Criação de conteúdo, influência e empreendedorismo digital – Entrevista com Lu Ferreira, a Chata de Galocha

Blog Criação de conteúdo, influência e empreendedorismo digital – Entrevista com Lu Ferreira, a Chata de Galocha

22/05/2020
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Ela costuma dizer que, quando começou, a internet ainda era “mato”. Isso foi lá em 2007, quando Luísa Ferreira, ou apenas Lu, criou seu primeiro blog. Dentre algumas versões, o último foi batizado de Chata de Galocha e é por esse nome que ela é conhecida no Brasil inteiro.

Hoje em dia, o blog é só um dos produtos Chata de Galocha. A Lu está à frente da  própria marca de cosméticos, da linha de roupas para adultos e até da parceria em uma linha de produtos para bebês. No YouTube, ela acaba de comemorar 1 milhão de inscritos e está entre as criadoras de conteúdo mais conhecidas e confiadas pelas marcas e pelo público no Brasil inteiro. Conversamos com Lu Ferreira sobre a dor e a delícia de empreender com a internet. Veja só.

1 – De que maneira você imaginava a sua carreira quando estava ainda estudando, fazendo estágio ou logo no início da vida profissional, como diretora de Arte?

Eu me imaginava trabalhando em agências. Na época, também tinha muita vontade de trabalhar em alguma editora, já que revista ainda era algo muito importante e o que me levou a estudar Design. Queria muito trabalhar em uma revista específica, então me via me mudando para uma cidade maior, provavelmente São Paulo, e trabalhando como diretora de Arte e Designer para o resto da vida.

2 – Como é a sua rotina de trabalho?

Geralmente eu não tenho muita rotina. Meu trabalho envolve muitas viagens, e, nos últimos seis meses, por exemplo, eu ia gravar pelo menos uma vez por mês em São Paulo. Costumo ter muitas reuniões também na capital paulista, porque a maioria dos escritórios está lá, já que meus clientes são nacionais.

Eu tenho um estúdio, em Belo Horizonte, onde gravo vídeos e produzo conteúdos e onde minha equipe se reúne para trabalharmos juntos, quando não estamos em home office. Somos muito flexíveis, mas não tenho muita rotina. Meus dias se dividem entre gravar conteúdo, editar, fazer reuniões, aprovar material com clientes e por aí vai.

Confira o vídeo em que Lu conta mais sobre seu trabalho e rotina como criadora de conteúdo e empreendedora.

3 – Como você se prepara para continuar sempre inovando e sempre relevante ao trabalhar com algo que muda o tempo todo como a internet?

Atualmente todo mundo trabalha com a internet, visto que é um sinal dos novos tempos. Eu acredito que todos os negócios terão que ter uma presença digital muito forte para não morrer. Mas, para continuar relevante na internet, é preciso estar sempre mudando e evoluindo. Eu, por sorte, nunca fui apegada a formatos e a programas que funcionam. O que quero dizer com isso? Quando vejo que algo que faço e que dá muito certo começa a ficar saturado e as pessoas estão desgastadas, eu decido partir para outro formato. Mato um formato para criar outro.

A gente tem sempre de estar inovando e muito atento às tendências. Isso não quer dizer que você tem de fazer tudo o que surge. Há aplicativos novos, formatos novos… É preciso, porém, saber que eles existem e o que funciona melhor para o seu negócio. Não acho que todo mundo deve estar em todas as redes, mas é necessário entender, sim, o funcionamento de cada uma e o motivo pelo qual as pessoas estão gostando daquele tipo de conteúdo naquele momento.

4 – Hoje em dia, você tem uma equipe, mas, por muito tempo, você mesma fazia a maior parte do trabalho da empresa Chata de Galocha, certo? Como correu atrás do conhecimento sobre Finanças, Contratos e até Produção de Conteúdo para conseguir tirar suas ideias do papel?

