Inteligência emocional: porque ela faz toda a diferença na educação empreendedora

Blog Inteligência emocional: porque ela faz toda a diferença na educação empreendedora

05/05/2020
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Com as transformações pelas quais o mercado de trabalho – e consequentemente a educação – tem passado, as soft skills ganham cada vez mais importância como ferramentas para garantir ao indivíduo habilidades que somente o conhecimento cognitivo não é capaz de suprir. Uma dessas habilidades é a inteligência emocional, conceito da psicologia que trabalha a habilidade de interagir e conhecer as próprias emoções e as dos outros e, a partir daí, gerir e lidar com esses sentimentos de forma positiva e sensata.

No livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, escrito em 1995, o autor cita um trecho dito por Shoshona Zuboff, psicóloga da Escola de Comércio de Harvard, que destacava exatamente a importância que essa habilidade teria no futuro: “Houve um longo período de dominação administrativa na hierarquia empresarial, quando se premiava o chefe manipulador, combatente da selva. Mas essa hierarquia rígida começou a desmoronar na década de 1980, sob as pressões gêmeas da globalização e da tecnologia de informação. O combatente da selva hoje simboliza o que as empresas eram ontem. O virtuose em aptidões interpessoais é o que as empresas serão amanhã”.

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela D’hire, empresa de recrutamento, a inteligência emocional é a característica mais valorizada pelos recrutadores no momento de uma entrevista de emprego. Quer saber mais da inteligência emocional e de sua importância para a Educação Empreendedora? Confira no post a seguir.

A teoria da inteligência emocional

O conceito de inteligência emocional começou a se expandir justamente em 1995, por meio do já citado Daniel Goleman, psicólogo, jornalista, escritor e autor do best-seller Inteligência Emocional. Goleman aborda questões científicas que explicam a emoção como ferramenta fundamental no controle dos próprios sentimentos para consequentemente ter melhores respostas em momentos essenciais e desafiadores.

O QI e a inteligência emocional não são capacidades opostas, mas diferentes. Ter alto QI não garante que a pessoa seja inteligente emocionalmente, uma vez que são duas coisas distintas e não relacionadas diretamente. Para Goleman, o foco dos ambientes educacionais no quociente de inteligência é um erro. “Nossas escolas e cultura concentram-se na capacidade acadêmica, ignorando a inteligência emocional, um conjunto de traços alguns chamariam de caráter, que também tem imensa importância para nosso destino pessoal”.

Quem também pensa dessa maneira é Bill Gates, fundador da Microsoft, maior empresa de software do mundo. Em algumas entrevistas concedidas, ele já afirmou que era bom aluno na escola, mas não excepcional. Ele, porém, soube usar aquilo que a maioria de seus colegas não tinham, já que as escolas não ensinavam, a saber: a inteligência emocional.

Os pilares da inteligência emocional

A emoção é um componente básico do ser humano. Ela ajuda a nos proteger, mas muitas vezes pode se tornar um desafio, quando não sabemos exatamente a melhor forma de agir em momentos específicos. A inteligência emocional ajuda justamente a entender esses sentimentos. E, para colocá-la em prática, existem cinco pilares fundamentais, de acordo com os estudos de Daniel Goleman.

1 Autoconhecimento

Conhecer-se é o primeiro passo para construir a inteligência emocional. Para que isso ocorra, conhecer as próprias emoções é essencial. Ter autoconsciência é saber exatamente quais são suas emoções e quando elas estão à flor da pele.

Isso vai permitir entender o que está acontecendo consigo mesmo para, assim, poder gerir sentimentos como raiva, tristeza, ansiedade e outras emoções .

2 Gestão das emoções (autocontrole)

A todo momento, passamos por situações desafiadoras e estressantes que causam diversas emoções, como tristeza, medo e ansiedade. Aprender a lidar com esses sentimentos e controlá-los é um passo importante para ter equilíbrio mental e solucionar os problemas de forma pacífica.

Gerir as emoções é lidar com os próprios sentimentos e adequá-los a cada situação vivida, não deixando ser controlado pelas próprias emoções. Por exemplo, quando estamos com raiva, sabemos o que vai contribuir para piorar esse estado e o que pode ajudar, afinal, já passamos pelo processo de autoconhecimento.

3 Empatia

Além de identificar, conhecer e lidar com as próprias emoções, é necessário fazer isso com o outro. Colocar-se no lugar do outro, praticando a empatia, faz com que sejamos mais abertos a resolver problemas.

