Práticas educativas inovadoras: como engajar e acolher estudantes

Blog Práticas educativas inovadoras: como engajar e acolher estudantes

24/11/2023
Compartilhe este conteúdo

Você tem ideia de tudo que acontece na internet a cada minuto? Já deve imaginar que é muita coisa, né? Mas os dados chegam a ser assustadores; e, claro, não há como desvinculá-los das práticas educativas. 

Veja bem: a cada 60 segundos na internet, 16 milhões de mensagens de texto são enviadas, 5,9 milhões de pessoas fazem buscas no Google, mais de 231,4 milhões de e-mails são trocados, 66 mil fotos são compartilhadas no Instagram, 443 mil dólares são gastos por usuários na Amazon (o equivalente a mais de 2 milhões de reais!), 500 horas de vídeo são assistidas no YouTube, 347,3 mil publicações são compartilhadas no Twitter. 

Só enquanto você lia esse primeiro parágrafo, pelo menos metade das estatísticas já aconteceu — muita coisa, não é? Esses dados são da edição de 2022 do infográfico Data Never Sleeps (em tradução livre, Dados não dormem nunca) da Domo, empresa especializada em computação na nuvem. 

E isso nos leva ao que você já presume e percebe no dia a dia enquanto professor: em um mundo que se transforma constantemente, a educação, os membros de uma comunidade escolar, as práticas educativas e o processo de aprendizagem não ficam ilesos. E é sobre isso que vamos abordar neste post: como adotar práticas educativas inovadoras, que acompanham todas essas mudanças, para engajar e acolher estudantes? Acompanhe e descubra!

Neste conteúdo, você vai saber mais sobre:

  • Aprendizagem ativa e a importância do protagonismo do estudante
  • Educação Empreendedora como aliada
  • A tecnologia como aliada da aprendizagem
  • Práticas educativas inovadoras que engajam
  • Storytelling
  • Gamificação
  • Maker
  • Pensamento visual
  • Educação inclusiva
  • Imersiva

Aprendizagem ativa e a importância do protagonismo do estudante

A capacidade do estudante de ser protagonista do próprio processo de aprendizagem é indispensável para o alcance de bons resultados. O protagonismo, por sua vez, também é — e deve ser — desenvolvido ao longo desse processo. E o que pode ajudar isso a acontecer é a prática da aprendizagem ativa. Continue a leitura para entender melhor!

A aprendizagem ativa é o termo técnico que conceitua uma série de práticas pedagógicas aplicadas com o intuito de colocar o estudante como centro do processo de aprendizagem. Ou seja, a partir de diferentes buscas ativas, o próprio estudante constrói a sua jornada de conhecimento — e, assim, atua como protagonista da sua evolução — enquanto o professor assume um papel de mediador e orientador. 

Esse contexto é indissociável da Pirâmide de Aprendizagem. Criada por William Glasser,  cientista e psiquiatra norte-americano, a metodologia mostra que aprendemos mais e melhor à medida em que temos uma postura mais ativa no processo, da seguinte maneira: 

Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser

Educação Empreendedora como aliada

A Educação Empreendedora desenvolve uma série de habilidades que conversam com o cenário apresentado, além de criar repertório para uma grande variedade de práticas educativas. Veja o que disse sobre o tema, em entrevista concedida à equipe do Portal CER, o doutor e professor Jacinto Jardim (responsável pela palestra internacional do ConheCER 2022, “Os sentidos da Educação Empreendedora”). 

“A Educação Empreendedora tem a ver com todas as estratégias utilizadas para que os estudantes desenvolvam um conjunto de competências, a fim de que consigam ter espírito de iniciativa e sejam capazes de criar produtos, serviços ou organizações originais. O empreendedorismo tem este grande objetivo: desenvolver competências para ajudar a superar desafios. No contexto inovador e disruptivo em que vivemos, em nível internacional, em que tudo é novo, o que precisamos é desenvolver, sistematicamente, uma atitude, um mindset, com base nos quais os estudantes vão desenvolver um modo de ser, de conviver e de aprender a fazer.

