Com as milhares de possibilidades que as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) trouxeram, veio também a responsabilidade de utilizá-las de forma responsável. Mas, e então, é realmente possível aliar Inteligência Artificial e Ética? Como? Há uma maneira ideal de compartilhar isso com os estudantes? Respondemos a essas e a outras perguntas neste post. Acompanhe!
Antes de entrarmos no tema do post, trazemos a reflexão sobre a pergunta que muita gente se faz: a IA vai substituir a minha profissão?
Quem deu uma aula sobre o tema foi Martha Gabriel – professora de Inteligência Artificial da PUC-SP e autora dos best-sellers Marketing na Era Digital“, “Educar: A (R)Evolução Digital na Educação” e “Você, Eu e os Robôs” – em seu Talk Show ‘Aprender para Ser‘, do ConecteCER 2023. Ela fala sobre como a IA, mais do que uma aliada do aprendizado, pode ser uma propulsora para o desenvolvimento de novos conhecimentos. Confira alguns trechos da palestra:
Tem que existir um equilíbrio entre a máquina e o humano, até para o futuro ser sustentável. Para isso, a gente tem que ter uma relação simbiótica com a máquina, ou seja: aquilo que ela faz melhor, deixamos que ela faça (e ela tem evoluído no decorrer do tempo); e aquilo que ela não faz, fazemos nós.
Se olharmos para os humanos e para a tecnologia ao longo da história, entendemos que a gente sempre formou um sistema inteligente. Até recentemente, as tecnologias que vinham substituindo atividades (atividades, não humanos) eram mecânicas e, agora, a IA entra no grau cognitivo, no grau criativo. A preocupação é essa. Mas a natureza da IA é diferente da natureza da inteligência humana. […]
Futuramente, todos nós seremos engenheiros de prompts. Temos que ter uma formação sólida por trás para ter repertório o suficiente com o intuito de criar corretamente o prompt. É preciso saber perguntar, o que perguntar, como perguntar. Eu acredito que, quando a tecnologia faz os processos que antes nós fazíamos, ela nos empurra para fazer coisas mais complexas, coisas que nós, humanos, somos melhores para fazer.
A IA não vai substituir o educador. Quando estamos falando das habilidades humanas e das habilidades de máquina, entendemos que ela vai substituir a ‘força bruta’ daquilo que fazemos. Eu sou professora também, e a gente faz um tanto de coisa que é ‘braçal’, operacional. Se eu tiver muito mais insights para dar uma aula, por exemplo, eu dou uma aula muito melhor – e isso é possível a partir da IA. Tem N coisas que ele [o ChatGPT] pode sugerir; [enquanto professor], o seu potencial de acessar informação, de preparar a aula e de avaliar [os estudantes] aumenta consideravelmente, assim é possível focar na tutoria. O educador passa a ser uma interface, e não mais um conteudista ou mero ‘passador de informação’. E, como interface, o papel do docente é olhar para cada estudante que tá se formando e entender o que ele precisa para se tornar um ser humano integral, completo, ético.”
As palavras da professora nos mostram que a IA não poderá substituir a profissão do educador, porque as habilidades que essa atuação demanda só podem ser trabalhadas por um ser humano – que tem empatia e capacidade de resolver conflitos e perceber outras complexidades nas relações. Apesar disso, a IA é mais uma das revoluções tecnológicas que vieram para ficar – e, por isso, é providencial pensar como o cenário da educação vai lidar com esta novidade.
>> Clique aqui e assista ao Talk Show completo
Não é mais uma previsão, estamos vivenciando isso agora: a Inteligência Artificial já chegou e já está sendo usada para os mais diversos fins. Na educação, não é diferente. E como um profissional que faz a interface, a tutoria, como Martha Gabriel lembrou, qual é o papel do professor nessa orientação para o estudante: garantir que os estudantes aprendam combinar Inteligência Artificial e Ética.
Isso passa, em especial, por proteger a privacidade dos indivíduos, garantir a segurança e a transparência do uso e, sobretudo, assegurar que não haverá a reprodução de vieses (que a Inteligência Artificial “aprendeu” inevitavelmente com base na coleta de um volume gigantesco de dados).
Não é possível falar de Inteligência Artificial e Ética sem considerar o viés algorítmico. Isso porque, como mencionamos, os sistemas de IAs são treinados a partir de grandes conjuntos de dados. Esses dados podem trazer reflexos de preconceitos e discriminações que existem na sociedade. Se algum dado, por exemplo, tiver um viés racial, pode ser que a ferramenta reproduza esse viés.
Na mesma lógica, existe um viés de dados: será que a Inteligência Artificial está aprendendo valendo-se de dados certos? Esses dados são realmente confiáveis e foram corretamente apurados? Nesse sentido, há a chance de a IA espalhar desinformação e opiniões manipuladas.
Ao professor cabe o papel de ensinar os estudantes a utilizarem IA com preceitos éticos e olhar crítico. A proposta é garantir que eles compreendam os impactos das ações e das escolhas que podem fazer ao recorrer à IA – e também como analisar os impactos sociais do uso das IAs, desvinculado de uma atitude ética.
As avaliações e os ajustes constantes das ferramentas de IA e a colaboração entre a inteligência humana e a Inteligência Artificial são fundamentais para que, ao longo do tempo, esses vieses percam a força. Ainda assim, é primordial falar sobre tais questões com os estudantes a alertá-los para um uso responsável da ferramenta.
Abaixo, veja algumas dicas de como fazer isso. Vale lembrar que todas elas partem de premissas aplicadas na Educação Empreendedora – e se aprofundar na abordagem pode ser um diferencial para a experiência da aprendizagem.
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