A escuta ativa é um conceito que pode e deve permear o dia a dia de todas as pessoas, fora ou dentro do contexto educacional. Você vai entender melhor o porquê neste post. Aqui trazemos a definição do termo e algumas dicas de aplicação nas escolas. Acompanhe!
O que é a escuta ativa?
Escuta ativa nada mais é do que uma forma responsável, educada e eficiente de ouvir e dialogar com outras pessoas, em que o receptor ouve com 100% de dedicação e atenção o que o interlocutor diz, buscando compreendê-lo. Em linhas gerais, é uma técnica de ouvir com real interesse o que o outro tem a dizer, sendo capaz de criar uma conexão nessa troca.
Além de contribuir para relações saudáveis e verdadeiras, a prática pode ser utilizada em momentos mais específicos, como feedbacks, treinamentos, apresentação de propostas ou mesmo na troca entre aluno e professor, como vamos detalhar mais à frente.
Por que o nome?
De acordo com uma matéria publicada pelo jornal O Tempo, a primeira alusão ao significado de escuta ativa foi feita, em 1957, pelos psicólogos Carl Rogers e Richard E. Farson. Depois, o termo foi citado literalmente pelo também psicólogo Thomas Gordon em seu manual “Parent Effectiveness Training” – em português, “Técnicas Eficazes para os Pais”. Não por acaso, nesse material a prática foi mencionada como uma técnica sugerida para pais ou responsáveis ouvirem as necessidades de seus filhos, apoiando-os no processo de educação.
Como utilizá-la na escola?
O principal direcionador da prática de uma escuta ativa no ambiente escolar deve passar pelo processo de aproximação entre o educador e o aluno. Isso pode ser desenvolvido de várias formas e adequado conforme a faixa etária, mas algumas orientações gerais envolvem:
- Dar autonomia e criar espaço para o poder de fala dos estudantes.
- Respeitar o processo dos próprios alunos de criarem desafios para as soluções que surgem no dia a dia.
- Acolher as crianças e os jovens sem julgamentos, legitimando seus sentimentos.
- Dar atenção plena às dúvidas e respeitar o ritmo de aprendizado de cada um.
Tem a ver com a BNCC?
Sim, claro! É importante lembrar que a escuta ativa envolve também o desenvolvimento das competências socioemocionais previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em especial estas:
#5 – Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
#8 – Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
#9 – Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
#FICAADICA: um bom caminho para desenvolver essas competências é se valer da Educação Empreendedora, que permite a formação de pessoas críticas, autônomas e com plena capacidade para viver de maneira harmônica em sociedade.
Palavra de especialista
Em um vídeo em formato de live, publicado no canal Educar para Ser Grande, a jornalista e criadora do projeto Sandhra Cabral convida a educadora e professora universitária Angélica Bertozo para falar sobre a importância da escuta ativa no ambiente escolar. Selecionamos alguns trechos da entrevista da convidada que podem apoiar a aplicação do método em sala de aula. Fizemos pequenas adaptações no texto para facilitar a assimilação do conteúdo, sem comprometer a essência do que foi dito. Confira:
“Quando vamos para a sala de aula, temos que tomar cuidado para não irmos contaminados com opiniões externas. Eu preciso saber que o que vou usar naquela sala não vai ser igual em todas as outras […] Alguns pontos que eu acredito que são muito necessários para a escuta ativa em sala de aula:
- Nos primeiros dias, a escuta deve acontecer, criar vínculo, e esse é o primeiro tópico. A partir disso é que você vai trabalhar o desenvolvimento dos alunos.
- O segundo tópico é a valorização do aluno. Ele sempre traz conhecimento para nós; então não pense que ele é uma página em branco.
- O terceiro é o julgamento: não podemos julgar ninguém, muito menos os alunos. Não julgue a forma como ele foi preparado academicamente, porque cada um tem um ritmo.
- O quarto ponto é a postura comportamental. Para desenvolver a escuta ativa, você tem que saber ler a pessoa antes que ela verbalize – o jeito que entra em sala de aula, que senta, que manuseia o lápis ou a caneta ou mesmo como mexe no celular.
- O quinto é um olhar afetivo: ele aproxima os alunos, porque muitas vezes eles veem o professor como uma ameaça.
- O sexto é a escuta com o coração. Na maioria das vezes, o aluno não expõe de forma explícita o que ele precisa. Se for uma criança, por exemplo, você pode sentir isso por meio de desenhos ou músicas.”
Quais os benefícios?
As vantagens de praticar uma escuta ativa são várias – e em qualquer âmbito da vida, desde o familiar ao profissional. Aqui, especificamente, listamos os benefícios da técnica em um ambiente educacional:
- Propicia que o estudante aprenda, a partir do exemplo, a escutar o outro.
- Aumenta o sentimento de confiança.
- Promove a autorreflexão.
- Melhora a qualidade da relação entre aluno e professor.
- Permite que as demandas sejam transmitidas de maneira mais clara.
- Faz com que as dúvidas sejam esclarecidas com mais facilidade.
- Possibilita que o processo de ensino-aprendizagem flua melhor.
- Promove o aumento do sentimento de valorização entre os envolvidos.
- Resulta em maior transparência no diálogo e menos possibilidade de ruídos.
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