Como deve ser o ambiente de aprendizagem e o espaço de aprendizagem

Blog Como deve ser o ambiente de aprendizagem e o espaço de aprendizagem

09/09/2023
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Você já ouviu falar em espaço de aprendizagem? Sabe qual é a diferença, nesse caso, de espaço e ambiente? Acompanhe este post e descubra a resposta a essa questão e outras relativas ao assunto!

Espaço de aprendizagem vs. Ambiente de aprendizagem

Antes de trazer as definições, fica a recomendação: quem passa por esse tema de maneira ampla e com base em perspectivas que consideram toda a composição de uma escola – materialidade, história, cultura e sujeitos – é o professor e autor Agustín Escolano, no livro “A escola como cultura: experiência, memória“. Vale a leitura!

De forma resumida, podemos dizer que o espaço de aprendizagem se refere aos espaços físicos, uma dimensão física, uma extensão com ou sem limite – que contempla a sala de aula e os demais espaços –, em que é possível praticar a aprendizagem; ou seja, um espaço em que se dá o processo de aprendizagem. Ambiente de aprendizagem, por sua vez, é um termo mais abrangente, que diz respeito à ambientação em si; engloba tudo o que está inserido no espaço. Isso passa tanto pela organização do espaço físico como pelas possibilidades não palpáveis, como a construção das relações, o diálogo entre estudante e professor e entre os próprios colegas, os sentimentos provocados, e por aí vai. 

Para exemplificar, suponhamos que você, educador, tenha disponível uma sala de aula para conduzir o processo de aprendizagem. Ainda que esse seja o único lugar (espaço de aprendizagem) no qual você pode atuar, o ambiente de aprendizagem pode ser aprimorado de inúmeras maneiras. 

Como o ambiente de aprendizagem ou o espaço de aprendizagem se relacionam com a inovação e com a Educação Empreendedora

“A escola como instância de socialização e transmissão de conhecimentos culturais é responsável pelo processo de formação dos estudantes e deve disponibilizar espaços interativos de forma que a educação seja significativa para todos os atores envolvidos. Segundo Maturana (1993), educar é configurar um espaço de convivência desejável para o outro, de forma que, juntos, possamos fluir no conviver de certa maneira particular – escolha que depende menos da política do que de uma opção cultural.”

Fonte: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/mKD5LYmJVG5Sx5FBjVytY3w/?format=pdf&lang=pt

O trecho acima foi retirado do artigo publicado na SciELO, “Os ambientes de aprendizagem possibilitando transformações no ensinar e no aprender“, das autoras Vanda Leci Bueno Gautério e Sheyla Costa Rodrigues. Na publicação, elas compartilham o estudo que fizeram sobre o modo como se ensina e se aprende, valendo-se  da perspectiva dos estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental, em uma escola da rede pública que articula a prática pedagógica em ambientes de aprendizagem.

Essa passagem diz muito sobre como a maneira de se trabalhar o espaço de aprendizagem interfere no resultado do ensino. E é exatamente aqui que entra a educação inovadora: o simples fato de reorganizar o espaço pode potencializar a construção de um ambiente de aprendizagem mais interativo, e é o que abre portas para trazer a inovação; a mudança na disposição, aliás, também já é uma forma de inovar. 

Também é possível pensar na inovação ao trabalhar em  outros espaços de aprendizagem, uma vez que a mudança é favorável para trabalhar e desenvolver múltiplas inteligências. Entre as alternativas, estão bibliotecas, praças, pátios e até outras salas dentro da própria escola.

O professor português António Nóvoa, em uma aula magna da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), alertou para a necessidade de novos ambientes educativos. Segundo ele, o jeito tradicional das instituições escolares não favorece conceitos valiosos como a autonomia, a diferenciação pedagógica, a cooperação e a comunicação entre alunos, pesquisa, criação. “Não há como promover a autonomia com crianças sentadas todas da mesma maneira, de costas umas pras outras; não é possível promover a diferenciação pedagógica quando tudo naquele espaço é feito para uniformizar, para normalizar – normalizar o espaço, normalizar o tempo, normalizar o currículo, normalizar o método.”