Ainda considero meu conhecimento de Finanças e Contratos muito raso. Sou uma pessoa muito responsável e sempre fui do tipo que tem uma reserva, que se prepara para fazer as coisas, inclusive financeiramente. Sempre busquei auxílio de advogados quando tinha de negociar contratos maiores, por exemplo.

Em determinado momento, eu busquei uma consultoria financeira, em que uma pessoa se debruçou sobre as informações da minha empresa, mudou muitos processos e me ensinou muito em relação ao dia a dia de trabalho.

Sobre Produção de Conteúdo, vale lembrar que meu blog nasceu em 2007, e, na época, Produção de Conteúdo para Blog não era uma profissão ainda; eu ajudei a formar esse mercado. Então, eu não tinha onde buscar tal conhecimento. Atualmente eu até compartilho o que aprendi: tenho um curso sobre o que aprendi na prática. E acho que minha formação também contribuiu para isso, já que sou formada na área de Comunicação.

5 – O que você gostaria de ter aprendido de empreendedorismo na época de colégio ou até mesmo na Universidade?

Eu sinto muita falta de conhecimento sobre Administração, Finanças, esses assuntos mais burocráticas e necessários para qualquer empreendedor. Muitas empresas têm uma ótima ideia e pessoas criativas, mas acabam pecando por esse lado. Se a pessoa não consegue buscar uma assessoria, isso acaba prejudicando a empresa. A minha faculdade foi toda focada na parte criativa e muito pouco na parte prática de mercado de trabalho. Queria muito ter tido treinamento nesse sentido.

 

6 – Uma questão atual que tem surgido entre os produtores de Conteúdo e influenciadores é o burnout. Como você cuida da saúde mental (sua e da equipe) para que o trabalho criativo e mais livre não se torne um fardo?

Eu quase tive um burnout há um ano e meio. A questão para mim nem é que, quando você trabalha com internet, você está sendo o tempo todo julgado e você ‘é meio’ que refém das regras das redes sociais. E, muitas vezes, para ser relevante, você precisa postar muito e, para postar muito, tem de produzir muito.

O que tenho feito desde então é permitir que eu me desconecte. Eu fiquei anos sem tirar férias e fiz isso pela primeira vez há dois anos. O que quer dizer ‘férias’ para quem trabalha com redes sociais? Não postar! A experiência foi muito boa, e eu aprendi que isso não prejudica o meu negócio. Então, quando eu preciso de um tempo, fico um pouco off-line.

Outra coisa que ajuda a ter esse limite é ser organizada e ter uma pauta de criação. Porque assim eu tenho tarefas a cumprir, e, uma vez que eu as cumpro, meu dia de trabalho está finalizado. Quando trabalhamos para nós mesmos com algo criativo, gostoso, muitas vezes acabamos entrando em um loop eterno de trabalho. Afinal, ter uma pauta e ser organizada ajuda muito.

7 – Quais as maiores lições que acredita ter aprendido com a vida empreendedora?

Eu acho que a maior lição é ter coragem. Em muitos momentos, empreender é arriscado. Você troca o certo pelo duvidoso, por algo que pode não dar certo. Quando eu larguei meu cargo de diretora de Arte para fazer trabalhos como freelancer, eu fiquei com muito medo de não conseguir pagar minhas contas. Quando decidi parar de trabalhar como freelancer para focar no trabalho como criadora de Conteúdo, fiquei com mais medo ainda! Era algo muito novo, e eu não tinha alguém para me ensinar, já que fui uma das primeiras do mercado. No momento em que assinei um contrato grande, fiquei com medo de não dar conta, porque dependia só de mim.

Assim, acho que o aprendizado é a coragem. Quem quer empreender tem de correr riscos calculados, porque senão não cresce e não se desenvolve.

Gostou de saber mais de empreendedorismo na internet com a Lu Ferreira? Então, vai gostar também de conferir a entrevista com outra youtuber, a Débora Aladim. Confira.

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