Ensino baseados em
competências

Entenda a tendência que está transformando os rumos da educação

Olhos atentos
ao futuro

Você sabe quais serão as principais ocupações do futuro? Como serão os espaços de trabalho, o ambiente industrial e as relações laborais em 2030? Responder a essas perguntas tem sido o foco de atenção de instituições renomadas, como o Fórum Econômico Mundial e a Organização Internacional do Trabalho. Elas investem em pesquisas e análises para tentar entender como a Quarta Revolução Industrial irá mudar o mundo em que vivemos.

A preocupação é genuína: num futuro não tão distante, o nível de automação das indústrias será tão grande que eliminará uma série de ocupações que hoje empregam muitas pessoas. Por outro lado, o uso de big data, inteligência artificial, comunicação em nuvem e outras novidades necessitarão de profissionais capacitados e engajados na busca pela inovação.

Nesse universo, educadores defendem que é necessário revolucionar a forma como se ensinam crianças, jovens e adultos. Para muitos, o modelo tradicional de ensino, marcado pela transmissão de conteúdo, pela divisão em disciplinas e pelo ensino técnico, é ineficaz na preparação do aluno para o futuro. Assim, ganha força uma forma alternativa de ensinar: a educação baseada em competências.

“Precisamos nos preparar para a substituição de uma gama mais ampla de tarefas (...). Os trabalhadores precisarão aprender novas habilidades, com foco particular nas sociais e interpessoais. Se os trabalhadores puderem se adaptar rapidamente, um renascimento da produtividade poderia gerar mais empregos, tanto em ocupações novas quanto existentes, e absorver o crescente número de entrantes no mercado de trabalho, especialmente nos países em desenvolvimento.” Guy Ryder, diretor geral da Organização Internacional do Trabalho, em artigo para o Fórum Econômico Mundial.

Antes de começar:

O que são competências?

O que você aprendeu na escola? Certamente vai se lembrar das aulas de que mais gostava – ou mais odiava – para responder a essa pergunta. É certo que aprendeu português, matemática, história, física e diversas outras disciplinas. Quando era bom, tinha boas notas. E, quando a matéria era difícil, poderia ter notas menores ou até mesmo repetir de ano.

Toda essa lógica, afirmam especialistas, está com os dias contados.

Em vez de aprender conteúdos específicos e padronizados para uma mesma turma, o que se defende para enfrentar os desafios do presente e do futuro é encontrar meios, cada vez mais personalizados, para que alunos dominem as tão faladas competências. Ou seja, os alunos terão nas mãos a possibilidade de agir de forma empreendedora a favor da própria educação. A lógica passaria a ser: aprendo aquilo que acredito ser importante para mim.

A lista de habilidades estratégicas é vasta. As escolas passam a se preocupar em garantir percursos formativos para que crianças, jovens e adultos tenham pensamento crítico, resiliência, raciocínio lógico, atitude empreendedora e bom relacionamento e saibam como solucionar problemas complexos. O caminho para alcançar proficiência nessas competências é variado.

Para o Sebrae, competência é a faculdade de mobilizar conhecimentos, atitudes e habilidades/procedimentos levando em conta um desempenho satisfatório em diferentes situações de vida: pessoais, profissionais ou sociais.

Desenvolver competências envolve a mobilização de esquemas cognitivos, atitudinais e operacionais em um determinado contexto, razão pela qual depende da área, do tema e das circunstâncias, já que a situação pode exigir mais ênfase em uma dessas dimensões, embora todas devam ser contempladas.

O que é:

a educação baseada
em competências?

É um modelo de aprendizagem focado no ensino de habilidades práticas em detrimento de disciplinas teóricas. Em vez de ensinar, por exemplo, português ou matemática da forma tradicional – com regras e fórmulas –, essa estratégia prioriza o desenvolvimento do raciocínio lógico e da capacidade de comunicação interpessoal. Ou seja, que o português e a matemática sejam usados para solucionar questões reais. Nesse tipo de educação, o que importa é mostrar caminhos que podem ajudar o indivíduo a alcançar uma gama de resultados possíveis em vez de guiá-lo para alcançar uma meta preestabelecida.

