Quem cuida também precisa de cuidado: 4 dicas de saúde mental para professores

Blog Quem cuida também precisa de cuidado: 4 dicas de saúde mental para professores

13/10/2023
Compartilhe este conteúdo

O cuidado que se revela na profissão dos educadores aparece em todo e qualquer detalhe. Está na conversa do dia a dia com o estudante, no planejamento da aula, no carinho com o conteúdo, no olhar afetuoso, nas mãos que se estendem oferecendo apoio… Mas o fato é que quem cuida também merece cuidado, não é? Pensando nisso, separamos algumas dicas de saúde mental para os professores. Acompanhe! 

O que dizem os números

Um levantamento realizado entre julho e dezembro de 2022 ouviu 6775 professores de escolas públicas de todo o país (municipais e estaduais), e trouxe um dado preocupante, conforme aponta a publicação da Agência Brasil: pelo menos 71% dos professores brasileiros estão estressados pela sobrecarga de trabalho. A pesquisa foi realizada pelo Ipec e encomendada pelas organizações Todos Pela Educação, Itaú Social, Instituto Península e Profissão Docente.

Além disso, o apoio psicológico se revelou como uma das principais preocupações dos docentes, superando até mesmo a necessidade do aumento salarial. 

“Além dos desafios relacionados à formação inicial [84% concordam que cursos presenciais formam docentes melhor preparados], outras preocupações são evidenciadas na pesquisa. Apenas 7% dos entrevistados concordam (2% totalmente e 5% em parte) que, no Brasil, os professores são tão valorizados quanto médicos, engenheiros e advogados, e 92% concordam (61% totalmente e 31% em parte) que gostariam de participar mais do desenho de políticas e programas educacionais de sua rede de ensino. Contudo, uma notícia positiva é que a maioria dos entrevistados, se pudesse decidir novamente, ainda escolheria ser professor — cerca de 8 em cada 10 concordam (62% totalmente e 21% em parte) com essa afirmação. […]

Dentre 10 medidas investigadas, foram quatro itens os que concentraram as escolhas desses profissionais: a oferta de apoio psicológico a professores e estudantes (18%); o aumento do salário dos professores (17%); a promoção de programas de reforço e recuperação (16%) e a promoção do envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (14%). Dessa forma, pode-se observar que as maiores urgências consideradas pelos professores têm estreita relação com os principais desafios enfrentados por eles no dia a dia.”

Fonte: https://todospelaeducacao.org.br/noticias/pesquisa-de-opiniao-de-professores/

E os dados não param por aí: uma pesquisa de 2023 da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que a síndrome de burnout atingiu ⅓ dos professores da educação básica. 

Tendo em vista esse cenário, entendemos que há uma série de ações e expectativas que são estruturais — e dependem, além das instituições escolares, de políticas públicas e da articulação entre governo federal e estados e municípios. Mas, pensando no âmbito pessoal — e no que está ao alcance de cada um —, como os professores podem atuar para cuidar da própria saúde mental? Confira as dicas que separamos a seguir!

4 saúde mental para professores dicas de saúde mental para professores

Enfrente e conheça as suas emoções

Mostrar-se vulnerável e expressar emoções e sentimentos não é um movimento que deve ser motivo de vergonha — pelo contrário, é a partir disso que novos caminhos podem se abrir. O designer de experiência de aprendizagem, palestrante e professor Eduardo Valladares reforçou, em entrevista ao CER, que a educação não funciona sem a vulnerabilidade. “Aprender é sentir. Quando a gente se vulnerabiliza, a gente mostra a nossa humanidade. E isso tudo repercute na forma como tratamos, enxergamos e lidamos com as nossas emoções. As emoções são o melhor caminho para a autoconsciência, para o autoconhecimento, para a vulnerabilidade”, aponta.

