tornando o processo mais relevante e motivador. Quando as atividades e práticas pedagógicas têm um propósito claro, uma relevância para a vida dos estudantes, eles são mais propensos a se envolver ativamente no processo. 

Estimulando a curiosidade intrínseca

Despertar a curiosidade dos estudantes e incentivar o questionamento é uma boa maneira de construir um desejo genuíno de aprendizado, estimulando que explorem os tópicos mais profundamente por conta própria. Isso faz parte também da experiência de aprendizagem — “aquilo que a pessoa vivencia, por meio dos sentidos, no processo de absorção de conhecimento e desenvolvimento de habilidades” —, influenciando o seu desempenho em termos de interesse, memorização e entendimento. 

Incentivando a definição de metas 

Quando os estudantes definem metas pessoais e acadêmicas, eles podem se sentir mais motivados e engajados no processo de aprendizagem, uma vez que têm um senso claro de propósito e direção em sua jornada. 

Criando uma cultura de valorização e reconhecimento 

Celebrar as conquistas dos estudantes, sejam grandes ou pequenas, faz a diferença no senso de competência e na construção de vínculos dos estudantes, além de reforçar sua motivação intrínseca.

Esse conteúdo foi útil para ajudar você a desenvolver a autodeterminação com os estudantes? Acompanhe o Blog do CER e confira outras dicas que vão apoiar a sua atuação no ambiente de aprendizagem!

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