Trabalhando a diversidade cultural na escola

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28/02/2023
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A diversidade cultural é consequência da multiplicidade de manifestações sociais  resultado das diferentes formas em que pessoas de um determinado povo se organizam, pensam, trabalham, se manifestam. Ela envolve fatores sociais, de gênero, religiosos, artísticos e raciais.

No Brasil, a diversidade cultural é uma realidade. Darcy Ribeiro falava em culturas brasileiras, e não em cultura brasileira, em razão do alto grau de diversidade do país. 

O Brasil é o país da miscigenação. E isso começou com a formação da nossa sociedade. Uma mistura de três grandes matrizes culturais: a indígena, a africana e a europeia, mais concentrada nas pessoas advindas de Portugal.

Portanto, a diversidade cultural é uma marca na formação do Brasil. No contexto da escola, essa temática não pode ficar em segundo plano; afinal a escola se insere nessa realidade. Por outro lado, não tem como explicar a formação histórica do país sem falar em miscigenação.

Essa pauta, no entanto, ainda é muito recente na educação brasileira. Somente  em 2003 é que tivemos a primeira lei que trouxe a obrigatoriedade de lidar com a diversidade e a questão etnico-racial na estrutura curricular.  

Antes disso, a matriz era muito mais centralizada na figura europeia. Portanto, historicamente, as matrizes europeias e africanas ficaram em segundo plano. 

Para ajudar os professores a colocar esse tema em ação no dia a dia da sala de aula, preparamos este Guia com sugestões práticas e em consonância com a BNCC, visando trabalhar a diversidade cultural.

As raízes da diversidade cultural no Brasil

O ponto de partida para trabalhar essa temática em sala é introduzir o tema. Contar a história da formação do povo brasileiro, explicar a miscigenação, e a partir daí convidar os alunos a refletir sobre como, na realidade que eles se inserem, temos influência das três matrizes.

Pelo último Censo realizado no Brasil, em 2010, sabe-se que 0,4% da população brasileira é formada por povos indígenas. São registradas 274 línguas indígenas diferentes, e, além das diferenças relativas à língua, dentre esses povos há diversidade no modo de viver, de se organizar e de pensar. Música, artesanato, costumes, manifestações contemporâneas (o que continuam fazendo hoje). Essas várias etnias continuam vivas e produzindo.

Se formos pensar na matriz africana, hoje, são raras as comunidades quilombolas. Mas, no último Censo, registramos 7,6% de pessoas que se identificam como pretas; e 43,1%, como pardos, alcançando em conjunto um total de 50,7%, portanto, a maioria.

Quando pensamos nos descendentes desses povos, o projeto genoma é um indicador de que todos nós brasileiros carregamos em nosso DNA uma fatia quase que igual de cada um dos três povos que formaram nossa nação.

Do ponto de vista de manifestações culturais, é sabido que há diferentes rastros dessas culturas. Encontramos marcas na língua, com vocabulários que se formaram com base na influência de dialetos. Na moda, na alimentação, na forma como nos organizamos.

Portanto, a informação é uma arma poderosa para os estudantes. Até mesmo para que todos se sintam representados e incluídos no contexto. Desse estudo inicial podem sair diversas atividades práticas.

Atividades para trabalhar a diversidade cultural

Após uma primeira contextualização, a próxima atividade pode ser uma ampla pesquisa sobre hábitos presentes na nossa atualidade que vieram das três matrizes culturais.

Em seguida, pode-se pensar em atividades como:

1- Feiras culturais

Uma forma interessante de trabalhar essas manifestações culturais, aproveitando os elementos visuais e artísticos, e até mesmo incluindo as famílias, diz respeito à promoção de feiras culturais e eventos. Podem-se criar estandes ou mesmo salas explorando heranças de cada uma dessas matrizes.  É viável que essas feitas sejam até conectadas com ações para incentivar também a Educação Empreendedora.

É uma oportunidade de expor trabalhos e de explorar a interdisciplinaridade, convidando toda a escola a se voltar para o tema da diversidade e trabalhar sob diferentes óticas.

2 – Rodas de leitura 

Uma boa pedida é o incentivo da leitura de livros, especialmente os livros infantis que abordam questões como a diversidade e suas marcas. A leitura pode ser feita em sala de aula ou em casa, cabendo ao professor aproveitar o tema para incentivar fichamentos, debates e trabalhos artísticos.

O Flicts, do escritor Ziraldo, trabalha a questão da diversidade racial. É feita uma analogia com o mundo das cores, em um ambiente bastante colorido. Flicts não encontra nenhum par, é a única diferente.

Em Kabá Darebu, de Daniel Munduruku, tem-se a história de um menino indígena, contando um pouco desse universo de forma acessível e cativante para as crianças.

Malala, a Menina Que Queria Ir para a Escola, de autoria de Adriana Carranca, narra a história de uma das mulheres mais influentes da atualidade, Malala Yousafzai, ativista paquistanesa e a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, em 2014. Apesar de ser uma biografia, ele foi escrito de uma forma compressível às crianças.

3 –  Celebrar datas comemorativas

O calendário brasileiro é repleto de datas comemorativas que refletem a luta pela diversidade cultural. Essas datas podem ser aproveitadas para realizar alguma atividade como pesquisas, reflexões, leitura de livros ou mesmo para se assistir a filmes e a documentários disponíveis na internet.

Um exemplo é o dia 20 novembro, Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida por ser aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, o líder do quilombo dos Palmares, o maior e mais duradouro quilombo registrado na história.

O Dia do Índio, celebrado no dia 19 de abril, é uma data que tem como propósito a preservação da cultura e da memória dos povos indígenas.

E, no dia 21 de maio, tem-se o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, data propícia para conversar sobre o respeito e a integridade.

4 – Pesquisas para explorar as diversidades geográficas

Outro ponto que vale a pena trabalhar em sala de aula é o  da diversidade regional. O que pode ser tema de aulas de Geografia, por exemplo.

Na região Norte,  destacam-se os festivais folclóricos e o boi-bumbá, as manifestações religiosas da festa do Círio de Nazaré e danças típicas. No Nordeste, as maiores celebrações são  festas juninas, reisado, frevo, capoeira e cordel.

No Sudeste, o destaque vai para os desfiles de carnaval, a bossa nova, o samba e o funk carioca , incluindo as festas do congado no interior de São Paulo e de Minas Gerais. E no Sudeste, sobressaem a dança das fitas, as festas de Nossa Senhora Navegantes.

É importante salientar que essa diversidade geográfica é resultado dos movimentos de migração das pessoas que formaram nossa nação. Portanto, elas são em maior ou menor medida reflexo da diversidade das matrizes africana, indígena e europeia.

5 – Dinâmicas de integração

As dinâmicas de integração são excelentes modos de introduzir um espírito de união, respeito e empatia nas crianças. É fundamental ensinar que existem diferenças e que todas elas devem ser respeitadas, mostrando que diversidade é sinônimo de comunhão e amizade.

Uma atividade que pode ser desenvolvida é o painel da diversidade, em que os estudantes transmitem seus traços em bonecos de cartolina ou em outro material. Em seguida, todos eles são colados de mãos dadas em um painel, numa representação de que é possível existir união e harmonia entre grupos étnicos e sociais distintos.

As atividades práticas são oportunidades de explorarmos as metodologias ativas, em que o estudante é colocado no centro do processo de aprendizado.

Para saber muito mais sobre o universo da Educação Empreendedora, visite o portal do CER Sebrae, criado para educadores que desejam sempre se inspirar e aprender cada vez mais!da vez mais!

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