Assumir uma postura de aprendiz, mesmo enquanto professor, também pode ser valioso nesse processo. “Vale frisar aqui a postura de aprendiz. Eu também aprendo quando ensino, quando me coloco numa postura ativa de escuta, de compaixão, de empatia. Isso abre uma verdadeira conexão. Aprender requer conexão. Então, professores e gestores, de uma forma geral, precisam também fazer o grande exercício de querer estar aberto ao novo, ao inesperado, ao incerto e trabalhar com suas emoções. Isso nos torna mais potentes”, sinaliza o professor. 

Conte com ferramentas digitais para otimizar a rotina

Hoje em dia, há uma série de ferramentas e aplicativos que podem apoiar a construção de aulas mais dinâmicas e facilitar a gestão do tempo, um recurso tão caro para o professor. Ao automatizar tarefas operacionais, o educador pode ter mais tempo para focar em assuntos estratégicos. 

Apps como Evernote, Teacherkit, Remind, Edmondo e Class Dojo são alguns exemplos já utilizados por muitos educadores. Leia aqui sobre os detalhes de cada um deles e descubra a melhor forma de aproveitá-los.

Converse com quem está por perto

Se os dias estão difíceis e o trabalho tem exigido mais do que o normal, não hesite em pedir ajuda e compartilhar o cenário com outras pessoas. Conversar com o gestor educacional, com o diretor ou supervisor e até com os pares de trabalho pode, além de trazer alívio, trazer soluções que você sequer esperava. 

As redes de apoio fazem toda a diferença e são fundamentais para todos, especialmente em momentos de sofrimento. Leônia Teixeira, docente do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), falou nesta publicação sobre como essas redes ampliam a experiência de cuidado. “Uma rede de apoio pode ser composta por profissionais de equipamentos de saúde, de educação, da assistência social, mas, muitas vezes, são pessoas dos vínculos mais próximos que possuem relações de identificação com quem sofre. […] Considerar que laços afetivos possibilitam o compartilhar de experiências e de saberes é fundamental”, revela. 

Não negligencie o cuidado com o corpo

Você já sabe, mas não custa repetir: a atividade física libera dopamina e serotonina, neurotransmissores que trazem sensação de bem-estar e relaxamento e aumentam a disposição. 

Olha só que interessante: no documentário Mind Games – The Experiment, resultado de uma ação da Asics, uma equipe acompanhou quatro jogadores (especializados em esportes da mente, como xadrez e memorização) enquanto faziam exercícios regulares para melhorar suas classificações. Eles não tinham o costume de se exercitar. Depois de quatro meses de atividades físicas regulares, os resultados foram bem animadores, como mostra a matéria da Uol:

  • As classificações internacionais dos participantes melhoraram em 75%. 
  • A função cognitiva dos jogadores foi aumentada em média 10%. 
  • A habilidade de resolução de problemas melhorou em 9%. 
  • A memória de curto prazo aumentou em 12%. 
  • A velocidade e o alerta de processamento foram ampliados em 10%.
  • Os níveis de confiança do grupo aumentaram em 44% 
  • Os de concentração, em 33%. 
  • Os de ansiedade caíram 43%. 

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2023/01/22/experimento-testa-teoria-exercicio-fisico-pode-aumentar-poder-do-cerebro.htm

“A pesquisa mostra que o exercício pode ser tão eficaz para melhorar a função cerebral quanto aprender um segundo idioma, ler diariamente, tocar um novo instrumento musical ou resolver um quebra-cabeça todos os dias”, revela a publicação. 

E esses cuidados não se limitam apenas à atividade física: adotar a prática da meditação, pensar em um detox digital e garantir um tempo adequado de sono (de qualidade!) também fazem toda a diferença para o corpo e para a mente.

E por aí, como você tem feito para cuidar da própria saúde mental? Aproveite para ler também a entrevista sobre acolhimento psicológico para professores, com a psicóloga Camila Moura.

Compartilhe este conteúdo

Assine a Newsletter

Fique por dentro de todas as novidades