A educação baseada em competências rompe com a maneira tradicional e transmissional de ensino ao criar estruturas de aprendizagem que respeitam as individualidades de cada estudante. Ela se define por métodos que permitem o desenvolvimento dos alunos à medida que demonstram o domínio em determinada habilidade no tempo e no ritmo de cada um.

Para medir esse progresso, apropria-se de objetivos mensuráveis e aplicáveis. No Ensino Médio, por exemplo, a “prova” pode ser o desenvolvimento de algum projeto que resolva um problema da comunidade onde a escola se insere. Ou seja, essa forma de pensar a educação busca a proficiência em vez da nota, respeitando individualidades e preparando pessoas para desafios reais.

Mas essa é uma novidade?

Se acha que sim, está enganado. O movimento ganhou força na década de 1960, nos Estados Unidos, quando a comunidade escolar mostrou preocupação com a incapacidade das instituições de ensino no preparo efetivo de jovens para a vida após a graduação. Para estudiosos, a escola deveria ensinar competências específicas, que deveriam ser medidas ao final de cada curso. A linha de estudo ganhou força e, na década de 1970, estabeleceu-se como estratégia de ensino efetivamente utilizada em sala de aula.

5principais
características
da metodologia

Personalização

Estudantes recebem apoio constante e diferenciado com base nas suas necessidades específicas. Essa mentoria é realizada no momento mais apropriado para eles, garantindo que tenham à mão tudo o que precisam para dominar determinada competência.

Personalização

Estudantes recebem apoio constante e diferenciado com base nas suas necessidades específicas. Essa mentoria é realizada no momento mais apropriado para eles, garantindo que tenham à mão tudo o que precisam para dominar determinada competência.

Personalização

Estudantes recebem apoio constante e diferenciado com base nas suas necessidades específicas. Essa mentoria é realizada no momento mais apropriado para eles, garantindo que tenham à mão tudo o que precisam para dominar determinada competência.

Personalização

Estudantes recebem apoio constante e diferenciado com base nas suas necessidades específicas. Essa mentoria é realizada no momento mais apropriado para eles, garantindo que tenham à mão tudo o que precisam para dominar determinada competência.

Personalização

Estudantes recebem apoio constante e diferenciado com base nas suas necessidades específicas. Essa mentoria é realizada no momento mais apropriado para eles, garantindo que tenham à mão tudo o que precisam para dominar determinada competência.

Você escolheria construir uma casa em cima de alicerces 70% finalizados? Usando esse exemplo, o educador Salman Khan provoca seu interlocutor a pensar por que, então, o método de ensino tradicional faz com que alunos avancem nas disciplinas mesmo tendo tirado 70 pontos em 100 na prova. Veja, nessa palestra do TED Talks com legendas em português, os caminhos apontados pelo criador do Khan Academy (ONG voltada para o ensino gratuito de qualidade) para garantir percursos formativos que incentivem a personalização e contribuam para o desenvolvimento de competências.

Educação baseada
em competências
    ensino tradicional

Pense nas salas de aulas tradicionais, nos marcos temporais estabelecidos e na maneira como se ensina. Agora, pense no contraponto de tudo isso – é aqui que está a educação baseada em competências. Se ficou difícil imaginar, veja um exemplo prático.

não
é modismo.
É a resposta
ao futuro do
trabalho

Num universo em que seu colega de trabalho poderá ser um robô – que armazena dados e aprende muito mais rápido que você –, é necessário se destacar naquilo que apenas os humanos conseguem fazer bem. Avaliação crítica de situações para a tomada de decisão, consciência social, dedução lógica e originalidade são apenas algumas das habilidades que serão cada vez mais valorizadas por recrutadores.

