Saúde mental dos estudantes: maneiras de lidar com o assunto

Blog Saúde mental dos estudantes: maneiras de lidar com o assunto

29/07/2020
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Em 2020 iniciou-se a pandemia provocada pela Covid-19, e uma das medidas para o controle da disseminação da doença foi o isolamento social. Do ponto de vista da educação, o fechamento das escolas acarretou-lhe lacunas pedagógicas e emocionais. E os relatos de alteração na saúde mental dos estudantes têm ganhado destaque.

A  Organização  das  Nações  Unidas  para  a  Educação,  a  Ciência  e  a  Cultura  (UNESCO) estima que mais da metade dos estudantes do mundo inteiro foi afetada com o fechamento das instituições.

Na perspectiva de lacunas pedagógicas, são inúmeros os relatos de professores que precisam retomar algum tópico do conteúdo do ano anterior para conseguirem cumprir com o planejamento didático.

E algumas pesquisas têm sido divulgadas alertando os educadores e os familiares sobre os impactos na saúde mental dos estudantes gerados pela pandemia.

Tem-se registrado aumento dos casos de depressão e de ansiedade, segundo uma pesquisa conduzida pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e pelo Instituto Ayrton Senna. Dois de cada três estudantes do 5º e 9º ano do ensino fundamental e da  3ª série do ensino médio da rede estadual de São Paulo apresentam sintomas.

Nesse cenário, o olhar atento do professor pode salvar vidas. Às vezes algumas mudanças de comportamento passam despercebidas pelas famílias. São exatamente os educadores os primeiros a identificar a presença de sinais de que a saúde mental merece destaque.

A necessidade de observação da saúde mental dos estudantes não é uma novidade no período pandêmico. No entanto, com o isolamento social, os casos foram agravados e multiplicados. Este texto tem como objetivo explanar o assunto e trazer alguns pontos de atenção.

Saúde mental dos estudantes: pandemia, um período de agravamento

A saúde mental já era uma preocupação anterior à pandemia. É na escola que as crianças e os adolescentes passam parte significativa do seu tempo e têm contato com as primeiras experiências de socialização.

Com a pandemia, porém, essa preocupação foi agravada. Foram muitos os fatores que aumentaram a tensão do ambiente, e isso provavelmente tenha sido o gatilho para a elevação significativa dos casos de doenças e de distúrbios de comportamento.

O medo, por exemplo, pode ter sido um gatilho. Ou seja, o medo da doença ou mesmo o medo de morrer foi frequente.

Muitos estudantes viveram na pele essa perda de entes queridos e de amigos.

A convivência familiar mais intensa trouxe também impactos negativos. O ano de 2021, por exemplo, registrou um número recorde de divórcios. Portanto, muitos dos estudantes ficaram expostos a  discussões e rupturas familiares.

A falta de convívio e de socialização também trouxe impacto. O isolamento teve como efeito colateral a redução da tolerância para lidar com as diferenças, e qualquer situação mínima de incômodo pode acarretar irritação.

É com o convívio humano que as crianças aprendem a se relacionar e a gerenciar as emoções. E, depois de um tempo em isolamento, houve perda nessa capacidade de lidar com as emoções.

Os fatores de estresse também foram perceptíveis com a pandemia. Cada pessoa reage de uma forma a esse tipo de estímulo. Mas foi um momento prolongado de  tensão. Foram vários os medos e cenários intimidadores, e isso forçou a capacidade adaptativa das crianças, jovens e adultos.

Papel das escolas na promoção da saúde mental

As escolas podem contribuir, por exemplo, para promover a saúde mental. Ainda existem tabus sobre acompanhamentos psicológico e psiquiátrico, que podem ser rompidos com campanhas educacionais.

O professor tem uma visão privilegiada dos estudantes, porque ele pode observar o comportamento do estudante em diversos contextos.

Em uma mesma turma, existem estudantes da mesma idade, facilitando a comparação entre eles. Assim, é mais possível identificar situações que se distinguem do esperado e atitudes atípicas para determinada faixa etária.

E é possível acompanhar o comportamento em contextos e em tarefas diferentes. Em momentos em que o estudante precisa se atentar a aula, escrever, falar em público e se relacionar com os colegas.

Alguns sinais de alerta para os professores:

Um professor sensível é capaz de identificar alguns traços que podem indicar necessidade de algum tipo de intervenção. Listamos alguns deles.

  • Queda no desempenho escolar.
  • Dificuldade de concentração.
  • Queixas de dor de cabeça constante ou nas costas.
  • Dificuldade de equilíbrio e quedas frequentes em sala de aula.
  • Aumento da dificuldade de comunicação e de relacionamento com os colegas.
  • Transtornos específicos de aprendizagem – leitura, escrita ou matemática – mesmo em situações de bom funcionamento geral intelectual e emocional.
  • Rendimento abaixo do esperado em algumas áreas.
  • Ganho ou perda de peso expressivos em um curto intervalo de tempo.
  • Mudança repentina de comportamento (era um estudante comunicador e ficou muito tímido).
  • Timidez excessiva.
  • Agressividade.
  • Crises de choro.
  • Queixa de falta de ar.
  • Apatia e falta de interesse generalizada.
  • Crises de ansiedade.
  • Medo generalizado.
  • Negativismo.
  • Isolamento.
  • Sonolência excessiva.

É importante destacar que o professor não tem a função de realizar diagnósticos, tampouco cabe a ele essa responsabilidade, mas o docente pode sim contribuir com a promoção da saúde.

Algumas atitudes práticas que os professores podem adotar

Independentemente do aumento de casos ser ou não uma realidade na sua escola, existem algumas medidas que podem contribuir para a promoção da saúde mental.

  • Informar aos pais e aos colegas de profissão sobre o aumento dos registros de casos de depressão e ansiedade.
  • Falar sobre situações de estresse e dar oportunidade para que outras pessoas compartilhem, na sala dos professores, por exemplo.
  • Escutar quando procurado por algum colega ou estudante.
  • Saber acolher e respeitar quando alguém “se abrir” sobre alguma queixa.
  • Conhecer os serviços de saúde, os locais e endereços de atendimentos gratuitos e voluntários na região.
  • Fixar cartazes sobre a importância de cuidar da saúde mental.
  • Quando necessário, conversar com as famílias e orientar que elas procurem por ajuda profissional.
  • Solicitar apoio da coordenação, direção e de profissionais especializados para promover o assunto.
  • Convidar profissionais especializados para palestras e formação com os estudantes.

 

A inteligência emocional e a promoção de habilidades socioemocionais

Uma forma de apoiar ou contribuir para melhoria da saúde mental dos estudantes é a promoção da inteligência emocional.

Inteligência emocional é a capacidade de administrar as próprias emoções e as emoções das pessoas que nos cercam. Assim como a inteligência matemática, é uma habilidade que pode ser adquirida.

Saber dosar os sentimentos, administrar crises de irritabilidade ou controlar situações de sensibilidade extrema são exemplos de habilidades relacionadas com a inteligência emocional.

A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) prevê o trabalho de algumas dessas habilidades em sala de aula. Portanto, as escolas podem aproveitar desses momentos para promover a saúde mental.

A Educação Empreendedora, por seu turno, vai ao encontro desse trabalho. Uma vez que muitas das habilidades de uma pessoa inteligente emocionalmente são essenciais visando desenvolver um espírito empreendedor.

Para saber mais sobre como promover a saúde mental dos estudantes, acesse o nosso Guia da Inteligência Emocional.

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