O que as crianças aprendem quando têm liberdade de escolha?

Blog O que as crianças aprendem quando têm liberdade de escolha?

05/04/2021
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Conforme o desenvolvimento social e tecnológico avança, a área da Educação avança em conjunto. Novas ferramentas e abordagens surgem e, com base nelas, começamos a perceber cada vez mais a importância da liberdade de escolha na educação das crianças.
A liberdade de escolha consiste em incentivar a autonomia dos estudantes, dar a opção de eles escolherem quais atividades querem ou não praticar, quais as melhores formas de buscar o conhecimento ou a solução de problemas. Claro, tudo de acordo com o desenvolvimento gradual da percepção do poder sobre as próprias decisões e a reflexão de suas consequências.
A construção da liberdade de escolha, de forma responsável, é um processo que alia recursos educacionais e familiares. É algo que transpassa os limites da vivência escolar, podendo ajudar a criar relações firmes e saudáveis entre a criança, o ambiente onde ela vive e as pessoas com as quais ela interage.
Na instituição de ensino, os professores têm papel fundamental nesse processo, ao aplicarem atividades e dinâmicas que proporcionem o desenvolvimento dessa abordagem – sempre respeitando os devidos recortes, como a maturidade, a capacidade, o ritmo e a evolução dos estudantes.

Como desenvolver a liberdade de escolha na educação infantil?

Além do respaldo pedagógico no ambiente escolar, os professores devem contar com estratégias, linguagens e formatos diversificados. São mecanismos que podem atender às necessidades e às peculiaridades de aprendizado de cada estudante.
É possível estimular esse processo por meio de atividades lúdicas ou práticas que incentivem a criança a realizar pequenas tarefas. Solicitar ao professor a autorização para levar aos colegas o material das aulas das quais não participaram, ajudar a organizar brincadeiras e a criar grupos para fazer trabalhos são alguns exemplos.
É necessário provocar o interesse visando gerar a interação dos estudantes, pois, segundo pesquisas sobre o tema, a curiosidade é o grande elemento causador do engajamento, seja nos estudos, seja em outra área.
As atividades devem gerar uma motivação intrínseca, ou melhor, aquela que vem do próprio indivíduo. Dessa forma, ela não depende de razões externas, como, por exemplo, da nota de uma prova ou de uma recompensa por atividade completa para estimular o estudante.
Os professores devem mostrar durante a atividade ser necessário observar os possíveis caminhos a fim de fazer a melhor escolha. Dadas as opções, é também preciso que os estudantes sejam orientados a refletir sobre as consequências que cada uma de suas opções pode gerar.

o professor no desenvolvimento da liberdade de escolha

O educador deve ser um guia. É com ele que se pode dar os primeiros passos para o entendimento do que é e sobre o que pode proporcionar a liberdade de escolha.
Após definir a atividade, o professor deve comunicar o que espera dos estudantes, descrevendo claramente as regras, a fim de organizar o processo e também delimitar a experiência para que as crianças entendam aos poucos como desenvolver o processo.
Os professores também devem fornecer ferramentas aos estudantes – tanto recursos lógicos quanto materiais– e estar disponíveis para responder a dúvidas e auxiliá-los. Essa é uma forma de demonstrar confiança na tomada de decisão dos estudantes.
Sabendo quais são os recursos e as possibilidades disponíveis, o aluno vai, aos poucos, se organizando e aprendendo a lidar com a liberdade de escolha na prática.
O estímulo à autonomia dá uma nova roupagem ao aprendizado e o torna um processo mais fácil e dinâmico.

O que os estudantes aprendem quando têm liberdade de escolha?

Em suma, a resposta é bem simples: habilidades necessárias para a vida e a socialização do indivíduo, dentro e fora da sala de aula.
O estímulo à autonomia traz como resultado o desenvolvimento do senso de responsabilidade, autoconfiança, colaboração – o entendimento de que suas ações impactam o grupo, não apenas elas mesmas – e melhora a capacidade de expressão de suas ideias.
Além disso, o que é desenvolvido no ambiente controlado de uma sala de aula – ainda mais em estudantes tão jovens – pode permear a vida deles como um todo e criar uma convivência saudável, em que se entende a necessidade de desempenhar o próprio papel para o sucesso das atividades.

Liberdade de escolha na prática

A abordagem educacional que auxilia na autonomia do estudante ainda é pouco aplicada na educação infantil, porém tem resultados satisfatórios.
Um breve exemplo de educação infantil com liberdade de escolha e cooperação entre os estudantes pode ser dado por meio de uma escola infantil da Bahia, onde uma professora coordenou um projeto no qual as crianças da pré-escola ficaram responsáveis pelo gerenciamento da cantina.
Por esse projeto, obteve-se grande participação das crianças na dinâmica da cantina, onde elas contribuíram com sugestões para melhorar aquele ambiente. Foi também o momento em que os estudantes foram capazes de desenvolver autoconfiança para agir e expressar suas ideias com mais segurança e firmeza.
Além disso, o processo de colaboração foi natural em razão da possibilidade de escolher onde atuar. Isso torna a experiência mais confortável e divertida.

Possibilidades

Pesquisas demonstram que crianças gostam de ter liberdade de escolher entre possibilidades dispostas para si. Afinal, quem não gosta? E cabe aos educadores, dentro do ambiente escolar, apontar o caminho utilizando os métodos corretos.
Cada aluno lida melhor com determinados “estilos de aprendizagem”. É algo particular, e o estímulo à liberdade de escolha pode ajudar o estudante a encontrar o método que mais se encaixa com ele. Se desenvolvida de forma responsável e cuidadosa, a autonomia pode facilitar a aprendizagem na escola e também no âmbito social.
Quando o interesse é despertado na criança, a liberdade de escolha estimula a busca por conhecimento, além do básico proposto no ambiente escolar, mesmo sem adultos por perto para incentivar. Experimentos do cientista da Educação Suga Mitra retratam exatamente esse cenário.
Portanto, com a orientação correta para o desenvolvimento da autonomia e de tudo o que ela pode proporcionar, as crianças são capazes de compreender as escolhas e suas consequências, desenvolver autoconfiança, autoestima e poder de decisão, que certamente proporcionam melhor aprendizado e uma relação mais saudável com os ambientes escolar e familiar.
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