A revolução tecnológica também acontecerá de forma cada vez mais rápida e transformadora, tornando diversas ocupações obsoletas e criando novos postos de trabalho ainda desconhecidos. E é por isso que, antes de preparar o aluno para uma ocupação específica, que pode ser extinta com o passar dos anos, é necessário desenvolver habilidades que o ajudem a transitar nesse universo desafiador. Será necessário aprender a aprender, solucionar problemas e inovar cada vez mais.

É por isso que escolas e educadores que pensam em adotar estratégias de ensino baseadas em competências saem à frente na corrida de preparação de indivíduos para esse futuro desafiador. O método se tornará cada vez mais importante para formar cidadãos conscientes, que sabem transitar no universo do trabalho e que estão preocupados com os problemas do mundo.

Para qual realidade os alunos devem ser preparados?

7 em cada 10 trabalhadores ocupam, hoje, cargos com alto grau de incerteza no futuro, com grande chance de que não existam mais, de acordo com pesquisa feita pelo editorial Pearson em parceria com a Fundação Britânica de Inovação para Ciência, Tecnologia e Artes (Nesta) e uma divisão da Universidade de Oxford.

7 em cada 10 trabalhadores ocupam, hoje, cargos com alto grau de incerteza no futuro, com grande chance de que não existam mais, de acordo com pesquisa feita pelo editorial Pearson em parceria com a Fundação Britânica de Inovação para Ciência, Tecnologia e Artes (Nesta) e uma divisão da Universidade de Oxford.

7 em cada 10 trabalhadores ocupam, hoje, cargos com alto grau de incerteza no futuro, com grande chance de que não existam mais, de acordo com pesquisa feita pelo editorial Pearson em parceria com a Fundação Britânica de Inovação para Ciência, Tecnologia e Artes (Nesta) e uma divisão da Universidade de Oxford.

7 em cada 10 trabalhadores ocupam, hoje, cargos com alto grau de incerteza no futuro, com grande chance de que não existam mais, de acordo com pesquisa feita pelo editorial Pearson em parceria com a Fundação Britânica de Inovação para Ciência, Tecnologia e Artes (Nesta) e uma divisão da Universidade de Oxford.

Um robô consegue ter melhor performance que humanos num teste de vestibular com perguntas fechadas e abertas? Para responder a essa pergunta, Noriko Arai, especialista em inteligência artificial, programou o robô Todai para realizar o teste na Universidade de Tóquio, a mais importante do Japão. Apesar de conseguir estar dentro dos 20% com os melhores resultados entre alunos, a máquina não conseguiu passar no teste de inglês por causa de uma habilidade intrinsicamente humana: a interpretação de texto. Conheça mais sobre a pesquisa de Noriko Arai no TED Talk abaixo, disponível com legendas em português.

Como aplicar a educação
baseada em competências
na sala de aula

Diversas escolas, universidades e representantes do poder público entendem a urgência de alterar a maneira como se ensina e, assim, buscam desenvolver iniciativas transformadoras em sala de aula. No Brasil, por exemplo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada pelo Ministério da Educação (MEC) em 2018, define como pilares para o ensino dez competências gerais, que devem ser desenvolvidas de forma integrada durante toda a educação básica.

Mas, como tirar as ideias do papel e colocar esse método em prática? Engana-se quem acredita que é necessário romper completamente com as estratégias mais tradicionais de ensino. O ponto-chave aqui é garantir a correlação entre metodologias, aplicando soluções que façam sentido à realidade de cada ambiente escolar. Veja, a seguir, três estratégias possíveis que podem ser adotadas em sala de aula:

Aprender fazendo: como o nome sugere, o método prioriza o ensino pela experiência, garantindo que alunos vivenciem determinados conteúdos e tenham autonomia para pesquisar, avaliar sua trajetória, errar e aprender com os erros. O que vale é o caminho para chegar a determinado resultado, trajetória que pode ser marcada pela ousadia, pela colaboração e por outras competências. Aqui, é importante que o papel do professor seja o de mentor e que as experiências de cada aluno sejam compartilhadas e debatidas.

