Sabemos que as crianças são muito curiosas, especialmente as mais novas. No ambiente escolar, a impressão que temos é de que seria muito fácil criar engajamento na educação infantil. No entanto, essa não é a realidade.
Com a habilidade de se concentrar apenas por um tempo que varia entre 3 e 30 minutos seguidos, aumentando de acordo com a idade, é desafiador fazer com que os pequenos estudantes fiquem atentos o tempo todo, não se distraiam com qualquer coisa e criem conexão com os conteúdos ensinados.
No artigo 7 Ways to Spark Engagement (7 Maneiras de Estimular o Engajamento), do site Edutopia, pertencente à Fundação Educacional George Lucas, a ex-professora e consultora educacional Cheryl Abla fala sobre como os professores podem impulsionar o interesse dos alunos pelas aulas e pelo aprendizado ao adotar medidas simples. Veja neste artigo as 7 ações ensinadas por Abla que podem tornar as suas aulas mais envolventes para os pequenos.
De acordo com a consultora educacional, a chave para criar mais engajamento na educação infantil, bem como em outros níveis de ensino, é estabelecer uma estratégia que envolva um conjunto coordenado de ações simples que vão promover intencionalmente a curiosidade dos alunos – ações que todo professor já utiliza em alguma medida.
Essa curiosidade fará com que os estudantes fortaleçam sua conexão com as aulas, interajam mais uns com os outros e tenham maior disposição de se comprometerem com os objetivos de aprendizagem da classe.
A seguir, confira as sete ações sugeridas por Abla.
De acordo com a autora, os humanos têm uma necessidade compulsiva de descobrir o que será que vai acontecer a seguir, além de adorar resolver quebra-cabeças e encontrar sequências e padrões. Então, os professores podem utilizar mistérios para estimular o engajamento na educação infantil.
Faça perguntas amplas para grupos de três ou quatro alunos, por exemplo, “o que aconteceria se…?”. Depois, deixe-os discutir e apresentar suas hipóteses para a turma, justificando seu pensamento. Com isso, os alunos vão aprendendo também que a conjectura é um bom ponto de partida para o aprendizado.
Fazer perguntas e respostas de forma acelerada não é uma boa tática que possa ajudar a maioria dos alunos. Isso porque cada pessoa processa a informação de maneira diferente, e, especialmente no caso de crianças muito novas, elas podem abandonar a linha de pensamento ou nem tentar pensar em uma resposta ao receber a solução logo de cara, mesmo que essa venha de um colega da mesma idade.
Por isso, faça uma pausa propositada logo após cada pergunta e novamente depois de cada resposta. A segunda pausa fará com que os alunos tenham tempo de reconsiderar a pergunta e refletir sobre a primeira resposta que ouviram.
Um bom recurso para esse momento, já utilizado por professores da educação infantil, é solicitar a todos as respostas ao mesmo tempo. Isso diminui o risco de os estudantes não estarem ativamente envolvidos com o conteúdo.
Na avaliação de Abla, uma ou duas perguntas bem-elaboradas podem levar a uma discussão mais profunda, como aquelas que começam com “e se…” ou “como pode….”. O melhor é fazer perguntas que não tenham uma resposta que não mereça discussão ou crítica (sim ou não) e que não estejam inteiramente baseadas na recuperação de fatos. Não tenha medo de promover uma pequena discussão colaborativa com os pequenos, em uma linguagem acessível a eles e cujo tema seja adequado para a sua faixa etária.
Fazer com que os alunos debatam um tópico é uma boa forma de criar engajamento. Você pode elaborar perguntas do tipo “por que vocês acham que o personagem respondeu dessa forma?” ou “o que vocês acham que aconteceu com o fulano quando essa circunstância ocorreu?”. Assim, os alunos podem expor ideias e pontos de vista.
Pergunte aos alunos qual conhecimento eles têm sobre determinado tópico e, em seguida, indague o que eles “acham que não sabem”. Com isso, eles terão a oportunidade de examinar seu conhecimento e sua capacidade de aprender ainda mais sobre assuntos com os quais talvez já tenham entrado em contato anteriormente. Essa é uma forma de aumentar a curiosidade deles e a disposição de fazer um esforço extra para aprender. A autora chama essa ação de “preencher a lacuna de conhecimento dos estudantes”.
Para Abla, toda vez que um aluno pergunta por que precisa saber isso ou aquilo, ele está apontando para uma tática de ensino promissora. É fundamental que os alunos entendam desde pequenos como o conteúdo é importante para eles a fim de que eles se engajem na aprendizagem.
O trabalho colaborativo leva os alunos a desenvolver habilidades sociais enquanto aprendem. Introduza pequenos trabalhos em grupo na educação infantil, ensinando-os a se ajudarem mutuamente para criar histórias, desenhos e colagens.
O engajamento na educação infantil pode vir de medidas simples e bem-pensadas visando estimular a curiosidade, aspecto muito próprio das crianças. Veja também nosso post sobre a experiência de uma escola da Bahia com um projeto que estimula a autonomia na educação infantil, pelo qual a professora responsável foi vencedora do Prêmio Professores do Brasil 2018.