A Educação Empreendedora só faz sentido e só será eficaz se estiver presente transversalmente em todas as áreas do ensino. Então, nas escolas, precisamos mudar a mentalidade do professor de dar simplesmente a sua aula para a mentalidade do professor capaz de interligar os conhecimentos. Isso é essencial para propiciar a origem do estudante pensador.

Se os nossos professores não tiverem essa capacidade de ajudar o aluno a pensar para além do currículo, então os estudantes também não terão essa habilidade. Nesse sentido, precisamos de um professor que ensine Português, mas que, ao fazer isso, aborde também a capacidade de refletir de um modo crítico; precisamos de um professor que ensine Matemática, mas que faça com que esses números ganhem uma dimensão prática; precisamos de professores que ensinem as tecnologias, mas não só para formar um engenheiro em informática, mas também aquele que comece a desenvolver produtos originais em sua empresa. Isso pode ser aplicado em todas as áreas disciplinares, fazendo convergir todo o trabalho para esse pensar ‘fora da caixa’, para a capacidade de concretizar as ideias. Nesse cenário, todos os professores, seja qual for a disciplina, podem ajudar os alunos.

É necessário pensar em salas de aula do futuro. Salas nas quais idealizamos competências, temáticas. Isso tem a ver com aquilo que ocorrerá na área profissional, que vai se dar na nossa rua, na nossa casa, no trabalho, na agricultura, no mar, no espaço. E isso pressupõe um trabalho diferente nas nossas salas de aula. Esse exercício da transdisciplinaridade deve ser feito desde a educação infantil até o ensino superior. Se for só no ensino superior, já é tarde — já foi comprovado que os benefícios são muito menores se não houver um trabalho prévio.”

  • Baixe aqui o e-book “As tendências da Educação Empreendedora”

A tecnologia como aliada da aprendizagem

A aplicação da tecnologia e das ferramentas digitais na educação tem sido um debate que gira cada vez menos em torno do “será?” e cada vez mais em torno do “como?”. 

Como uma provocação a membros da comunidade escolar que ainda estão se adaptando a esse cenário cada vez mais digital, o professor de tecnologias educacionais Pedro Carlos, em entrevista ao CER, diz que não se deve ter medo da tecnologia e tampouco acreditar que ela é capaz de substituir os humanos. “Nós precisamos quebrar esse paradigma dos chamados ‘nativos digitais’, porque todos nós podemos e devemos aprender a lidar com a nova realidade”, complementa o professor. 

A visão da professora Débora Garofalo — primeira brasileira e primeira sul-americana a ser finalista no Global Teacher Prize, prêmio considerado o Nobel da Educação — também passa por esse lugar. Em bate-papo com a equipe do CER, ela destaca a importância do olhar e do acompanhamento pedagógico para as tecnologias. “Quando a gente fala de novas abordagens, sempre devemos pensar na tecnologia como uma propulsora dos processos de aprendizagem — ela não tem uma finalidade, por si só, de transformar a educação. Para que seja transformada, a educação precisa vir acompanhada de novas abordagens de ensino.”

Os órgãos mundiais também não negligenciam o tema. Prova disso é o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2023, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que foi intitulado “A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”. O documento resumido traz uma série de mensagens-chave sobre o impacto da tecnologia no mundo da educação, destacando a importância e necessidade de uma regulamentação acerca da tecnologia. De forma geral, entre oportunidades e desafios sinalizados no material, fica evidente que aprendizagem e tecnologia digital são dois universos cada vez mais conectados, vide trechos indicados a seguir: 

“​​Avanços expressivos na tecnologia, especialmente na tecnologia digital, estão transformando rapidamente o mundo. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm sido aplicadas à educação há 100 anos, desde a popularização do rádio na década de 1920. Mas é o uso da tecnologia digital ao longo dos últimos 40 anos que tem o potencial mais significativo de transformar a educação. Surgiu uma indústria da tecnologia educacional que se concentrou, por sua vez, no desenvolvimento e na distribuição de conteúdo educacional, nos sistemas de gestão da aprendizagem, nos aplicativos de línguas, na realidade aumentada e virtual, nas aulas particulares personalizadas, e em testes. 

