Protagonismo juvenil: como desenvolver experiências dentro da escola e exemplos práticos

Blog Protagonismo juvenil: como desenvolver experiências dentro da escola e exemplos práticos

27/10/2023
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Qual é o conceito de protagonismo juvenil, como colocá-lo em prática no ambiente de aprendizagem e por quê? Essas e outras respostas podem ser conferidas ao longo deste post. Acompanhe!

1. Contexto: como os estudantes enxergam as escolas? 

Para atuar com efetividade no desenvolvimento do protagonismo juvenil, é importantíssimo entender como pensam os estudantes – e, em especial, como eles enxergam a escola.

A Pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção, da Porvir, revela dados que devem ser levados em conta quando o assunto é esse. Ao todo, foram 260.349 respondentes, de 11 a 21 anos, das redes pública e privada de todo o Brasil. A seguir, fizemos alguns recortes da última versão publicada, a de 2019, para exemplificar. Confira!

O que os jovens falariam sobre a escola?

Para descobrir o que os jovens falariam da escola atual ou da última em que estudaram, os participantes foram convidados a concordar ou discordar de algumas afirmações, atribuindo pontos de 1 (Não falaria nunca) a 5 (Falaria com certeza). Abaixo, veja as médias dos pontos dos respondentes:

  • Gosto de estudar na minha escola3.9
  • A minha escola oferece um ambiente favorável para todos aprenderem3.6
  • Na minha escola, todos (direção, funcionários, professores e alunos) podem participar de decisões do dia a dia escolar3.1
  • Na minha escola, todos são respeitados, independentemente de cor, religião, orientação sexual, nacionalidade ou cultura3.2
  • Na minha escola, aprendo coisas úteis que vou usar na minha vida4.0
  • Na minha escola, sempre tenho todas as aulas, sem problema de falta de professores3.0
  • Posso conversar com professores de minha escola sobre assuntos fora da matéria3.5
  • Os estudantes de minha escola respeitam e valorizam os professores2.8

Como avaliam cada aspecto da sua escola?

Para avaliar a escola atual ou a última em que estudaram, os participantes foram convidados a dar uma nota de 1 (Tá tenso) a 5 (Tá tranquilo, tá favorável) para

11 itens. Abaixo, veja as médias das notas dos respondentes:

  • Prédio e estrutura3.2
  • Alimentação – 3.5
  • Atividades esportivas3.4
  • Relação entre alunos3.2
  • Relação entre equipe da escola e alunos3.4
  • Relacionamento dos alunos com o professor3.3
  • Maioria dos professores3.7
  • Uso de tecnologia2.5
  • Aulas e matérias3.7
  • Material pedagógico3.3
  • Atividades artísticas3.0
  • Atividades extraclasse2.9

Fonte: https://porvir.org/nossaescolarelatorio/?ano=2019&estado=&municipio=&genero=&orientacao_sexual=&cor=&idade=&rede=.

>> Confira todas as edições da pesquisa aqui 

É importante olhar de forma crítica para dados como esse e entender o que está por trás dos números – por exemplo, o “uso da tecnologia” é avaliado com nota baixa, por que será? Ou, ainda, por que os estudantes têm a sensação de que os colegas não respeitam e não valorizam os professores? Se as atividades esportivas são bem avaliadas, não seria nesse momento a oportunidade para promover atividades que desenvolvessem o protagonismo juvenil? De forma geral, vale se questionar: que força tem o protagonismo juvenil para mudar esses índices, como a valorização dos professores e as relações entre os membros da comunidade escolar?

2. O que é protagonismo juvenil 

No dicionário, a definição de protagonista é “personagem mais importante daquilo que participa”; “pessoa que possui um papel relevante ou de destaque numa situação, acontecimento: foi o protagonista do protesto”. A palavra tem origem do grego, “protagonistes“, em que “protos” significa “primeiro” e “agonistes” faz referência à “ator”, “lutador”. Falar de uma pessoa protagonista, portanto, é se referir a alguém que é ator principal da própria vida, nas diferentes áreas – familiar, afetiva, particular, escolar, social e por aí vai. 

Quanto ao protagonismo juvenil, quem estudou o termo e deu força ao assunto foi o pedagogo Antonio Carlos Gomes da Costa – também coordenador do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma das legislações mais amplas e atualizadas do Brasil. Veja duas definições cunhadas por ele:

“Protagonismo juvenil é a participação do adolescente em atividade que extrapolam os âmbitos de seus interesses individuais e familiares e que podem ter como espaço a escola, os diversos âmbitos da vida comunitária; igrejas, clubes, associações e até mesmo a sociedade em sentido mais amplo, através de campanhas, movimentos e outras formas de mobilização que transcendem os limites de seu entorno sociocomunitário.” 

