Nos últimos anos, a inclusão social e o empreendedorismo se tornaram assuntos amplamente discutidos, principalmente quando falamos sobre o cotidiano nas instituições de ensino. Mas você entende a relação entre as duas práticas?
Para compreender melhor essa conexão, imagine duas situações.
De um lado, está uma equipe em que todos os profissionais têm repertórios e vivências semelhantes. De outro, há um grupo diverso, formado por pessoas com backgrounds distintos. Qual delas tem mais chance de ter ideias “fora da caixa”? A resposta ajuda a explicitar a relação entre empreendedorismo e inclusão social.
Neste artigo, você vai entender essa conexão, além de descobrir como a escola que aposta na diversidade pode ser decisiva em relação à formação de jovens mais preparados para os desafios do futuro.
Antes de mais nada, é muito importante compreender o que é a inclusão social. Embora o tema ganhe cada vez mais destaque na sociedade, nem sempre ele é compreendido por todos.
Trata-se do conjunto de ações dirigidas a indivíduos excluídos do meio social. Essa exclusão pode ser provocada por cor da pele, gênero, orientação sexual, deficiência física ou mental e até classe social.
Essas medidas têm o propósito de garantir que todas as pessoas tenham boas oportunidades de acesso a educação, emprego, saúde, renda, cultura e outros bens e serviços.
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Inclusão social na Educação Empreendedora
Abrimos este texto lhe apresentando um cenário hipotético. Se você respondeu à pergunta e apostou que o segundo time, a equipe diversa, tem mais chances de sucesso, sua resposta vai ao encontro da opinião de especialistas em recursos humanos, consultorias, empresas de grande porte e até mesmo da Organização das Nações Unidas (ONU).
Todos eles defendem que ambientes marcados pela diversidade são muito mais férteis para a inovação. O intercâmbio de ideias e soluções é muito mais rico e variado em equipes que não vieram de um mesmo lugar. Diante de tantas visões distintas, o profissional seguramente sairá de sua zona de conforto e terá acesso a pontos de vista e opiniões diferentes das suas.
As empresas já se atentaram para isso. É cada vez mais comum a criação de comitês ou equipes focadas em promover a diversidade. Uma das pioneiras nesse sentido é a IBM, que conseguiu, só em 2018, aumentar em mais de 70% a contratação de mulheres e negros.
Um estudo da consultoria McKinsey, por exemplo, mostra que negócios que investem em times diversos são 33% mais propensos a obter retornos financeiros acima da média nacional de seus setores.
Trabalhar temas importantes para a sociedade atual, como igualdade de gênero, direito de minorias, combate ao racismo, homofobia e qualquer tipo de preconceito, é fundamental. Os jovens levarão toda essa bagagem para o mercado de trabalho no futuro.
No ambiente escolar, trazer diferentes perspectivas favorece a troca de ideias e facilita o caminho por soluções inovadoras, hoje tão procuradas pelas empresas.
Para proporcionar uma aprendizagem pautada pela diversidade, é necessário elaborar conteúdos relacionados à diversidade, trazendo exemplos do cotidiano e estimulando que os estudantes trabalhem a empatia.
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Quando é responsável por solucionar problemas ou criar soluções, uma equipe diversa enfrenta um caminho mais complexo. Pessoas com visão de mundo distinta terão liberdade para expor opiniões e argumentos variados, muitas vezes opostos.
Mas essa também pode ser a chance de detectar possibilidades mais interessantes – e de agir com iniciativa e resiliência para testar uma nova ideia. Ou seja, a diversidade pode ser combustível para uma atitude marcada pelo protagonismo e pela iniciativa. É quando o empreendedorismo e a inclusão social se encontram.
As duas vertentes também podem ser uma força potente que busca motivar a oferta de novos produtos e serviços alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Nesse caso, a força motriz vem de empreendedores dedicados a solucionar problemas sociais, como acesso à saúde e à educação, à erradicação da pobreza e a mudanças climáticas.
Quando uma ideia dá certo e alcança os resultados almejados, a relação entre empreendedorismo e inclusão social também se fortalece, porque serão negócios focados em diminuir desigualdades.
Já deu para entender que empreendedorismo e inclusão social se retroalimentam no mercado de trabalho. Mas como a escola pode contribuir nesse contexto?
Para responder à pergunta, vale a pena relembrar a importância de desenvolver habilidades socioemocionais em sala de aula.
De acordo com diversos especialistas, as soft skills são um dos caminhos mais importantes para corresponder aos desafios da indústria 4.0. A fim de que consigam destacar-se no mercado de trabalho, os jovens precisam estar preparados para agir com resiliência, empatia, inteligência emocional, liderança e colaboração.
Essas características serão importantes para que esses profissionais do futuro sobressaiam nos ambientes organizacionais do futuro. Ou seja, eles precisam estar abertos a reaprender constantemente, saber trabalhar no modelo de contratação por projetos e executar tarefas em colaboração com outros – entre diversas outras responsabilidades citadas anteriormente.
Agora, e se a escola já estivesse dedicada a ser um laboratório para desenvolver todas essas habilidades? É exatamente aqui que a educação se encontra com o empreendedorismo e a inclusão social.
Na prática, se professores dedicam um tempo para desenvolver estratégias que coloquem estudantes diante de situações completamente distintas de sua realidade, esse pode ser o ponto de partida para provocar novos questionamentos.
Quanto mais aprende e convive com realidades diversas, mais aberta, tolerante e empática pode ser a turma, além de mais atenta a novas possibilidades de agir. Seria, portanto, a chance de fortalecer a atitude empreendedora em jovens.
Você deve estar se questionando como a escola pode incentivar a diversidade. Algumas opções para associar empreendedorismo e inclusão social podem estar no incentivo a intercâmbios com outras instituições que enfrentam realidades distintas.
Uma ideia possível é promover o contato da turma com escolas de outros bairros em torno de projetos que estimulem a troca de experiências.
Outra possibilidade é fomentar a vinda de estudantes de outros países para aulas de inglês ou espanhol. Além de aprenderem um novo idioma, os jovens têm a chance de conhecer outras culturas ao redor do mundo.
Afora isso, o tema diversidade deve estar presente de forma constante. A meta do educador é reforçar a importância do respeito às diferenças, combater o bullying e qualquer outra forma de discriminação.
O empreendedorismo e a inclusão social podem ser aliados na escola, e as novas tecnologias cumprem importante papel nessa parceria. Leia a entrevista sobre o assunto com o professor doutor Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual Paulista (Unesp).