Blog O papel da Educação Empreendedora na transformação da educação | Entrevista com Edleide Alves
27/11/2023
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Sem nenhuma dúvida, a Educação Empreendedora é uma proposta educacional para toda a comunidade escolar. Ela trabalha um conjunto de habilidades técnicas e comportamentais que formam jovens críticos, transformadores e preparados, com o intuito de gerar valor para o mundo.
Para entender melhor como essa abordagem é capaz de transformar a educação, entrevistamos Edleide Alves, gerente de Educação Empreendedora do Sebrae Nacional. Confira como foi o bate-papo!
Como você acredita que a Educação Empreendedora pode transformar a educação?
Quando falamos em Educação Empreendedora, temos que compreender sistemicamente o que isso significa e quais são as ações necessárias para que ela aconteça. Essa entrega passa por aspectos relacionados a políticas públicas, à gestão de recursos e pessoas, à formação continuada de educadores, ao bom uso dos espaços e recursos da escola, a metodologias ativas que favoreçam o desenvolvimento das competências empreendedoras.
Como apontado pela Comissão Europeia em seu documento “Educação para o Empreendedorismo”, de 2014, a educação para o empreendedorismo tem três objetivos: permitir que educadores e estudantes encarem o processo de aprendizagem como “empreendizagem”, promovendo o engajamento, a autonomia e a orientação para o agir; fornecer dados e informações que demonstram a entrega de valor e as transformações efetivas no ambiente escolar e na vida dos indivíduos que experimentam essa abordagem; e desenvolver a percepção de oportunidades, criatividade, inovação, colaboração, autoconsciência, autoeficácia e predisposição para agir.
A Educação Empreendedora, por fim, é uma ferramenta para alimentar sonhos concretizáveis. Uma maneira de estar no mundo com um objetivo e com ferramentas para colocar esse propósito em ação. Por isso alcança gestores públicos, educadores e estudantes.
Olhando para trás, você consegue citar os ganhos que já tivemos com a Educação Empreendedora?
No Sebrae a Educação Empreendedora existe, há aproximadamente 30 anos, por meio de ações realizadas pelas unidades estaduais. Há dez anos, nasceu o Programa Nacional com o objetivo de tornar essa atuação sistemática e organizada para uma entrega de valor à educação brasileira.
Nesses dez anos, atendemos mais de 1,1 milhão de educadores e 15 milhões de estudantes, que tiveram a vida impactada.
E, numa perspectiva futura, como acredita que a Educação Empreendedora será capaz de contribuir?
Essa temática é cada vez mais necessária e convergente com as competências portadoras do futuro. O Sebrae, nos próximos ciclos, vai ampliar a sua conexão com a educação, mobilizando todo o ecossistema em uma entrega conjunta que respeita características, necessidades e vocações territoriais
Qual relevância as competências empreendedoras têm nesse contexto de transformação?
As competências empreendedoras compreendem os aspectos socioemocionais, laborais e cognitivos, tendo como base o reconhecimento de ideias e oportunidades em diferentes contextos, e possibilitam a transformação e a inovação de práticas, embasadas pelos pilares do “aprender a conhecer”, “aprender a ser”, “aprender a conviver” e “aprender a fazer”.
É preciso ressaltar que as competências empreendedoras não são voltadas apenas para o empreendedorismo comercial, mas também para o empreendedorismo social, o intraempreendedorismo, ou seja, fazem parte da construção de projetos de vida.
Sabemos que as profissões do futuro serão cada vez mais efêmeras e passarão por mudanças constantes, de acordo com o contexto social e tecnológico. Nesse sentido, as competências empreendedoras são a base para a adaptação às possíveis transformações, tornando-se competências portadoras de futuro.
E a tecnologia?
A tecnologia, especialmente o uso de Inteligência Artificial (IA), é um caminho sem volta que exigirá o maior desenvolvimento do pensamento crítico e a valorização dos sentidos de proximidade nas interações, principalmente no contexto da escola. Nunca foi tão primordial desenvolver o pensamento crítico relacionado a um propósito, tanto no processo de aprendizagem quanto em projetos de vida.
A tecnologia deve ser encarada como uma extensão do corpo e da inteligência do homem, como preconizava Marshall McLuhan. Gestores públicos e educadores precisam ser formados para fazer o melhor uso dessas ferramentas na gestão pública, na gestão escolar e nas dinâmicas em sala de aula. A aproximação da escola aos ecossistemas de inovação pode contribuir tanto para pensar o uso da tecnologia na escola quanto para promover a ideação de soluções por meio de projetos desenvolvidos pelos estudantes.
Falar em Educação Empreendedora também é se referir ao estudante no centro da proposta pedagógica. Como você enxerga a contribuição desse movimento para a transformação da educação?
Acredito que esse deveria ter sido sempre o princípio da educação. Por esse motivo, o objetivo de educar por meio do empreendedorismo, aquele em que estudantes e educadores passam pelo processo de “empreendizagem”, se faz tão necessário.
O professor, sendo esse grande mobilizador do processo de aprendizagem, deve ser constantemente formado para imprimir sentido às metodologias aplicadas em sala de aula. Os estudantes, por sua vez,devem encontrar esse sentido e desenvolver autoconhecimento e autonomia, sendo movidos pela curiosidade, identificação de oportunidades, criatividade, cooperação e pela orientação à ação. Ou seja, desenvolvendo efetivamente competências empreendedoras para toda a vida.
Quais conselhos você daria a um professor que tem interesse em levar a Educação Empreendedora à sala de aula, mas ainda não sabe por onde começar?
Em primeiro lugar, é importante compartilhar suas práticas de ensino. Muitos professores transformam realidades, mas não se reconhecem como educadores transformadores. É preciso buscar a formação continuada, além de conhecer projetos de outros educadores. O Centro Sebrae de Referência em Educação Empreendedora (CER) oferece diversas atualizações e conteúdos on-line para educadores. A Faculdade Sebrae disponibiliza, por exemplo, o MBA em Educação Empreendedora 5.0, além de diversos cursos de curta duração. Além disso, estão abertas as inscrições para o prêmio Educador Transformador, que reconhece esses profissionais que estão transformando vidas e realidades.
E para instituições escolares que pensam em implementar a abordagem, mas ainda tem dúvidas, que orientação daria?
O Sebrae vem realizando uma abordagem estruturada, que passa pelo reconhecimento de necessidades por intermédio de lideranças da educação nos territórios, fazendo uma interlocução com as secretarias estaduais e municipais até chegar às escolas, onde realiza um diagnóstico, reconhece ações já implementadas e propõe um plano de trabalho voltado à ampliação da Educação Empreendedora.
De outra forma, os gestores escolares interessados podem procurar os pontos de contato do Sebrae para mais informações. Clique aqui para conhecer nossas soluções relacionadas a cada modalidade/nível de ensino.
Quais materiais você recomenda para membros da comunidade escolar que querem saber mais sobre Educação Empreendedora? Filmes, livros, portais, podcasts, etc.
- [Filme] Além da Sala de Aula
- [Filme] O Menino que Descobriu o Vento
- [Podcast] Papo Educação – Ep. #18 Vamos Debater Empreendedorismo
- [Podcast] Ep. #20 – Cultura de Inovação e Projeto Bilíngue
- [Portal] Centro Sebrae de Referência em Educação Empreendedora (CER)
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