Rir é o melhor negócio – entrevista com George Daniel

Blog Rir é o melhor negócio – entrevista com George Daniel

27/07/2020
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Saber rir de si mesmo e levar a vida de maneira leve é marca registrada dos brasileiros. Mas George Daniel levou o bom humor associado à cultura regional a outro nível. Ele é o criador dos Signos Nordestinos, página que começou como uma brincadeira no Facebook e hoje se tornou parte de sua carreira como empreendedor, criador de conteúdo e consultor, fazendo o que ele chama de ‘humor social’.

Nesta entrevista, George conta um pouco mais sobre sua infância, seu primeiro contato com a Educação Empreendedora e como ela transformou sua trajetória de vida, tanto profissional quanto pessoal, além de compartilhar um pouco de seu processo criativo e de trabalho com os Signos. Confira!

signos do nordeste

Como foi a sua infância/adolescência e também o seu primeiro contato com a Educação Empreendedora no ensino médio?

Minha família morou boa parte da vida na zona rural da cidade de Parelhas, município que fica a cerca de 240 km da capital do Estado do Rio Grande do Norte, Natal. Quando completei 6 anos de idade, meus pais decidiram mudar para a zona urbana em busca de uma vida melhor.

Antes de ter contato direto com a Educação Empreendedora, sempre ajudei meus pais, junto com meus irmãos. Dentro dessa trajetória, já vendemos frutas na feira, ajudei meu pai na oficina de bicicleta e, com o crescimento do comércio dele no ramo de bicicletas, trabalhei  durante um tempo na loja.

Meu primeiro contato com a Educação Empreendedora se deu em 2007, durante o ensino médio, quando fiz um curso do Sebrae chamado Despertar. Lá tínhamos que criar um Plano de Negócio de uma empresa fictícia, fazer pesquisa de mercado e por fim colocar um negócio real para vender algo como projeto final, como em uma feirinha. Foi um misto de sentimentos  – amor, ódio, raiva e felicidade –, mas fantástico poder entender alguns dos inúmeros processos para ter um negócio real.

Depois desse, fiz outros cursos do Sebrae: Aprendendo a Empreender; Jovem Empreendedor, e o mais recente, Empretec (2017).

Como a Educação Empreendedora mudou a sua forma de pensar a vida e a carreira?

Muita coisa mudou; acredito que o principal é entender pessoas e processos, ver que podemos errar menos com base no que já existe na literatura ou mesmo nos cases que existem. Costumo dizer que, às vezes, não precisamos ir longe a fim de buscar inspiração para algo, basta olhar do lado que tem alguma pessoa pelejando. Além disso, meus pais sempre foram inspiração para mim.

Tudo mudou na vida pessoal também. Creio que empreender é transformar vidas, para além do que você ganha financeiramente ou do nível de inovação do seu negócio, mas também do que oferece de valor para pessoas se sentirem bem. Seja um serviço de cabelo, seja uma palestra, seja a primeira bicicleta para um filho.

E como mudou a sua percepção sobre você mesmo e o que você poderia alcançar?

Olha, poderia dizer que tudo é questão de esforço, mas não acredito somente isso. Há vários fatores, e, ao longo desses anos, compreendi que, além do esforço, precisamos de pessoas que também acreditem na gente e em nosso projeto. Com essas conexões, podemos crescer. Criar outros caminhos, outras trilhas, com o empreendedorismo não é fácil, mas é transformador.

Com isso tudo, eu comecei a entender mais de mim, o que poderia cobrar e o que poderia mudar. Afinal, a vida é aprendizado, e, quanto menos a gente erra, mais rápido alcançamos alguns objetivos.

Como surgiu a ideia dos Signos Nordestinos?

A página Signos nasceu em maio de 2015, no Facebook, a partir de uma brincadeira. Era muito constante aparecerem conteúdos sobre Astrologia na minha timeline; com isso, tive a ideia de criar uma página sobre signos, só que com uma coisa diferente do tradicional, algo com uma cara mais regional e, principalmente, bem-humorada. Depois disso, criei os 12 signos nordestinos, sendo representados por animais típicos da nossa fauna. Após dois dias, uma página com mais de 2 milhões de seguidores repostou a arte que eu havia feito, o que fez a minha página sair de 25 seguidores para 13 mil em poucos dias.

Toda a representação foi pensada com a intenção de que tivesse o máximo de características nordestinas, desde a xilogravura que representaria o signo, até a fonte e o fundo das imagens. No primeiro ano, a página se manteve com apenas 20 mil curtidas, e, no ano seguinte, dois conteúdos virais a elevaram para 100 mil seguidores (em menos de três meses). Com um um ano e meio, cheguei a 1 milhão de seguidores no Facebook, e o Instagram teve crescimento orgânico sem necessidade de divulgar no Facebook.