Nos últimos 20 anos, estudantes, educadores e instituições adotaram de forma ampla ferramentas de tecnologia digital. O número de estudantes em cursos on-line abertos massivos aumentou de 0, em 2012, para pelo menos 220 milhões em 2021. O aplicativo de aprendizagem de línguas Duolingo teve 20 milhões de usuários ativos diariamente em 2023, e a Wikipédia teve 244 milhões de visualizações por dia em 2021. O Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Programme for International Student Assessment – PISA) descobriu que 65% dos estudantes de 15 anos em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estavam em escolas cujos diretores entenderam que os professores possuíam as habilidades técnicas e pedagógicas necessárias para integrar aparelhos digitais à instrução e 54% em escolas onde uma plataforma eficiente de apoio online à aprendizagem estava disponível; acredita-se que esses números aumentaram durante a pandemia da COVID-19. Em todo o mundo, a porcentagem de usuários de internet aumentou de 16% em 2005 para 66% em 2022. Cerca de 50% das escolas de primeiro nível secundário estavam conectadas à internet com fins pedagógicos em 2022.

A adoção da tecnologia digital resultou em muitas mudanças na educação e na aprendizagem. O conjunto de habilidades básicas que se espera que os jovens aprendam na escola, ao menos nos países mais ricos, aumentou e passou a incluir uma ampla gama de habilidades voltadas ao mundo digital. Em muitas salas de aula, a folha de papel foi substituída por telas e as canetas por teclados.

A atenção excessiva à tecnologia geralmente tem um alto custo. […] No entanto, é improvável que a educação seja igualmente relevante sem as tecnologias digitais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos define que o propósito da educação é o de promover o ‘pleno desenvolvimento da personalidade humana’, fortalecendo o ‘respeito [às] liberdades fundamentais’ e promovendo a ‘compreensão, a tolerância e a amizade’. Tais princípios têm de se adaptar aos tempos atuais. Uma definição ampliada do direito à educação poderia incluir o apoio efetivo da tecnologia para que todos os estudantes alcancem seu potencial, independentemente de contexto ou circunstâncias.”

Fonte: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386147_por

Práticas educativas inovadoras que engajam

Considerando tudo que trouxemos até aqui — a importância do protagonismo estudantil, a aprendizagem ativa, a Educação Empreendedora e a tecnologia como aliada —, quais recursos podem, então, funcionar como ferramentas efetivas de aprendizagem? A seguir, indicamos 5 técnicas que funcionam como uma extensa base para criar e desenvolver práticas educativas inovadoras, que engajam e acolhem os estudantes. São elas: storytelling, gamificação, maker, pensamento visual e imersiva. Algumas estão divididas por idade e outras não; todas, no entanto, são personalizáveis e adaptáveis de acordo com a realidade de cada professor. Confira!

Mas, antes de irmos efetivamente às técnicas, vale levantar um tema imprescindível para uma educação inovadora: a educação inclusiva — um processo de aprendizagem que, além de incluir, ensina a importância da inclusão social para os estudantes. Ela promove a valorização da diversidade e o respeito aos direitos humanos, fomentando um ambiente acolhedor, respeitoso e de todos. 

Ela pode (e deve) funcionar como um conceito guarda-chuva, abraçando toda e qualquer temática trabalhada em sala de aula. Vale a reflexão: enquanto professor, como você leva ou promove a inclusão em um espaço de aprendizagem? Ao ver os detalhes das técnicas citadas a seguir, considere que todas elas, se planejadas e utilizadas estrategicamente, podem corroborar uma educação inclusiva. Vamos lá! 

#DicaDoCER

A aprendizagem pode se tornar ainda mais atrativa quando é pensada e planejada para ir além dos limites de determinada matéria, em propostas multidisciplinares e interdisciplinares. 

Storytelling

  • O que é

O storytelling nada mais é do que a habilidade de contar histórias por meio de narrativas envolventes; é a capacidade de transmitir, desenvolver e adaptar enredos capazes de criar conexões emocionais, despertar sentimentos, fortalecer um vínculo e capturar a atenção do leitor. 