“O protagonismo juvenil parte do pressuposto de que o que os adolescentes pensam, dizem e fazem pode transcender os limites do seu entorno pessoal e familiar e influir no curso dos acontecimentos da vida comunitária e social mais ampla. Em outras palavras, o protagonismo juvenil é uma forma de reconhecer que a participação dos adolescentes pode gerar mudanças decisivas na realidade social, ambiental, cultural e política onde estão inseridos. Nesse sentido, participar para o adolescente é envolver-se em processos de discussão, decisão, desenho e execução de ações, visando, através do seu envolvimento na solução de problemas reais, desenvolver o seu potencial criativo e a sua força transformadora. Assim, o protagonismo juvenil, tanto como um direito, é um dever dos adolescentes.”

Trechos retirados do livro Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática, de Antonio Carlos Gomes da Costa e Maria Adenil Vieira.

Então, em linhas gerais e de maneira resumida, podemos entender o protagonismo juvenil 

como o posicionamento do jovem como um efetivo cidadão, que dá a ele a oportunidade de refletir sobre a realidade em que vivemos e também a noção de que ele pode se responsabilizar pela mudança. É colocá-lo no centro do processo de aprendizagem, estimulando e incentivando que ele tome as rédeas da própria vida, assumindo uma postura ativa na escola e fora dela. 

3 A importância do protagonismo juvenil e o reflexo na sociedade

Dentro ou fora das escolas, o protagonismo juvenil reflete em toda a vida em sociedade. Um exemplo que dá forma à importância do tema foi a adesão dos jovens na emissão do título de eleitor em 2022. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram emitidos quase 100 mil novos títulos, em todo o Brasil e no exterior, para jovens com 15 a 18 anos, um número bem maior quando comparado aos anos anteriores. Esse crescimento foi atribuído à campanha Semana do Jovem Eleitor, realizada pelo órgão em março de 2022. 

O TSE divulgou, também, que a participação de jovens entre 16 e 17 anos nas eleições cresceu 52% entre 2018 e 2022. “Mais de 2,1 milhões de eleitoras e eleitores nessa faixa etária estavam aptos a votar neste ano e, em média, 1,7 milhão foram às urnas. Em 2018, essa parcela do eleitorado – para a qual o voto é facultativo – era de 1,4 milhão de jovens. Naquele mesmo ano, o comparecimento médio foi de 1,1 milhão”, revela a publicação. 

Essas informações demonstram como a geração dos jovens está cada vez mais atenta ao que ocorre em todo o mundo, em especial pelos meios digitais. E, embora esse exemplo não seja de dentro de uma instituição escolar, a relação é bem próxima, senão direta; orientar e instruir os jovens quanto aos seus direitos e deveres enquanto cidadãos é também um papel da escola. A publicação do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) traz uma reflexão interessante sobre o tema: 

A importância deste movimento funda-se principalmente no desenvolvimento de capacidades inerentes ao protagonismo juvenil, que busca instruir os jovens quanto aos seus direitos fundamentais e humanos que os acompanham desde antes do nascimento. Permitir a participação ativa do público juvenil nos debates que envolvem seu futuro é garantir a proteção das suas liberdades individuais para o exercício da democracia, a fim de que encontrem, nas próprias ações e pensamentos, valores como justiça social, paz e equidade, podendo, através destes princípios, mudar sua própria realidade.

O protagonismo jovem deve ser fomentado através de ações educacionais intencionais, nas quais a família, sociedade e Estado organizam-se de forma intencional e estruturada através de boas oportunidades educativas que estimulam os jovens a construir uma postura protagonista em todos os setores de sua vida. Nas escolas, é de suma importância a construção de um currículo educacional que permita aos gestores, professores e demais profissionais de educação a união com os jovens estudantes, a fim de que ambos os lados se tornem parceiros no processo de ensino e aprendizagem.

O jovem deve ser estimulado ao autoconhecimento e a pensar sobre seu projeto de vida e futuro. Este processo de ensino e aprendizagem, contudo, não ocorre de forma unilateral. A participação livre, expressando opiniões, ocorre com a devida orientação teleológica, propiciando aos alunos o entendimento necessário dos problemas do mundo que os afetam diretamente, mesmo que não percebam por estarem inseridos no entorno dessas adversidades, deve ser estimulada e organizada.