Uma ótima inspiração pode ser as diversas possibilidades fomentadas por Tião Rocha, antropólogo, folclorista e criador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD). Em uma entrevista ao Itaú Social, ele compartilha sua experiência de letramento no CPCD. “Nós sempre trabalhamos ao ar livre. Começamos com uma escola debaixo do pé de manga, depois passamos a educar por meio da brincadeira. Depois nos perguntamos de quantas maneiras diferentes posso educar uma criança. Fomos construindo um repertório que virou a pedagogia da roda, do abraço, do brinquedo, do sabão…”, revela. 

Assim, se um dos propósitos da educação é dar aos nossos jovens uma formação que ultrapasse a apreensão de conteúdos acadêmicos e tenha como premissa a formação integral do ser humano, pensar em como o espaço de aprendizagem está organizado e utilizá-lo como mais uma ferramenta para envolver o estudante nesse processo contribui para essa formação integral.

Convergente com esse pensamento, está o que foi expresso pelo sociólogo Zygmunt Bauman no livro “Sobre Educação e Juventude“: 

“O único propósito invariável da educação era, é e continuará a ser, a preparação desses jovens para a vida segundo as realidades que tenderão a enfrentar. Para estarem preparados, eles precisam da instrução: ‘conhecimento prático, concreto e imediatamente aplicável’, para usar a expressão de Tullio de Mauro. E, para ser ‘prático’, o ensino de qualidade precisa provocar e propagar a abertura, não a oclusão mental.”

Pensar em espaço de aprendizagem é pensar também na importância de um ambiente de aprendizagem vinculado à educação afetiva. Um ambiente de aprendizagem que desenvolve a educação efetiva torna-se palco para uma educação inovadora, que corrobora com os princípios da Educação Empreendedora. Isso porque um ambiente saudável de relação pressupõe confiança entre os pares, trocas pautadas pelo respeito e pela compreensão dos limites e da potencialidade do outro; essas habilidades, assim como as citadas por Nóvoa, relacionam-se diretamente com a Educação Empreendedora, uma vez que uma de suas bases é o desenvolvimento das competências socioemocionais dos estudantes, o que inclui a inteligência intra e interpessoal.

5 dicas para melhorar o seu espaço de aprendizagem 

Organização como prioridade

Um ambiente desorganizado contribui para a desorganização da aula e das relações. Sempre avalie se as carteiras estão dispostas de forma adequada para a atividade ou a aula a ser dada, se o chão está limpo, se a lousa está apagada (sem matéria de outro professor). 

Ambiente e espaço de aprendizagem planejado previamente

Uma boa dica é pensar nas possibilidades já no planejamento da aula, sempre se pautando pela intencionalidade pedagógica, uma vez que o espaço de aprendizagem tem uma intencionalidade por si só – ora carteiras enfileiradas são necessárias, ora não, por exemplo. 

Ao propor o planejamento, então, considere se é necessário ou possível fazer a aula em outro lugar – biblioteca, parque, praça, pátio, outra sala, etc.; ou, ainda, caso seja feita na própria sala de aula, vale planejar a maneira ideal de organizar o espaço, dispor as carteiras, etc. 

Utilize o espaço de aprendizagem como ferramenta para desenvolver a autonomia

Esse é um bom caminho para trabalhar com estudantes do Ensino Fundamental II, pensando em prepará-los para o Ensino Médio. Que tal pensar em uma atividade em que os próprios estudantes, em conjunto, organizam uma rotina de estudos? Eles podem desenhar ou ilustrar essa rotina por meio de um esquema visual, ou mesmo tabelas, e colar na parede da sala. Além de enriquecer o espaço de aprendizagem, a autonomia é desenvolvida por colocá-los como responsáveis pela própria organização. 

Proponha intervenções feitas pelos próprios estudantes

Veja uma boa ideia para o Ensino Médio (que trabalha o senso de pertencimento): sugerir aos estudantes que decorem o espaço de aprendizagem de um jeito que fique a cara deles; uma opção seria, por exemplo, pintar a parede com uma imagem que represente toda a turma. 

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