Como combater o bullying com as competências socioemocionais

Blog Como combater o bullying com as competências socioemocionais

24/10/2019
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Uma pesquisa realizada pela ONU, em 2016, com 100 mil crianças e jovens de 18 países, mostrou que cerca da metade deles já havia sofrido bullying, definido como atos de provocação, exclusão ou violência física praticada por estudantes contra outros estudantes, em algum momento da vida. O relatório evidenciou como o combate ao bullying é ainda um grande desafio para professores e gestores de escolas na atualidade.

Particularmente no Brasil, a situação é bastante crítica. De acordo com a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de 2018, realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as escolas brasileiras têm duas vezes mais chances de ter práticas de bullying do que a média geral das instituições de ensino nos outros 48 países pesquisados. Ainda, dados do instituto de pesquisas Ipsos colocam o Brasil como o segundo país com a maior incidência de casos de cyberbullying no mundo.

Efeitos negativos do bullying

As consequências desse tipo de violência, que pode aparentar ser algo banal e comum ao ambiente escolar, são profundas e duradouras. O relatório da ONU afirma que crianças que sofrem bullying são frequentemente marginalizadas e mais propensas a sofrer de solidão. A prática coloca “corpos, mentes e vidas em risco”, causando ferimentos físicos e podendo acarretar depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio.

Tanto as vítimas como os agressores sofrem com efeitos negativos que persistem na vida adulta, atrapalhando o desenvolvimento pessoal. O documento diz que, quando são afetadas pelo bullying, as crianças “não conseguem tirar vantagens das oportunidades de desenvolvimento abertas a elas nas comunidades e nas escolas nas quais vivem”.

Nesse triste cenário, o papel dos educadores, dos pedagogos e dos gestores de escolas para prevenir e combater o bullying é tanto essencial quanto urgente. Neste artigo, descubra como competências socioemocionais, como empatia, integridade e saber lidar com a diversidade, podem ser ensinadas para prevenir esse tipo de violência no ambiente escolar.

Competências socioemocionais como chave para combater o bullying

As competências socioemocionais, ou soft skills, são habilidades relacionadas a como as pessoas interagem entre si e lidam com os acontecimentos ao seu redor. Elas são essenciais para o bom convívio e o bom andamento dos projetos em qualquer ambiente. Por isso, têm adquirido grande destaque na sociedade atual, principalmente no recrutamento de profissionais em empresas.

No âmbito educacional, as competências socioemocionais também estão em evidência, principalmente após a redação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento, que define os conhecimentos e as habilidades essenciais que todos os estudantes brasileiros precisam ter por meio do ensino básico, lista competências como autonomia, responsabilidade, resiliência, valorização da diversidade, empatia e ética como parte dos elementos básicos que devem ser aprimorados na escola.

Desenvolver essas habilidades são uma forma de treinar os jovens a se portarem de forma correta e saudável em seus relacionamentos. Por isso, as competências socioemocionais podem ajudar tanto a prevenir quanto a combater o bullying, equipando os estudantes para que lidem com ele da melhor forma caso se tornem vítimas.

Competências que ajudam a combater o bullying

Confira algumas competências que ajudam a combater o bullying por meio da prevenção.

Empatia

A primeira e principal competência que ajuda a combater o bullying é a empatia, definida como a capacidade de se colocar no lugar do outro. Ao desenvolvê-la, a criança cria sensibilidade com a dor das outras pessoas e passa a pensar duas vezes antes de cometer um ato que não gostaria que fosse feito com ela.

Uma das formas de trabalhar a empatia em sala de aula é dividir os jovens em grupos para que troquem experiências de vida. Com base nesses relatos pessoais, eles vão entender a realidade uns dos outros e criar laços de compreensão e solidariedade. Outra maneira é valendo-se da literatura: histórias de personagens com vivências diferentes das dos estudantes os ajudam a se identificarem com realidades distintas.

Saber lidar com a diversidade

Muitas vezes, o bullying está relacionado a incompreensões e preconceitos contra aspectos relacionados à aparência física, à personalidade, ao gênero, à orientação sexual, à deficiência, à etnia, ao país de origem, à cultura e à religião dos jovens, dentre outros.

Por isso, é muito importante ensinar a habilidade de lidar com a diversidade, mostrando que a criança precisa respeitar ideias, posições políticas, preferências e costumes dos outros, mesmo que não entenda esses ou que não goste dessas pessoas. Tal habilidade demanda saber administrar e racionalizar as reações que o contato com a diversidade do outro provoca.

A capacidade de lidar com a diversidade pode ser trabalhada no ensino formal mediante situações que promovam a aproximação, o conhecimento e a convivência com as diferenças. Uma possível ação é convidar uma pessoa com deficiência a conversar com os alunos e a esclarecer dúvidas abertamente. Outra ideia é firmar parceria com empresas de intercâmbio visando receber alunos estrangeiros na escola, dando mais oportunidades de convivência com o diferente.

Integridade

A integridade tem a ver com valores éticos e morais. Uma pessoa íntegra é aquela que se comporta de acordo com o que considera bom e verdadeiro. Isso envolve ter esses valores bem estabelecidos e se comprometer com eles, agindo com responsabilidade pelas suas ações. Uma criança estimulada a desenvolver a competência socioemocional da integridade terá menos chances de ser influenciada pelo contexto e pelo grupo de amigos a praticar bullying contra outra criança.

A escola pode ajudar a família no papel de ensinar valores aos jovens ao exaltar comportamentos corretos no âmbito escolar, apresentar histórias de pessoas que agiram de forma íntegra ou fazer um questionário com perguntas sobre situações próximas à realidade dos estudantes, do tipo “o que você faria se…”, explicando as melhores formas de agir diante daquelas circunstâncias.

As competências socioemocionais são muito importantes para o desenvolvimento pessoal dos estudantes, tendo papel essencial para suprimir o bullying nas escolas. Veja também nosso post sobre por que a diversidade em sala de aula é fundamental para a qualidade da educação.

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