Mão na massa: como os fablabs contribuem para a cultura empreendedora

Blog Mão na massa: como os fablabs contribuem para a cultura empreendedora

17/10/2019
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Tirar ideias do papel. Essa é a essência do empreendedorismo e também o principal valor que guia a atuação dos espaços makers, também conhecidos como “fablabs” ou “makerspaces”.

Fablab é o diminutivo do termo, em inglês, fabrication laboratory, ou laboratório de fabricação. Assim como os makerspaces, eles são oficinas ou espaços que reúnem uma série de máquinas e tecnologias para a fabricação manual ou digital de praticamente qualquer tipo de objeto – dependendo dos equipamentos disponibilizados.

De acordo com a FabLab Connect, atualmente existem mais de 1.800 fablabs em todo o mundo, contando apenas os laboratórios oficiais, ou seja, aqueles que seguem a metodologia do MIT (Massachusetts Technology Institute). E eles têm sido espaços de suma importância para o fortalecimento da economia criativa e da cultura empreendedora locais nas cidades em que estão instalados.

Fablabs e makerspaces, plataformas de empreendedorismo

Pensar, modelar, testar, errar, redesenhar, experimentar. Com metodologias ágeis e ativas, os fablabs provocam verdadeira mudança no modelo mental de seus usuários. Como estão imersos em ambientes totalmente voltados para a prática, eles passam a desenvolver suas ideias de maneira real, não teórica, chegando à solução final com mais rapidez, em muitos casos.

Além de otimizarem o tempo de modelagem e criação, esses espaços costumam reduzir – e muito! – os gastos com prototipação e testes. Moldes e modelos antes fabricados, por exemplo, pelo método de injeção, agora, podem ser facilmente feitos por uma impressora 3D a um custo muito baixo de produção, uma vez que ela utiliza apenas o software de modelagem e os filamentos. Fabricantes de automóveis afirmam que a substituição de alguns processos pela impressão 3D é capaz de reduzir em até 90% os custos de produção.

Com isso, pequenos empreendedores são capazes de viabilizar seus negócios sem a necessidade de grandes investimentos iniciais, o que fortalece a economia local e criativa.  “A verdadeira oportunidade é a de se agregar a força inventiva do mundo para que localmente se desenhe e produza soluções para os problemas locais”, afirma Neil Gershenfeld, professor do MIT, em sua palestra no TED.

Neil foi o criador do curso “Como fazer quase qualquer coisa”, no MIT, que despretensiosamente acabou dando início ao que chamamos de “Movimento Maker”. Ele conta que seu propósito inicial não era criar um movimento ou uma nova maneira de pensar, mas sim oferecer um curso prático. “(O curso) não tinha a intenção de ser provocador, era apenas para alguns pesquisadores”, conta. Mas o professor se surpreendeu com a quantidade de pesquisadores que viram no treinamento uma oportunidade de integrar suas habilidades e de ganhar conhecimento técnico a fim de criar objetos e soluções.

É exatamente este o poder dos espaços makers para o empreendedorismo: oferecer uma combinação de técnicas, tecnologias, saberes e networking que permitam que pesquisadores, estudantes, empreendedores e criativos em geral prototipem soluções e deem forma às suas teorias e hipóteses.

Poder das comunidades nos espaços makers

Além de todo o aparato instrumental, outro grande trunfo dos fablabs e makerspaces é a vocação para integrar pessoas que  desenvolvem verdadeiras redes de criatividade e inovação, algo muito importante para o empreendedorismo. “O makerspace é um espaço físico. Mas, além disso, ele permite que surja uma comunidade de pessoas que potencializem suas ideias e apoiem umas às outras. A partir do momento em que levam seus projetos e começam a realizá-los lá dentro, as pessoas provocam a inovação”, explica Carlos Ribeiro, fundador do FAZ Makerspace, durante um painel sobre fablabs e empreendedorismo na Campus Party.

A impressão é compartilhada por Edgar Andrade, do FabLab Recife, que acredita que esses espaços têm a responsabilidade de conectar as pessoas a favor da transformação. “As startups devem repensar a forma como se colocam no mundo, sair daquela lógica clássica da busca por se tornarem unicórnios. Temos uma série de problemas relevantes no Brasil a serem explorados e que podem ser transformados em negócios e ajudar a transformar cidades e pessoas”, explica.

Afora o potencial para criar comunidades, Edgar acredita que o pensamento maker é uma importante ferramenta para a transformação da educação. Nesta entrevista para o CER, ele fala sobre a própria relação com a escola, as contribuições do Movimento Maker para a aprendizagem e o que ele chama de “processos disruptivos encapsulados”, importantes para a transformação da cultura de qualquer instituição, inclusive as de ensino. Confira!

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