  • Como praticar com os estudantes: sugestões de abordagem

[Ensino fundamental I]

Sugerir aos estudantes que ilustrem, por meio do storytelling, a história de uma planta, desde a semente até os frutos, como se fossem personagens. A temática, claro, pode variar – são muitas possibilidades: construção de uma casa, formação de uma família, o desenvolvimento de um vínculo de amizade, as fases da vida de um ser humano e por aí vai.   

[Ensino fundamental II]

Sugerir aos estudantes que recontem ou encenem (ou façam outra atividade similar em grupo) um marco ou descoberta científica com elementos de storytelling. As opções são muitas: a Teoria de Relatividade de Albert Einstein, a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, o primeiro transplante bem-sucedido de um órgão humano por Joseph Murray, a descoberta dos raios X por Wilhelm Roentgen e por aí vai. 

[Ensino médio]

Propor aos estudantes que, em grupo ou individualmente, recontem um fato histórico caso o final tivesse sido outro (que o próprio estudante pode definir). É possível trabalhar com diferentes marcos, nacionais e mundiais, em diferentes disciplinas: Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Holocausto, Guerra Fria, Independência do Brasil, Semana de Arte Moderna, Conquista do Voto Feminino, a primeira Copa do Mundo (tanto masculina quanto feminina) etc. 

Gamificação

  • O que é

De forma resumida, podemos dizer que a gamificação é a estratégia de aplicar elementos de jogos em diferentes atividades do dia a dia. Nesse caso, em práticas educativas. Por trás disso, estão os estudos da psicologia, que revelam que a conquista e a superação movem e instigam o ser humano. 

  • Como praticar com os estudantes: sugestões de abordagem

A gamificação na educação pode aparecer desde as formas mais simples até as mais elaboradas. O simples fato de presentear um estudante com medalhas ou outras recompensas, por exemplo, já é uma estratégia de gamificação. 

É possível, também, sugerir e auxiliar os estudantes na criação e desenvolvimento de jogos de tabuleiros relacionados a uma ou mais disciplinas. É uma estratégia legal para tarbalhar temas abrangentes e multidisciplinares, como educação antirracista, inteligência artificial, habilidades socioemocionais, mundo do trabalho etc. 

Inspire-se: Jogo da Lei 10.639

Jogo da Lei 10.639, ferramenta gratuita criada pela Porvir pela Piraporiando

O Jogo da Lei 10.639 promove a educação antirracista e foi criado pelo Porvir e pela Piraporiando. A Lei 10.639 foi a responsável por estabelecer a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira. A partir dela, nasceu a oportunidade do jogo, que é formado por um tabuleiro e sete cartas que podem ser impressas nas próprias escolas. “O tabuleiro apresenta a história ilustrada em quadrinhos de um professor que deseja realizar um trabalho para implementar a Lei 10.639 e algumas situações que acontecem dentro de sua escola. As cartas trazem questionamentos disparadores de debates entre os participantes do jogo”, define o site.

Outra possibilidade, em especial com estudantes de idade mais avançada, é sugerir que criem jogos ou aplicativos temáticos com recursos de gamificação. Você, professor, pode fazer essa criação junto a eles. Confira algumas ferramentas que podem ajudar: 

No ensino médio, levantar debates sobre os jogos de RPG (“role-playing game” que, em tradução livre, significa “interpretação de papéis”) também pode ser interessante. Os estudantes podem representar personagens em diferentes atividades, como júri simulado e discussões temáticas.

Palavra de especialista sobre gamificação 

Com Bernard Caffé, cofundador e CEO da @jovensgenios

“Muitas pessoas confundem o Aprendizado Baseado em Jogos com o Aprendizado Baseado em Gamificação. O mais interessante é que todos os jogos têm gamificação, mas nem toda gamificação é um jogo.

