Entrevista: BNCC e Educação Empreendedora, com Priscila Boy

Blog Entrevista: BNCC e Educação Empreendedora, com Priscila Boy

30/11/2021
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A BNCC tem como objetivo nortear os currículos escolares, dando o direito dos estudantes de terem uma formação completa e voltada também para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais relacionadas aos seus desafios pessoais e profissionais.
As premissas apresentadas pela Base têm ligação direta com a Educação Empreendedora. Para ajudar a entender melhor tal relação e também a importância da implementação da BNCC, convidamos a pedagoga Priscila Boy para uma entrevista.

1 – Como você vê o desafio da implementação da BNCC em meio à diversidade do cenário escolar brasileiro?

A BNCC surge exatamente para aplacar essa diversidade e desigualdade. A gente tem um documento normativo que traz aprendizagens essenciais e transforma essa aprendizagem em direito. Então, a gente tem os direitos de aprendizagem do brasileiro.
A diversidade cultural da localidade pode ser aplacada na hora de elaborar o currículo, porque a Base não é currículo, mas sim uma reguladora de currículos. Ela traz um conjunto de aprendizagens, e você vai transformar tudo isso em currículo.
O desafio de implementar é dialogar com a localidade e com as culturas, mas, uma vez que entender os direitos essenciais do estudante, você vai fazer as adequações de acordo com a realidade dele.

2 – De maneira prática, como a BNCC pode influenciar no desenvolvimento do estudante?

Na medida em que traga aprendizagens essenciais mínimas, a Base pode influenciar o professor porque ele terá de fazer o seu planejamento e os objetivos de aprendizagem pautados naquilo que está no documento.
Então, de maneira prática, a BNCC vai trazer luz ao professor sobre aquilo que ele deve priorizar na organização daquilo que ele vai desenvolver com os estudantes.

3 – Como o professor pode se preparar, como profissional, para essa mudança?

A primeira coisa é que o professor deverá ler o documento. Ele é grande, denso, e o educador tem que se apropriar sobre o que o documento propõe. Não é igual aos PCNs; a proposta não é de conteúdo isolada, é uma proposta de competências e habilidades.
Então, o professor se prepara fazendo formação e participando de programas de capacitação. Se ele tiver recursos, então é possível se aprofundar. Mas, hoje em dia, a internet está cheia de boas lives e conteúdos, e a rede pública está fazendo muitas formações.
O que o professor não pode fazer no momento é sentar e achar que a coordenação e a gestão vão trazer o documento no currículo, cabendo a ele só executar. Ele precisa se preparar estudando, entendendo e, principalmente, abrindo a mente para a mudança.

4 – E como ele pode preparar um Plano de Aula alinhado com a BNCC?

O Plano de Aula mudou, porque antes ele era preparado com base no conteúdo, e agora o professor o prepara valendo-se da habilidade a ser desenvolvida. Assim, em relação ao planejamento, antes a gente partia do início – o que eu quero alcançar, como eu vou fazer isso e como eu vou avaliar.
Agora, a gente parte do fim, da habilidade, que é aonde eu quero chegar e como eu vou percorrer na minha prática o percurso para eu poder alcançar aquilo no final. Então parte da habilidade, elege as evidências que ele vai coletar para ver se houve aprendizagem e depois ele vai avaliar as metodologias e as estratégias que ele vai utilizar para alcançar isso.

5 – Como as novas tecnologias podem ajudar o professor?

De muitas maneiras, as novas tecnologias estão nas Bases como habilidades. A cultura digital é uma competência a ser desenvolvida e envolve não só usar a tecnologia, como também ser produtor.
As tecnologias podem ajudar o professor na medida em que ele não consegue personalizar a aprendizagem, colocando o estudante no centro do processo como protagonista se ele não se valer da tecnologia ou do ensino híbrido.
Ele deve utilizar de várias ferramentas e formas de introduzir a cultura digital, que vão ajudá-lo a desenvolver as habilidades propostas.

6 – Como é possível relacionar a BNCC com a Educação Empreendedora e como esses dois pontos são importantes para as escolas e o estudante?

A BNCC é importante porque ela é a garantia do estudante dos direitos que ele pode exigir da escola, isto é, são os direitos que ele tem de aprender. O que está ali, tem que ter sido trabalhado, então não tem como mais a escola dizer – ‘não vou passar esse conteúdo, isso eu não acredito ou não deu tempo de passar’ – você tem que dar porque tudo está na BNCC.
Sobre a Educação Empreendedora, o diálogo da Base traz uma série de elementos que convergem para a necessidade de trabalhar essa visão empreendedora do estudante.
Os elementos da Educação Empreendedora, como autoconhecimento, planejamento e estratégias para chegar aos objetivos, estão descritos na BNCC como um objetivo de aprendizagem.
O estudante precisa saber quem ele é, precisa trabalhar todo o processo educativo em torno do seu projeto de vida, sendo considerado ‘empreendedorismo’, que é a capacidade de executar e elaborar coisas novas.
Você pode empreender tendo uma empresa ou você pode empreender em ações sociais, tendo uma ONG, um ministério em uma igreja; qualquer coisa que você vai fazer na vida é um empreendimento que exige etapa, foco e clareza sobre quem você é e sobre o seu projeto de vida.
Assim, a relação da Base com a Educação Empreendedora é muito ligada uma na outra, pois tudo que a BNCC propõe sobre seguir um percurso, sobre o aluno influenciar o mundo está ligado à Educação Empreendedora.

7 – Quais são as perspectivas futuras em relação à implementação da BNCC?

O prazo de implantação da BNCC do Ensino Fundamental era 2020, então os currículos já foram entregues e implantados. A pandemia prejudicou um pouco o processo, porque 2020 e 2021 eram os anos de o currículo rodar e corrigir o fluxo, mas todo mundo ficou focado em como oferecer a modalidade remota, e isso gasta energia.
As perspectivas é que agora que a gente está vivendo um momento de arrefecimento desse vírus, todo mundo vacinado, e as aulas presenciais voltando, é que a escola realmente vai se apropriar do documento, da proposta da BNCC, investindo na formação do professor e garantindo os direitos de aprender.
Assim como a Priscila Boy, o CER também acredita na relação da BNCC com a Educação Empreendedora e que todos os estudantes têm o direito de aprender e de ter uma formação completa.
Para aprimorar ainda mais o conhecimento, o CER lançou uma sequência de dez vídeos, em seu canal no YouTube, sobre as principais competências empreendedoras. Vale a pena conferir!
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