Este modo de educar coloca o jovem no centro do processo do ensino, capacitando-o para exercer o protagonismo dentro e fora da escola, pois, através destas premissas, poderá gerar mudanças na sua realidade local, social, ambiental, cultural e política. Este processo de ensino-aprendizagem prepara o jovem para o desenvolvimento global de potencialidades em todas as suas dimensões, sejam físicas, afetivas, sociais e culturais. Este processo valoriza o olhar do estudante, pois sai da esfera baseada no adultocentrismo, tirando o jovem da posição de telespectador passivo e impedindo que os adultos reprimam o pensamento crítico e racional das próximas gerações, que, caso não sejam provocadas, crescerão adoecidas e tomadas pelo efeito manada.

Exemplificadamente, o despertar do jovem protagonista vem, justamente, da consciência da realidade que o cerca, para que este perceba que situações à sua volta e que fazem parte de sua vida não lhe são indiferentes. O jovem protagonista precisa perceber, com a ajuda da família, da sociedade e do Estado, que situações como criminalidade, violência, ausência ou deficiência de uma aprendizagem de qualidade, sistema de saúde precário etc. são fatos que precisam ser pensados criticamente; e [deve ser] exercida sua participação nas decisões que dizem respeito a essas temáticas.

Fonte: https://www2.mppa.mp.br/areas/institucional/cao/infancia/13-04-o-dia-do-jovem-e-o-protagonismo-juvenil.htm.

Então, como trabalhar esse protagonismo nos ambientes de aprendizagem? Continue a leitura e veja dicas e cases inspiradores!

4 Como incentivar o protagonismo juvenil 

Antes de qualquer movimento prático, é fundamental que os educadores conheçam a capacidade das crianças e dos jovens de cada idade. Eventualmente, os familiares e até a escola subestimam a capacidade deles – e dar um voto de confiança pode revelar ótimas surpresas. 

Também é crucial entender que a autonomia anda de mãos dadas com a responsabilização. Com autonomia, o jovem tem mais liberdade, mas ele é responsável por suas escolhas e pelos resultados que elas trarão. O professor age sobretudo como um mediador e como um mentor, que alerta sobre limites, explica os eventuais riscos e sugere direções a serem seguidas.

Tendo isso em mente, antes das dicas práticas, entenda, com base no trecho da publicação da MPPA, quais são as características atribuídas a um jovem protagonista. 

O jovem protagonista é autônomo, colaborativo e socialmente responsável. Além disto, deve ser capaz de compreender o seu papel no mundo, e isto não significa que ele deva almejar, necessariamente, uma posição de destaque, desejando se sobressair sobre os demais ou mesmo agir de forma indiscriminada sobre suas vontades.

Pelo contrário, deve ser empático e entender que ele, mais do que ninguém, é o ator principal na construção do seu projeto de vida, buscando assumir um papel ativo e colaborativo em seu âmbito familiar e comunitário. Os jovens protagonistas devem se perceber como geradores de mudanças positivas na realidade em que estão inseridos, construindo um dos mais fortes pilares da racionalidade, que é a Autonomia. Seus pensamentos e projetos devem possuir a criticidade necessária à construção de sua identidade a partir de valores humanos, como o respeito, solidariedade e empatia.

Este processo gradativo partirá inicialmente da autopercepção sobre suas responsabilidades, ocasião em que este jovem poderá elaborar sua autoimagem, saindo de uma bolha de controle social, que muitas vezes é permeada pelo autoritarismo dos adultos sobre os adolescentes. Por óbvio, incentivar o protagonismo juvenil não é libertar o adolescente para realizar suas aspirações imaturas, mas sim orientá-lo para que este consiga perceber seu valioso papel na sociedade.

O jovem protagonista deve, através de sua autonomia, encarar seus desafios internos, desenvolvendo resiliência para lidar com os problemas do cotidiano que muitas vezes saem da esfera pessoal e precisam ser resolvidos de forma colaborativa com seus pares, ou mesmo com os adultos do entorno. Esta mudança de paradigma, além de ser parte de um processo educativo, precisa estar inserida como uma tendência cultural, incentivada diariamente, onde o normal é debater sobre os problemas, e não simplesmente ignorá-los.

