Você já começou a ler um livro e sua imaginação o levou para longe? E, mesmo depois de um tempo de leitura, você teve a sensação de que não reteve o conteúdo? A Pirâmide de Aprendizagem de Willian Glasser pode nos ajudar a entender o porquê.
William Glasser (1925-2013) foi um estudioso da área de Psicologia e de Educação, que, com base na Teoria da Escolha, elaborou a Pirâmide de Aprendizagem. Trata-se de um método pelo qual aprendemos e retemos mais o conteúdo à medida que assumimos uma postura mais ativa.
A pirâmide evidencia uma relação direta entre o aumento do nível de retenção do conteúdo e o de envolvimento dos estudantes. Observe que há uma elevação do grau de participação do estudante a cada etapa, isto é, quanto mais ativa a postura do estudante, maior a taxa de aprendizagem.
Para saber como essa metodologia pode contribuir para o seu planejamento didático e entender como aplicar na prática, leia este texto até o final.
A jornada de formação do William Glasser é bastante curiosa! Ele iniciou sua formação acadêmica na área de Engenharia Química e mais tarde acabou se voltando para as áreas de Psicologia, Psiquiatria e estudos.
Em seus estudos, ele desenvolveu a Teoria da Escolha – que trata da importância da autonomia do estudante no processo de aprendizagem. Para essa vertente, é necessário que o ser humano assuma o controle das suas ações.
O ser humano, segundo William Glasser, pode ser entendido como um aprendiz nato, de modo que o processo de aprendizado é de dentro para fora. Ele ressalta a disposição das pessoas em querer aprender, e isso diz respeito a uma escolha.
Assim, quanto mais ativa e mais centrada no estudante for a metodologia, maior será a capacidade de aprendizado.
“A boa educação é aquela em que o professor pede para que seus alunos pensem e se dediquem a promover um diálogo para promover a compreensão e o crescimento dos estudantes” (William Glasser)
Esse processo de assimilação de conteúdo de dentro para fora, portanto, será diferente em cada pessoa. O perfil de cada estudante vai impactar o processo de retenção do conteúdo, algo que se aproxima do conceito de aprendizagem adaptativa.
A Pirâmide de Aprendizagem é um modelo hierárquico das formas de retenção do conteúdo, apresentado graficamente.
No topo da pirâmide, estão os métodos mais passivos – começando pela leitura –, e, à medida que nos aproximamos da base, temos os mais ativos, como ensinar os outros.
Originalmente, a pirâmide atribui uma percentagem para cada método. Alguns autores fazem ressalvas de que não existe uma pesquisa científica que embasou esse percentual ou que não há comprovação desses números.
Sugere-se uma leitura interpretativa desses valores e da graduação – pode-se pensar se a participação é menor ou maior em determinada atividade e se é possível aplicar mais metodologias ativas.
No entanto, não significa que a leitura, um dos métodos mais passivos, ou a escuta e a observação devam ser excluídas do processo de aprendizado. Todas as formas de aprendizagem devem ser utilizadas.
Vale ressaltar que a leitura pode ficar mais ativa – com o uso de marcações, resumos, mapas mentais. É possível incentivar uma postura mais ativa perante o processo de estudo até mesmo na leitura.
O mesmo vale para a escuta, já que é possível realizar anotações, resumos e questionamentos. A observação também pode ser transformada em conteúdo para a elaboração de textos.
Portanto, uma reflexão que pode ser feita é: como eu posso aumentar o grau de participação do estudante nessa tarefa? Existe alguma forma de tornar a participação do estudante mais ativa?
E em relação aos estudantes: como eu posso me envolver mais com essa atividade? Como ser mais protagonista do meu processo de aprendizagem?
A pirâmide nos convida a incentivar o protagonismo do estudante e a usar as metodologias ativas.
Algumas práticas podem ser incentivadas, como:
São muitas as possibilidades visando incentivar uma postura mais ativa dos estudantes.
O professor deve assumir o papel de guia do conhecimento, e não de único detentor ou fonte de conhecimento.
Separamos duas práticas para detalhar um pouco mais:
Todo projeto tem um início, meio, fim e um objeto de estudo. Portanto, é necessário escolher esse objetivo, que pode se vincular a alguma disciplina ou a alguma finalidade – como social, cultural, filantrópica.
O estudante é convidado a se aprofundar na pesquisa do tema, cabendo ao professor indicar métodos de pesquisa e fontes seguras. É responsabilidade também do educador ensinar como distinguir fontes críveis para que o estudante desenvolva mais autonomia e senso crítico.
Em linhas gerais, o estudante terá que responder a uma pergunta motivadora, propondo uma solução, e apresentá-la ao restante da sala.
Na Sala de Aula Invertida, a metodologia ativa também é valorizada. O estudante deve ter contato com o conteúdo de forma autônoma, antes da explicação do professor.
Assim, o aluno, em sala ou em casa, pode acessar algum conteúdo formativo na internet, assistir a algum vídeo, escutar um podcast ou mesmo estudar o próprio material didático.
Provavelmente, desse processo podem surgir dúvidas e curiosidades. A partir disso, o professor pode optar por separar um momento para debater com os estudantes e depois partir para a exposição do conteúdo.
Acesse o infográfico sobre metodologias ativas para se inspirar em mais práticas alinhadas à Pirâmide de Aprendizagem.