Ensino baseado em projetos: quais são os problemas reais que podem ser efetivamente resolvidos com os conhecimentos de uma ou mais disciplinas? As possibilidades são variadas, e o potencial dessa estratégia é grande, uma vez que se apropria de aspectos da realidade para prover sentido ao conteúdo ensinado em sala de aula. A ideia da metodologia é definir alguma questão desafiadora, que não tenha resposta fácil e que deva ser solucionada em um tempo delimitado. Divididos em grupos, a meta dos alunos é se organizarem para encontrar o melhor caminho a seguir, garantindo que aprendam a trabalhar em equipe, pensem criticamente e sejam protagonistas daquela situação.

Ensino híbrido: o objetivo da técnica é combinar interações presenciais e em grupo com a tecnologia digital, permitindo a personalização do percurso formativo e o respeito às particularidades de cada aluno. A estratégia reorganiza a sala de aula e abre um desafio ao professor: integrar a tecnologia com sentido, garantir momentos de interação e colaboração e estabelecer formas de medir e avaliar o progresso dos alunos.

“O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.” Alvin Toffler, escritor e futurista norte-americano, conhecido por seus escritos sobre revolução digital, revolução das comunicações e da tecnologia.

Encontre inspiração
nestas experiências
de sucesso

Veja, a seguir, como instituições de ensino, empresas e governos têm se organizado para proporcionar percursos formativos que priorizam a educação baseada em competências.

Pathways in Technology Early College High Schools (P-TECH), da IBM: a empresa de tecnologia criou, em 2011, em Nova Iorque, um modelo educacional que integra a sala de aula a desafios reais do mercado. A proposta é se valer do curso técnico para desenvolver competências importantes para garantir o sucesso do aluno depois de formado. A novidade já está presente em 110 escolas dos Estados Unidos e de outros países do mundo. Ela será aplicada no Brasil pela primeira vez, a partir de fevereiro de 2019, em São Paulo.

Programa Escola de Adolescente: lançado pelo MEC no fim de 2018, o programa estimula o uso de metodologias ativas (como as mencionadas anteriormente) para aproximar mais a escola dos desafios e questões da adolescência. A proposta é fornecer materiais e informações que apoiem professores na criação de estratégias para garantir que a sala de aula dialogue cada vez mais com a realidade dos alunos.

Escola Design 39 Campus (EUA): imagine uma escola construída do zero, a partir das orientações da comunidade escolar e contando, no projeto, com elementos que priorizem o ensino mais horizontal, colaborativo e transparente. Foram esses os objetivos da Design 39, instituição inaugurada em 2014 no distrito escolar de Poway, no estado americano de San Diego. O método de ensino prioriza a individualidade de cada aluno, proporcionando ambientes acolhedores para que cada um crie sua trajetória de ensino, com apoio e colaboração de colegas, professores e familiares. A escola conta com laboratórios de criatividade, que incentivam a cultura maker, ensina os alunos a compor e tocar músicas e oferece disciplina que permite que o jovem explore interesses pessoais.

No entanto o caminho para consolidar estratégias e iniciativas como essas não começa no âmbito macro, mas sim pela mudança nas atitudes diárias em sala de aula. Por isso, o educador deve se atentar para o grande potencial do ensino baseado em competências e adotar medidas simples, alinhadas à realidade de seus alunos e que façam sentido para a comunidade escolar.

Dessa forma, além de estimular os alunos a pensar sobre o futuro de forma diferente, o educador também contribuirá para que a mudança de perspectiva se consolide aos poucos. Para começar, aproveite os conteúdos do Sebrae sobre o assunto e coloque a mão na massa!

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