Aprofunde-se na Educação Empreendedora

A definição do MPPA deixa evidente como a implementação da Educação Empreendedora (EE) pode favorecer o protagonismo juvenil. Um dos pontos que ficam evidentes na leitura desse trecho, aliás, é a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais, ou seja,  um valor inegociável para a Educação Empreendedora. 

Em linhas gerais, a EE pode ser entendida como um conjunto de competências técnicas e comportamentais que formam pessoas prontas para gerarem valor para si e para o mundo. É uma ferramenta poderosa e valiosa que guia os educadores no despertar de uma nova mentalidade nos estudantes – que se desenvolvem como cidadãos mais críticos, autônomos e transformadores.

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Leve temas e desafios do dia a dia para o ambiente de aprendizagem 

Pense em desafios vividos pela escola – uso das quadras, da biblioteca ou dos computadores, por exemplo. Ninguém melhor para apontar esses desafios do que os próprios estudantes, certo? Nesse caso, pode ser interessante convidar a turma para que, juntos, listem os principais desafios que percebem no cotidiano escolar.

Definidos os principais temas, o educador pode organizar uma votação para que a turma eleja o principal tema. Depois, vale distribuir os estudantes em grupos e sugerir que cada um proponha uma solução prática àquele problema. 

Depois das soluções propostas, o professor avalia a viabilidade e orienta para que os estudantes façam ajustes, se necessários. E, aí, por que não apresentar a proposta à diretoria da escola, a fim de que avaliem a melhor forma de colocar em prática? Imagine que interessante se a atividade se concretiza! 

Trabalhe com atividades que vão além da sala de aula

Trabalhos em grupo de apresentação, deveres de casa e provas podem, sim, funcionar bem e apoiar o contexto de aprendizagem. Mas por que não ir além, promovendo atividades que colocam os estudantes em interações sociais diferentes, fora da sala de aula?

Campeonatos esportivos (uma Olimpíadas própria da escola), feiras de livros usados ou de robótica com sucata, por exemplo, podem ser bons caminhos. 

Dê novas responsabilidades aos estudantes

Se houver a definição de um campeonato esportivo ou uma feira de livros usados, exemplificando, a organização do evento pode ficar a cargo da própria turma. É possível distribuir os grupos em diferentes funções (arrecadação, divulgação, montagem) e mostrar como eles podem conduzir cada um dos processos.

Ao colocarem a “mão na massa”, além do aprendizado em si, eles já constroem outra visão do que é necessário para a organização e a realização de eventos como esses.

4. Quatro cases nos quais se inspirar

Conhecer e estar por dentro de como diferentes instituições escolares promovem o protagonismo juvenil pode inspirar professores, gestores e demais atores da comunidade escolar. Por isso, separamos X cases que merecem ser compartilhados. Confira. 

Os quatro primeiros casos foram publicados pela revista Educação, que interagiu com quatro escolas (duas da rede pública e duas da rede privada) que experimentam, no dia a dia, a participação mais ativa dos estudantes nas escolas. A seguir, confira um resumo do que divulgaram. 

Gestão democrática | Escola Politeia, instituição privada em São Paulo/SP

Por lá, todos os membros da comunidade escolar participam de assembleias de maneira regular. Nelas, eles podem propor ideias, discutir sobre regras de convivência do colégio e participar da organização da rotina escolar – no caso da última, há rodas de conversa diárias com os estudantes. 

Os alunos da escola não são distribuídos por série como nas escolas tradicionais, e sim por ciclos, que reúnem estudantes de idades próximas. Ainda assim, geralmente há a interação entre diferentes faixas etárias, uma vez que podem acessar os grupos de estudos conforme o próprio interesse, sem restrição de idade.  “Cada grupo é formado a partir de propostas das crianças. ‘Uma vez, uma criança sugeriu o tema o que acontece depois da morte‘, conta Yván Dourado, educador da Politeia e tutor de crianças de 8 a 10 anos. ‘O professor e os alunos trabalharam o que a ciência diz, as religiões, a ficção científica'”, revela a publicação. 

Há, ainda, a participação dos estudantes em comissões, possibilitando que eles ajudem nas tomadas de decisão da labuta diária. Há uma comissão de biblioteca, por exemplo, em que os integrantes são responsáveis pela organização e pela compra de livros. Outras ideias são comissões de manutenção, brinquedos, horta e reciclagem. 

Formação política e representação | Colégio São Luís, instituição privada de São Paulo/SP

Essa instituição é o exemplo de como escolas mais tradicionais também podem estimular o protagonismo juvenil. Por lá, foi criado o projeto “Democracia e participação”, que nasceu da necessidade de haver um sistema de representação estudantil.

