Médicos, policiais, bombeiros, jornalistas, agentes penitenciários. Na lista das profissões que se submetem a condições arriscadas e estão mais propensas à síndrome de Burnout – ou esgotamento mental – uma delas chama a atenção: a de professor. Embora muita gente não saiba, educadores apresentam alto índice de estafa mental. Durante o período de isolamento social, imposto como medida de controle da COVID-19, educadores de todo o Brasil têm relatado se sentirem ainda mais pressionados e sobrecarregados. Por isso é muito importante pensar na saúde mental dos professores.
Neste post, apresentamos algumas práticas que podem ajudar você, gestor educacional, a cuidar melhor da saúde mental dos professores durante os tempos atuais, mas também em qualquer situação difícil pela qual a instituição de ensino esteja passando.
Um dos fatores que mais têm contribuído para o estresse no período atual é a falta de costume com a dinâmica do home office e das aulas on-line. Ajudar sua equipe de forma prática nesse sentido pode contribuir para cuidar da saúde mental dos professores, que se veem diante de muitas mudanças em um curto período de tempo.
Existem diversos métodos e aplicativos direcionados à gestão de tarefa e do tempo de trabalho. Escolha um mix que funcione bem para o seu time e seja fácil, ao mesmo tempo. Vai fazer toda a diferença!
Durante o período de distanciamento social, manter os relacionamentos e a troca de experiências e ideias é fundamental tanto para aliviar a pressão das novas cobranças que surgem com o momento quanto para cuidar da saúde mental dos docentes. Por isso, como gestor educacional, você pode criar um momento no dia ou na semana para a interação entre a equipe de educadores e os professores, seja com uma pauta fixa, seja com temas livres, com o objetivo de compartilhar como eles têm se sentido, suas dúvidas ou conquistas nos últimos dias.
É importante também criar espaço na sua agenda para momentos com cada um deles, visando manter o senso de cuidado e proximidade.
Checar a “temperatura” da equipe pode ajudar você a monitorar também o clima interno. Caso vocês tenham um grupo de WhatsApp, de e-mails ou um fórum em alguma rede social, uma boa ideia para monitorar a saúde mental dos professores é sugerir uma brincadeira simples,por exemplo, a intitulada “Como eu estou me sentindo hoje?”, em que cada um pode responder a essa questão apenas com um emoji.
Não só manter um relacionamento mais próximo durante períodos difíceis, mas aumentar a frequência com que você dá feedback à equipe pode ajudar a cuidar da saúde mental dos professores, especialmente durante o período de trabalho remoto e de aulas on-line. É muito comum que a pessoa perca referências – normalmente encontradas nos colegas de trabalho e pares – quando trabalha de forma mais isolada, passando a se sentir mais insegura em relação ao seu desempenho. Assim, sessões de feedback mais constantes podem ajudar a manter a motivação e elevar o nível de confiança de toda a equipe.
O momento não é o mais adequado para implantar novos processos, mudar a rotina ou enrijecer os métodos de avaliação de desempenho ou controle de entregas. Durante períodos de crise, o melhor é apostar na simplicidade: processos mais enxutos, simplificados, comunicação clara e confiança na equipe. Isso reduz o desgaste desnecessário, para além do que a própria conjuntura apresenta, e ajuda a manter o time mais engajado no mesmo propósito.
Nesse sentido, estabelecer metas de curto prazo também ajuda. Assim, a equipe tem a sensação de dever cumprido com mais frequência e se mantém com a energia e a saúde mental em alta.
Enquanto a escola se adapta ao novo momento, exigir perfeição pode não ser a melhor maneira de contribuir com a saúde mental dos professores. Entenda que todos estão reaprendendo a dar aulas, acolha os erros como parte do aprendizado e da inovação e se coloque no mesmo barco que o restante do time. Isso não necessariamente significa baixar os padrões de exigência, mas sim comemorar as pequenas conquistas e valorizar o esforço, mais do que mirar em objetivos grandiosos.
Essa é uma lição que deve ser levada para a sua gestão, não só em momentos difíceis. Em geral, brasileiros têm dificuldade de entender o “não” vindo do outro, e a comunicação em ambientes profissionais tende a ser subjetiva, feita em entrelinhas. Isso acaba gerando ainda mais pressão nos profissionais e criando um clima de incerteza. Por isso, valorizar o posicionamento claro dos profissionais é uma das maneiras de cuidar da saúde mental dos docentes em sua equipe. Aos poucos, tal prática vai criando um clima de confiança e mais maturidade nas relações, beneficiando todos.
Ter hora para começar a trabalhar e hora de parar é uma das modos mais eficazes de colaborar com a saúde mental dos professores e a de qualquer outro profissional. No trabalho em home office, tais limites tendem a ser mais diluídos, e não é raro ver profissionais exagerando na carga horária laboral. Por isso, seja o primeiro a dar o exemplo. Desligue-se sempre que possível, evite enviar e-mails e mensagens fora do horário comercial e incentive que os professores não façam horas extras desnecessárias. Uma equipe descansada tem ideias melhores e performa melhor, você vai ver.
Quer mais dicas práticas de como cuidar da saúde mental dos professores,bem como da dos alunos e da sua própria? Assista à live com o professor e psicólogo comportamental da Escola de Formação Gerencial do Sebrae (EFG) em Minas Gerais, João Andrade.