O que começou como algo despretensioso se transformou em algo muito maior, não é? Quais conquistas você já teve com os Signos Nordestinos?

Sim, nem eu imaginava que uma brincadeira fosse se transformar no meu negócio, mas, como bom empreendedor, a gente aproveita as oportunidades, não é mesmo? Dentre as coisas que os Signos Nordestinos me proporcionaram, posso citar o meu primeiro emprego pela CLT; graças à visibilidade que ganhei, trabalhei quase três anos em uma agência de comunicação. Ano passado, pedi demissão para me dedicar totalmente a minha empresa.

E 2019 foi um ano marcante: participei ainda no primeiro semestre, em São Paulo, de uma Aceleração, e meu projeto foi selecionado dentre os mais de 1.000 inscritos. Quem diria que aquele menino do interior iria tão longe, né? O Creators Boost foi uma porta para entendimento maior da importância dos Signos para com a comunidade nordestina, ou seja, reconhecer o seu valor como humor social na representatividade de um povo que muitas vezes sofre preconceito por conta do sotaque, da fala ou mesmo por morar na região Nordeste.  A Aceleração durou uma semana e é realizada por uma das principais empresas de conexão em criadores de conteúdo de marcas do país, a YouPix.

Nós nos destacamos na Aceleração e conseguimos o primeiro lugar, e isso foi algo marcante em minha vida. Não somente pela premiação, mas pelas conexões que criei, tanto pessoais quanto profissionais. Voltei a São Paulo no segundo semestre para me apresentar no maior evento de influência do país, o YouPix Summit;nessa oportunidade, o projeto também se destacou e ficamos em terceiro lugar.

Durante esse período, fiz grandes parcerias com marcas nacionais (Itaipava, SEBRAE, Grupo SER, Tenda Construtora, ALA, Ind. São Braz, Primor, etc.)

Além disso, há outras conquistas, como poder viajar e conhecer outros lugares do país. Também quero ressaltar algo que me deixou marcado, isto é,  poder fazer minha primeira viagem com meus pais foi surreal. Não era algo que tinha condição de realizar.

Como é seu processo de pesquisar sobre o público, sobre a cultura nordestina e produzir conteúdo?

Ao longo desses cinco anos, estudei muito sobre Marketing, Comportamento, Linguagem e, vez ou outra, sobre Astrologia. Isso tudo para entender o que aqueles milhões de seguidores desejavam consumir. Compreendi muito o perfil de quem estava ali me acompanhando.

Outro ponto importante foi entender a variação linguística. Muita gente acha que no Nordeste é tudo igual, mas cada estado tem sua peculiaridade, seja de linguagem, seja visual, já que é uma região imensa. Isso foi importante de perceber para escrever cada telinha já publicada.

Ah, captar os números por trás das publicações, o que significava cada feedback, cada desabafo de seguidor também.

Como você desenvolveu um jeito próprio de se comunicar nas redes sociais? Quais elementos você adota no seu conteúdo que se destacam do dos demais produtores de conteúdo?

Hoje os Signos Nordestinos têm uma voz de representatividade, nas mídias sociais, quando o assunto é Nordeste. Mesmo que no primeiro acesso você se identifique com as situações ilustradas de forma bem-humorada, no fim, cada telinha tem um peso, um propósito sobre a cultura nordestina, seja ela ligada a uma situação vivida, seja uma gíria/expressão que faz parte do nosso cotidiano que também ativa o saudosismo para quem mora distante e sente orgulho disso e também para quem pertence a esse lugar e o admira.

Elementos visuais, xilogravuras e identidade própria com linguagem regional é o principal diferencial, embora hoje já existam diversos perfis que adotaram o mesmo estilo visual. Temos uma base com mais de 2 milhões de seguidores (Instagram, Facebook)

Quais são seus planos para o futuro, tanto com os Signos quanto com outros projetos?

Hoje, além das publicidades que faço no perfil, presto consultoria na área de Marketing com foco em Criação de Conteúdo Criativo, sempre voltado para o digital. Ministro palestras para empreendedores, professores e outros perfis. Uma delas é intitulada: “Empreender é Melhor do que Cuscuz”, em que falo sobre Criatividade e sobre o Modelo de Negócios do Projeto de Valorização Cultural. Conto sobre os aperreios, as oportunidades e as superações. Com os causos, destaco características empreendedoras, falo sobre Oportunidade e Planejamento, Marketing e Inovação como diferencial do negócio e muitas outras curiosidades sobre impactar milhões de pessoas diariamente.

De projetos futuros, mas que estão em stand-by, são: canal em formato vídeo, podcast e o livro.

 

Interessante a trajetória do George, não é mesmo? Conheça também a história da Débora Aladim, que começou sua carreira de influenciadora digital, criando conteúdos educativos enquanto ainda estava no ensino médio.

 

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