Em um movimento nesse sentido, a escola começou um processo de formação política, criou um Grêmio Estudantil e um Conselho de Representantes das turmas do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. 

Cada turma escolheu dois representantes, um menino e uma menina, e eles passaram a integrar um conselho responsável que atuava como uma espécie de Poder Legislativo, pensando e votando em projetos nas assembleias. O Poder Executivo foi representado pelo grêmio, determinado a partir de uma votação de todos. Aqueles que criaram chapas para concorrer tiveram a oportunidade de participar de encontros formativos, de um workshop de marketing político e até de um debate assistido por toda a escola. 

Os eleitos do conselho e do grêmio se desenvolveram em encontros de formação teórica sobre política. Começaram a ser realizadas assembleias quinzenais, em que os estudantes votavam nas propostas. O texto traz o depoimento de Rafael Araújo, educador da área de Humanística do colégio e um dos responsáveis pelo projeto, que diz que “um dos projetos deles é de combate ao bullying. Eles vão consultar alunos e fazer vídeos para circular na TV interna. Estão fazendo também um vídeo voltado aos professores”.  

Criação de rádio estudantil na Escola Estadual Professor Expedito Camargo, de Campos do Jordão (SP) 

Olha que legal: por lá, os estudantes criaram uma emissora de  rádio que funciona na hora do intervalo. A ideia veio da vontade de fazer alguma coisa diferente durante os recreios e surgiu na disciplina eletiva de Comunicação, chamada “Está no ar”, conduzida pela professora Angélica Guimarães.

De ferramenta, foi necessário apenas um amplificador, um notebook e microfones. Na fase de criação, os estudantes propuseram uma programação pra lá de inventiva: batalhas de hip-hop, biografia de funcionários da escola e participação de convidados. Angélica acredita que a disciplina eletiva foi uma facilitadora da criação do projeto; ela pensa que o suporte do educador é fundamental para que as ideias dos estudantes se transformem em prática. Na publicação, ela reforça que “escola não se faz só com conteúdo, mas com interação. E a rádio é o diferencial deles”. 

Igualdade de gênero na Escola Estadual Abílio Manoel de Bebedouro (SP)

Na E.E. Abílio Manoel, os estudantes do Ensino Médio tiveram uma iniciativa que valorizou a diversidade e a inclusão. Eles criaram o clube HeforShe (ou “ElesPorElas”), em que organizam ações que promovem a igualdade de gênero. O clube foi inspirado na campanha global da ONU Mulheres, de mesmo nome, que nasceu para engajar  homens e mulheres na luta pela igualdade de gênero. 

Em um primeiro momento, os estudantes identificaram problemas de convivência relacionados ao tema (a ideia de que menina não pode jogar futebol, por exemplo); depois, se tornou um clube juvenil, em que todos os interessados podiam fazer parte.

O projeto realiza um encontro semanal com o orientador Arthur Facchini, ativista e voluntário na escola. Durante os encontros, eles pensam em estratégias de conscientização. Uma delas consistiu em espalhar cartazes pela escola com frases que reafirmam a importância da igualdade de gênero. 

O mais interessante é que as discussões foram além dos muros da escola: dos 23 participantes do clube, 17 firmaram compromisso para serem embaixadores da campanha. A publicação apresenta a opinião da diretora da escola e explica como a autonomia fez a diferença no processo. Segundo Andréa Thomé, diretora da escola, “desde que a instituição passou a ser de ensino integral, em 2015, a participação dos alunos se viu mais incentivada. ‘No ensino integral, a base é o projeto de vida do aluno. E, para esse projeto se desenvolver, o aluno tem de ser protagonista’, afirma. Com mais autonomia dos alunos, surgiu também a ideia de corresponsabilidade. ‘Eles gostam muito de autonomia para usar os espaços da escola, como a quadra e o laboratório, por exemplo. Mas, para isso, perceberam que têm de ficar responsáveis, e que isso não é fácil. É preciso ter planejamento, regras claras’, conta Andréa. Nos clubes, os alunos também exercitam a escolha, reunindo-se a partir de interesses comuns. Além do HeForShe, há vários outros clubes: entre eles, de culinária, esporte, música e teatro”.

>> Para ficar por dentro de todos os projetos e conhecê-los na íntegra, clique aqui e acesse a publicação da revista Educação 

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