Project Zero: como melhorar a experiência de aprendizagem por meio do pensamento visível

Blog Project Zero: como melhorar a experiência de aprendizagem por meio do pensamento visível

09/11/2023
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O Project Zero é um programa da Escola de Educação da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos – uma iniciativa do filósofo Nelson Goodman. E essa será a pauta deste conteúdo: do que se trata, afinal, e como o programa pode trazer desenvolvimento aos professores e benefícios à experiência de aprendizagem? Acompanhe!

A definição de Project Zero 

O site de Harvard apresenta a seguinte definição (acompanhada de um vídeo ao qual vale a pena assistir). 

A missão do Project Zero é compreender e nutrir os potenciais humanos – como aprendizagem, pensamento, ética, inteligência e criatividade – em todos os seres humanos. A nossa investigação examina a natureza de tais potenciais, os contextos e condições em que se desenvolvem e as práticas que apoiam o seu florescimento.

Fundado pelo filósofo Nelson Goodman na Harvard Graduate School of Education em 1967, o Project Zero começou com foco na compreensão da aprendizagem nas e através das artes. Ao longo das décadas, continuamos a nossa investigação sobre as artes e a educação artística, ao mesmo tempo que reunimos diversas perspectivas disciplinares para examinar questões fundamentais da expressão e do desenvolvimento humano. Nossos esforços de pesquisa são marcados por uma paixão pelas grandes questões conceituais, uma paixão pela colaboração estreita com os profissionais, uma paixão pela interdisciplinaridade, uma paixão por toda a gama do desenvolvimento humano e uma paixão pelas artes.

Hoje, o Project Zero é uma fonte intelectual, alimentando a investigação sobre a complexidade dos potenciais humanos e explorando formas sustentáveis ​​de apoiá-los em contextos culturais múltiplos e diversos. Ancorados nas artes e nas humanidades, e com o compromisso de fundir teoria e prática, continuamos a trabalhar em prol de processos e sistemas educacionais mais esclarecidos que apoiem os alunos, individualmente e em comunidade, a prosperar, refletir, contribuir e mudar o mundo em que viverão.

Fonte: https://pz.harvard.edu/who-we-are/about. [Tradução livre] 

Mas, então, pensando em termos práticos, como esta iniciativa pode trazer benefícios para a aprendizagem? Continue a leitura e descubra! 

O pensamento visível e a influência na experiência de aprendizagem 

A proposta central do Project Zero é preparar e inspirar os educadores a lidarem com a mediação da aprendizagem de forma mais analítica, desenvolvendo novas abordagens nos ambientes de aprendizagem. Mais do que simplesmente levar em conta roteiros preestabelecidos ou sugeridos por um livro, o professor avalia quais são os objetivos de aprendizagem e, então, considera colocar em prática recursos que vão tornar a experiência do estudante melhor ou mais atrativa. E é exatamente aqui que entra um grande pilar do programa: o pensamento visível. 

Quem fala melhor sobre o tema é Mark Church, pesquisador da Universidade de Harvard e do próprio programa. Ao responder sobre o que consiste o trabalho de pesquisa para tornar o pensamento visível, Church explica que esse processo passa por buscar entender as disposições de pensamento. 

“Uma coisa que sabemos é que os hábitos que levam até elas não podem ser ensinados e precisam ser incorporados. Eu não posso ensinar curiosidade durante a aula e dizer imediatamente que os estudantes tornaram-se curiosos, mas, se quero criar o hábito de que eles façam perguntas e busquem o que está por trás das perguntas, preciso saber o que fazer em situações desconhecidas. Onde posso encontrar linguagem, oportunidades, situações, interações e rotinas para isso?”, reflete o pesquisador. 

Church afirma que não é um bom caminho o professor falar para o estudante que quer que ele seja criativo e curioso. “Na verdade, essa é uma situação em que não há tempo nem ferramentas para o aluno se expressar. Se quisermos que isso se torne um hábito, temos que trabalhar todas essas áreas mencionadas. São as interações, a linguagem e as rotinas do professor em sala de aula que vão permitir às crianças entenderem que é importante a busca por uma nova perspectiva, usar a imaginação e olhar sob as camadas para descobrir a complexidade das coisas”, explica. 

O tripé do pensamento visível 

Três elementos principais baseiam o pensamento visível:

  • a afirmação (uma explicação ou interpretação a respeito de um tópico);
  • o apoio (coisas que você, sente e sabe para apoiar a afirmação); e
  • a pergunta (o que foi deixado de lado? O que não foi explicado? De onde tirou tal afirmação?).

Embora não haja uma definição ou um molde pré-definido para que o professor coloque isso em prática, é importante ter em mente que o tripé afirmação-apoio-questionamento é uma rotina de pensamento, e não de um conteúdo específico. Isso significa que a ideia pode ser aplicada em qualquer disciplina, sem essa limitação de tema. 

Para ilustrar, Church trouxe um exemplo do que viveu.  

“Eu era professor de matemática, e crianças de 11 a 14 anos me diziam “Sr. Church, esse resultado continua sempre. É como o infinito’. E eu respondia: ‘Essa é uma afirmação interessante. Você acha que isso vai durar para sempre, que não tem fim e vai ao infinito. Bem, o que te faz dizer isso? Isso é raciocínio. O que te faz dizer isso? Quais as evidências você tem? Que pergunta você tem para essa afirmação? Há pessoas que acham que isso acaba? Que não vai para sempre?’. Esse é o momento que afirmação- apoio-questionamento funciona na minha aula de matemática, porque a criança me deu uma afirmação para que pudéssemos analisar”, detalha. 

O mesmo vale ao considerar diferentes idades e faixas etárias. É natural pensar que essa lógica do Project Zero será aplicada de diferentes formas se considerarmos uma criança de 8 anos ou um adolescente de 15, certo? Vale a reflexão de como você, professor, pode levar e trabalhar o pensamento visível em seu dia a dia. Será que é em uma roda de conversa, em uma Sala de Aula Invertida ou mesmo em um formato “tradicional”? Não há uma resposta certa, porque para cada um vai funcionar melhor de um jeito – e a experiência é a melhor maneira de aferir os resultados. 

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