
A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) traz um marco histórico para a Educação Infantil ao reconhecer essa etapa como essencial. São estipulados 6 direitos de aprendizagem na BNCC para os bebês e para as crianças de até 5 anos e 11 meses.
Mas a BNCC é só a ponta. A fim de que esses direitos sejam concretizados, o papel do educador e da escola se torna essencial para colocá-los em prática e de fato garantir o cumprimento.
Apesar desse marco, nas últimas décadas já se vinha associando o ‘cuidar’ com o ‘educar’. E isso aparece no rol de direitos estipulados pela Base, em que se traz um contexto de acolher a criança, ampliar o horizonte e complementar a vivência familiar. Por isso, torna-se ainda mais relevante o diálogo entre família e escola.
A BNCC vai reforçar que a educação nessa etapa é desenvolvida baseando-se na assimilação de situações e interação com o mundo físico e social.
O processo de aprendizagem deve levar em consideração a faixa etária da criança – capacidade, limitação e habilidades que podem ser desenvolvidas. É a etapa de se formar os primeiros marcos – como o desenvolvimento das habilidades motoras, a capacidade de fazer perguntas e os primeiros limites de uma afetividade ordenada.
Podemos dizer que a Base traz algumas palavras-chaves em cada um dos direitos elencados:
A escola é palco da socialização secundária, isto é, é o segundo ambiente depois da família, em que a criança é colocada para interação. No entanto, a fim de que esse processo ocorra ou que a convivência enquanto direito seja posta em prática, não basta apenas a sua inserção.
Faz-se necessário que os educadores acompanhem o processo, estipulem limites e regras, estimulem a interação e vigiem.
Existem situações, como brincadeiras e outras atividades lúdicas, que podem contribuir para que essa vivência seja meio do processo educativo. E situações como manter um mínimo de organização do ambiente, recolher o lixo, e outras rotinas, respeitadas a capacidade da idade, consideradas essenciais para que a criança possa aprender a respeitar o limite do outro.
O brincar, o entendimento, como uma atividade lúdica, tem um papel de formação social e psicológica. Ele estipula as regras, muitas vezes se utiliza de situações da imaginação e atua como transmissor da cultura.
No entanto, para que esse direito ao brincar seja garantido, é necessário planejamento. O educador precisará planejar previamente e propor atividades propositais.
A brincadeira para cumprir com a função educativa deve ser uma atividade intencional. É necessário que se proponham situações que incentivem determinados comportamentos.
É importante considerar também que é uma oportunidade muito propícia para o desenho de comportamento socioemocional – indicando à criança o que é permitido e o que não é. São momentos propícios para se identificar a manifestação de determinados sentimentos (raiva, agressividade, alegria, frustrações) e contribuir para uma formação de uma afetividade ordenada.
Envolver mais a criança nesse processo é fundamental. Geralmente, enxergamos as crianças como menos capazes do que elas de fato o são.
Tente sempre convidá-las para participar ativamente de todo o processo – distribuir o material entre os colegas, recolher o lixo, contribuir para a organização do ambiente.
O objetivo aqui é estimular atividades mais “mão na massa” e situações de experimentação. Sempre que possível, convide a criança a prestar atenção aos diferentes aspectos dos tipos de material e do ambiente no qual ela está inserida.
Se possível, faça atividade de manipulação de material – como elementos da natureza (folhas, pedras, terra, argila) e com material diverso (papel, isopor, madeira).
Explore poemas e músicas, como as tradicionais cantigas de roda, para trabalhar com a sonoridade e, ao mesmo tempo, com elementos culturais.
São exemplos de atividades as rodas de conversa ou os momentos em que uma das crianças é convidada a falar, e as demais, a escutar.
É importante estimular as crianças mais retraídas a participarem, e ao mesmo tempo, educar as mais expansivas, para que elas consigam se expressar, mas sem dominar o espaço.
Atividades como desenhos e auto-observação no espelho podem contribuir para que a criança comece a formar uma imagem de si mesma. Ao mesmo tempo, é crucial que essa criança compreenda que ela faz parte de diversos grupos de pertencimento – a família, a escola, a nação, as diferentes origens éticas.
Para além dos direitos de aprendizagem BNCC para a educação infantil, um dos eixos da base para todas as etapas da educação é o uso da tecnologia. Para ter uma visão esquematizada da base – com eixos estruturantes, itinerários formativos, conteúdo e competências – de forma didática e resumida, acesse o observatório.
Na educação infantil, pode-se iniciar o uso da tecnologia como um meio de consulta para a resolução de um determinado problema.
Desde esse contato inicial, vale indicar um uso mais apropriado da tecnologia. Não como uma ferramenta meramente de lazer, mas como uma ferramenta de desenvolvimento dos saberes.
O educador, pode, por exemplo, fazer pesquisas com as crianças diante de certo questionamento ou mesmo utilizar dos recursos tecnológicos disponíveis visando transmitir vídeos, músicas e contação de histórias.
De forma geral, tudo isso contribui para uma visão do estudante no centro do processo de educação e com um papel cada vez mais ativo. Nesse aspecto, pode-se dizer que muitos dos valores de Educação Empreendedores foram incorporados pela Base.
A BNCC guia as escolas e os educadores na confecção dos planos pedagógicos e das práticas. Além disso, ao nortear a educação, ela permite uma uniformização da educação ao redor do país.
É necessário entender que a Base não é um currículo, mas um orientador. De agora em diante, o desafio é fazer com que ela seja concretizada, mesmo em circunstâncias desafiadoras.
Acesse agora mesmo o Guia de Implementação da BNCC para mais exemplos práticos de como usar as orientações da BNCC.