A gamificação é o que chamamos de ‘elementos de jogos’. Dentro de um contexto de jogo, existem os mecanismos, as regras, o design, os objetivos de jogo e tudo mais. Então, quando a gente fala de gamificação, a gente está se referindo, especificamente, a elementos de jogos. É simples: todo jogo tem gamificação, mas nem toda gamificação é um jogo.

Partindo desse pressuposto, o mais interessante, independentemente de qual seja a faixa de ensino, é que existe a possibilidade de colocar a gamificação não só no contexto educacional, mas em qualquer outra área.

Por ela estar bem estruturada nesses elementos de jogos, a gente pode chamá-la também de ‘teoria da recompensa’; todos os indivíduos, por ímpeto e por essência, precisam ser movidos por recompensa. Por isso é que há o uso de elementos de jogos para a tomada de decisões e objetivos.

Em relação a usuários, alunos, clientes, não importa qual seja o contexto, é possível aplicar a gamificação, porque ela é o melhor recurso que temos para isso. É possível colocá-la em qualquer fase de aprendizagem ou faixa de ensino, desde a educação infantil até o ensino superior; porém, claro, os gatilhos e elementos dos jogos são totalmente diferentes.”

Bernard Caffé em entrevista ao Portal CER

Maker

  • O que é

A cultura ou movimento maker é uma abordagem que estimula que os estudantes coloquem a mão na massa, que aprendam fazendo. Basicamente, é uma evolução de “do it yourself”, o famoso “faça você mesmo”, e parte do princípio de que qualquer um pode criar, fabricar, alterar e construir o objeto que quiser com as próprias mãos.

  • Como praticar com os estudantes: sugestões de abordagem

Essa estratégia pode ser aliada à gamificação — a própria criação de jogos de tabuleiros que falamos, por exemplo, é também um movimento maker. A Aprendizagem Baseada em Projetos (ou Project Based Learning, PBL) e o design thinking também são metodologias que convergem com o movimento maker. 

Outras atividades que englobam a técnica passam por sugerir aos estudantes que pensem (e coloquem em prática) soluções para problemas sociais da comunidade em que vivem ou estudam — como rampas de acessibilidade, mesas de leitura para crianças mais novas; e atividades “mão na massa” de forma geral, como hortas, fabricação de brinquedos com materiais recicláveis, aulas de culinária, ateliê de costura etc. 

Inspire-se: projeto Robótica com Sucata

A professora Débora Garofalo conduziu o projeto Robótica com Sucata, com o intuito de transformar a vida de crianças e jovens da periferia de São Paulo (SP). Nela, os estudantes — ao todo, já participaram mais de dois mil jovens e crianças da comunidade escolar da rede pública de SP — trabalharam com a construção de utensílios reciclados do lixo das ruas da grande metrópole nacional. “A equipe vai para a comunidade, promove aulas públicas e conversa com a comunidade sobre o lixo e a reciclagem. O segundo passo é recolher esses materiais da rua, voltar para a sala de aula, pesá-los e transformá-los por meio de pesquisas e protótipos, dando diferentes funcionalidades a eles”. Entre os exemplos, ela cita carrinhos motorizados, aspirador de pó, máquinas de refrigerantes, máquinas de sorvete e outros exemplos. “Diversos tipos de protótipos, mas também soluções para a vida cotidiana, como a construção de uma casa”, revela a professora.

>> Conheça mais sobre o projeto aqui

Palavra de especialista sobre mentalidade maker 💬 

Com Carolina Marini, diretora de Criação no Design Intelligence da Fiat Chrysler Automobiles (FCA)

“Como sempre afirmamos aqui no Isvor [universidade corporativa da FCA]: não é sobre coisas, é sobre pessoas. As pessoas não precisam de um FabLab e de impressoras 3D [ferramentas da FCA] para desenvolver uma postura mais inovadora, as coisas são somente ferramentas para isso. Lembre-se de que não é o ferro quem faz o ferreiro, é o ferreiro quem faz o ferro!

Desenvolver novas posturas depende de uma nova forma de olhar para o mundo. E é isto que propomos: ajudar as pessoas a olhar e a encarar os desafios, problemas e, principalmente, as oportunidades, de forma diferente.