Lidar com a própria raiva e tristeza é diferente de saber lidar com as emoções de outra pessoa. Não é possível controlar, mas se pode gerir o impacto desses sentimentos em nós mesmos. Uma pessoa inteligente emocionalmente sabe exatamente como agir nesses casos: é necessário ter paciência e empatia para entender as causas daquela reação e conseguir ajudar.

4 Automotivação

A automotivação é um ponto importante para ter saúde mental e capacidade de lidar com as próprias emoções. E ter inteligência emocional também é saber se automotivar. É sentir-se com ferramentas suficientes para descobrir meios de conquistar as metas estipuladas.

Quando se sabe controlar as emoções, a automotivação se torna natural, e a busca por objetivos fica mais fácil.

5 Sociabilidade

A inteligência emocional é fundamental para ter boa relação interpessoal. Seguindo os pilares, a interação, a compreensão, a liderança e a motivação são desenvolvidas e ajudam na sociabilidade e na capacidade de resolver problemas em diferentes situações.

Sempre precisaremos do outro. Tornar essa relação mais saudável é importante para criar um ambiente positivo e ter mais qualidade de vida.

Inteligência emocional na Educação Empreendedora

A Educação Empreendedora tem como um de seus princípios inspirar a vontade de aprender e de tirar as ideias do papel, seja colocando em prática projetos de vida, seja  profissionais dos alunos. Ela desenvolve jovens para se tornarem empreendedores, ou seja, pessoas que saibam lidar com as adversidades e superar as dificuldades.

Por isso, a inteligência emocional e a Educação Empreendedora andam lado a lado. Ter autoconhecimento, saber gerir as emoções, desenvolver a empatia, ser autoconfiante e sociável são características fundamentais em um bom empreendedor.

Além disso, a inteligência emocional é fundamental para qualquer liderança. De acordo com dados apresentados pela consultoria de recrutamento Michael Page, 8 em cada 10 pessoas pedem demissão por causa do chefe e não em razão do local de trabalho. Isso mostra que não ser um bom líder influencia diretamente na empresa e faz com que haja perda de profissionais importantes para o negócio.

Por isso, visando formar grandes líderes e profissionais para o mercado de trabalho, é necessário que, desde cedo, os pilares da inteligência emocional sejam trabalhados em sala de aula, com atividades que estimulem a inteligência emocional. Mas como colocar isso em prática?

A inteligência emocional na sala de aula

Deliberar sobre as emoções, identificar as causas, resolver conflitos interpessoais e incentivar a escrita sobre o assunto são alguns passos para ensinar crianças e jovens a dominar os sentimentos. Segundo Goleman, a escola americana New Haven adota, desde a década passada, lições básicas para que se tenha mais autoconsciência e processo de decisão. Durante as primeiras séries, os alunos trabalham com o “cubo dos sentimentos”. Em um círculo, os jovens passam o cubo um para o outro e, quando chega a sua vez, é necessário descrever um momento que se passou com aquele exato sentimento. Todos têm de ouvir atentamente e colocar em prática a empatia com o colega. Nas séries mais avançadas, quando a relação interpessoal fica mais intensa, eles têm exercícios que estimulam a amizade, a empatia e o controle de impulso.

A técnica do semáforo, adotada na escola americana Troup, também é uma forma de estimular a inteligência emocional. A cor vermelha significa parar, ou seja, é o momento de fazer uma pausa, acalmar-se, pensar antes de agir. A meditação é uma boa dica para quem busca esse autoconhecimento.

A cor amarela pede atenção. É a hora de entender qual é o problema e refletir sobre ele. Projetar soluções, transformar situações, pensando nas possíveis consequências. Já o verde, como sabemos, é o ‘siga’. Depois de identificar, conhecer e refletir, é possível tomar uma atitude, de forma positiva, e que leve em consideração também o outro, quando for necessário.

Trabalhando esses pilares e ressaltando a importância deles para a vida dos jovens, vamos ter, no futuro, pessoas mais inteligentes emocionalmente, que vão adquirir autonomia, protagonismo e proatividade. Não podemos esquecer que também serão desenvolvidos jovens mais empáticos, com capacidade de se colocarem no lugar do outro e com facilidade para resolver problemas rapidamente.

Agora que você aprendeu um pouco mais de inteligência emocional e empreendedorismo, que tal entender melhor como o bullying, problema enfrentado em grande parte das escolas, pode ser combatido por meio das competências socioemocionais?

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