Autodidatas: como aprendem os jovens de hoje e como incentivá-los a ‘aprender a aprender’

Blog Autodidatas: como aprendem os jovens de hoje e como incentivá-los a ‘aprender a aprender’

24/06/2019
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À medida que o acesso à internet aumenta para crianças e adolescentes brasileiros, muitos se lançam ao aprendizado sozinhos, de forma autodidata. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2017, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 92% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos já havia acessado a internet em 2017, sendo que 64% já havia feito pesquisas na rede por curiosidade ou vontade própria.

Para a professora Ísis Lima, mestra em neurobiologia pela UFMG, professora de pós-graduação da PUC Minas e atuante na formação de professores, embora muitos acreditem que o autodidatismo tenha relação com a genialidade, praticamente qualquer pessoa consegue ser autoditada. Mas, na era da internet, é importante entender que o simples acesso à informação é diferente de conhecimento.

E é aí que entra o papel do professor como mediador dentro de sala de aula, alguém que mostra ao estudante como ele pode chegar ao conhecimento por si mesmo. Nesse post, vamos mostrar como incentivar seus alunos a serem autodidatas e dicas práticas para guiá-los com sucesso na jornada do aprendizado autônomo.

Autodidatas: educação a partir da autonomia

Segundo a professora Ísis, toda aprendizagem real é, na verdade, individual e autodirigida pelo próprio sujeito. Isso acontece porque o conhecimento só pode ser atingido de forma ativa, por meio da observação e da dúvida, numa busca que pode ter sido proposta por um professor, pai ou orientador, mas tem que virar uma iniciativa pessoal.

A escola é o ambiente propício para propor a busca pelo conhecimento e apresentar os meios possíveis de alcançá-lo, realizando também debates, discussões aprofundadas, trabalhos em grupo e outras atividades do gênero. Mas o aprendizado não ocorre apenas no ambiente escolar, e nem o papel do professor se restringe a ajudar o aluno a encontrar conhecimento somente ali.

Por isso, quer seja na escola ou para além dela, o papel do educador hoje é o de mediador, em que ele age como mentor dos jovens ao guiá-los em direção ao conhecimento, ao autoconhecimento e ao desenvolvimento de sua individualidade, todos aspectos essenciais do autodidatismo.

O professor como mentor

“A maioria dos professores que convivo, desde os da educação infantil até o nível superior, ainda são muito restritos a um pensamento catedrático, devido ao processo de escolarização que passaram”, analisa Ísis.

“Não que a imagem de autoridade do professor deva ser desmistificada, mas precisamos retornar ao conceito da verdadeira academia de Platão e abandonar a padronização do modelo escolar da reforma industrial dos séculos XVIII e XIX”, defende. Diante deste cenário, o ideal é que o professor rompa com o modelo em que ele é o transmissor de informações para uma audiência passiva e assuma o papel de mentor.

Para tanto, é necessário lançar mão de metodologias em que o aluno fale mais do que ele na sala de aula, sempre de forma estrategicamente conduzida. O ensino híbrido, por exemplo, é uma dessas possibilidades.

Assumindo o papel de mentor, o professor incentiva o estudante a ser ativo em sua aprendizagem e a exercer o autodidatismo.

Dicas para ajudar autodidatas

O autodidatismo passa pela elaboração de uma metodologia de aprendizagem própria por cada um. Dentro disso, o professor pode auxiliar o jovem a pensar numa metodologia que seja adequada ao seu perfil e tenha o potencial de encontrar respostas para seus questionamentos. É aconselhável também ajudá-lo a lidar com a diversidade de respostas que surgirão e aspectos desse processo de busca, como frustrações, resiliência, valores éticos e morais.

Ofereça aos alunos diferentes ferramentas de estudo para que eles possam usar no aprendizado fora de sala de aula. O mapa mental, por exemplo, tem aparecido em estudos neurocientíficos como uma técnica que beneficia muitos.

Outra dica é influenciar os jovens a investir em conteúdos que não precisam de uma linearidade muito rígida para serem assimilados, pois eles têm maior potencial de sucesso no aprendizado sem professor. Música, línguas estrangeiras e uso de softwares se enquadram nesse tipo de conteúdo.

Incentivar e guiar os jovens em direção ao conhecimento autônomo é certamente um desafio que exige esforço, mas muito recompensador, uma vez que ajuda a criar uma geração que consegue transformar a abundância de informação da atualidade em conhecimento.

Uma das formas de incentivar essa autonomia é colocando em prática a técnica da sala de aula invertida. Entenda como ela funciona e como você pode tirar mais proveito dessa ideia.

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