Isso acontece nas empresas quando novas abordagens são desenvolvidas, novas formas de trabalhar são implementadas e quando as pessoas colocam o seu talento à disposição das outras para colaborar.

A cultura maker tem tudo a ver com empreendedorismo e intraempreendedorismo. Tirar sua ideia do papel e apresentar um protótipo é um passo enorme para fazer as coisas acontecerem. Isso significa romper barreiras mais pessoais que organizacionais. As empresas estão cheias de boas ideias guardadas nas gavetas, esperando que alguém as transforme em algo que possa mudar a realidade delas. Precisamos dar vazão a isso, mas se as pessoas não estiverem preparadas e empoderadas, o processo não funciona.”

Carolina Marini em entrevista ao Portal CER

Pensamento visual

  • O que é

Originalmente, o termo “pensamento visual” foi cunhado pelo psicólogo alemão Rudolf Arnheim, em seu livro “Visual Thinking”. Como o próprio nome já sugere, o pensamento visual agrupa um conjunto de elementos, conhecido como vocabulário visual, composto por desenhos, formas e textos que têm por finalidade ajudar os estudantes a construírem um pensamento visual. 

Ele apresenta uma organização gráfica das ideias, facilitando a transmissão da mensagem (vídeos no estilo Draw My Life são um bom exemplo). 

Criação de Lucas Alves, professor de Visual Thinking, que contextualiza o tema “Qual o seu maior desafio de apresentar?” com o vocabulário visual

  • Como praticar com os estudantes: sugestões de abordagem

Uma boa ideia é incluir, como parte do processo educativo e de avaliação, um portfólio de materiais desenvolvidos pelos estudantes com o pensamento visual. É possível trabalhar com várias práticas educativas: mapas mentais, esquemas visuais, infográficos, fluxogramas, posts fictícios. 

Veja que possibilidade legal para trabalhar de forma interdisciplinar com estudantes do ensino fundamental II e ensino médio: sugerir aos estudantes que se dividam em grupos e tracem uma estratégia de divulgação para a escola no Instagram. Para isso, eles devem definir quais assuntos serão abordados e, então, criar as imagens dos posts referentes a cada um desses temas. Nesse momento, o Canva pode ser um ótimo recurso. 

No caso dos estudantes mais novos, dá para seguir a mesma linha, mas propondo atividades mais simples, que podem ser feitas por desenhos no papel: esquemas visuais que ilustram as trocas de estações do ano, que explicam os três estados físicos da água ou que explicam a fotossíntese, por exemplo.  

 

Imersiva

  • O que é

A temática imersiva passa pela criação de um ambiente frutífero para a troca de informações, contribuindo para o compartilhamento de práticas e saberes. 

  • Como praticar com os estudantes: sugestões de abordagem

Trabalhar o ambiente de aprendizagem é uma das principais maneiras de trabalhar a temática imersiva. Mudar a disposição ou ambientação da sala, por exemplo, e avaliar se há alguma diferença no engajamento dos estudantes. Entre as principais dicas, estão:

  • ter um ambiente de aprendizagem (tanto o espaço físico como as relações e diálogos) sempre organizado; 
  • utilizar o ambiente como ferramenta para desenvolver a autonomia (sugerir que os próprios estudantes organizem e ilustrem uma rotina de estudos para colar na parede da sala, por exemplo);
  • propor intervenções feitas pelos próprios estudantes, como decorações ou pinturas de parede, poesias e esculturas. 

Enfim, como você percebeu, as possibilidades e os modelos são diversos, o que é ótimo! O mais importante é saber quando, como e onde utilizá-los. Quando bem planejadas, as atividades inovadoras são capazes de envolver, engajar, acolher e motivar os estudantes diariamente.

Gostou desse conteúdo sobre práticas educativas e inovadoras? Salve para ter acesso sempre que precisar! Continue acompanhando o Portal CER para ter acesso a mais conteúdos como esse. 

Compartilhe este conteúdo

Assine a Newsletter

Fique por dentro de todas as novidades