Formação de professores: os desafios no contexto da Educação Empreendedora

Blog Formação de professores: os desafios no contexto da Educação Empreendedora

08/09/2021
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A Educação Empreendedora veio para ficar, e a presença de eletivas no Novo Ensino Médio tem ampliado as discussões sobre a temática. E muito se tem questionado sobre o papel do professor nesse modelo e na formação desse professor.
É importante começar refletindo se, para uma Educação Empreendedora para o século XXI, o professor não deveria buscar novas didáticas, metodologias e postura. Afinal, há quantos anos as salas de aula estão exatamente com a mesma configuração?
Neste texto, vamos entender os conceitos da Educação Empreendedora, o papel do professor e sugerir algumas formas práticas para o professor colocar em prática.

O que é Educação Empreendedora?

Antes de mais nada, é preciso compreender o conceito de Educação Empreendedora. Ela, de forma ampla, pode ser entendida como desenvolvimento de habilidades técnicas e emocionais em um estudante que são típicas de empreendedor. A capacidade de inovação, de pensar novas ideias, de resolver problemas, de criar e identificar oportunidades. Assim como o desenvolvimento das chamadas “habilidades socioemocionais”, como resiliência, persistência, capacidade de manter um bom relacionamento interpessoal.
Portanto, quando se fala em preparar os professores para uma Educação Empreendedora, o primeiro alvo é estimular tais habilidades nos estudantes.
O objetivo não é necessariamente formar pessoas que se tornarão futuros empresários. Aliás, é muito comum a confusão dos termos. Uma postura empreendedora pode ser desempenhada em diferentes atividades – seja por um empresário(a) , uma funcionária pública ou um celetista. Empreender não é sinônimo de empresariar.
Empreender significa ser protagonista, ser capaz de tomar as rédeas da própria vida, de tomar decisões assumindo os riscos, de inovar, em qualquer espaço que essa pessoa esteja.
É importante entender que culturalmente o Brasil é um dos países mais empreendedores. E estimular esse comportamento desde a educação básica é uma das formas de nos mantermos em um patamar de competitividade nacional. Nesse sentido, fomentar essa disciplina tem um impacto individual, mas também social, no sentido de promoção do crescimento econômico brasileiro.
Um ponto importante para a Educação Empreendedora é a capacidade de aproximarmos a escola da vida real. Isso pode ser refletido na resolução de desafios, no aprendizado de habilidades e na reflexão de situações reais da vida cotidiana. Assim, uma das consequências da Educação Empreendedora é ampliar o repertório de conhecimento dos estudantes.

Qual o papel do professor na Educação Empreendedora?

Se estamos falando no desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais, o primeiro ponto é que o professor assume uma postura bem diferente daquela em uma aula tradicional. Ele se aproxima mais de uma figura de facilitador, e não mais da pessoa que distribui ativamente conhecimento na sala.
O professor deixa de somente transmitir os conteúdos para estudantes que o assistem passivamente. E se posiciona mais como pessoa que estimula uma postura ativa e de investigação por parte do estudante. Assim, o processo de aprendizagem e ensino passa a ser centrado no estudante.
O professor pode assumir uma postura de auxiliar os estudantes, por exemplo, a conciliar as teorias com a prática. Além disso, ele deve estimulá-los a desenvolver habilidades como a coragem de se expor e de se arriscar, vencendo a timidez e a vergonha, ensinando a lidar com os colegas e conduzindo as dinâmicas em grupo.
Cabe ao professor encorajar, incentivar, motivar e estimular, tanto a pesquisa quanto o desenvolver das competências. Ele se torna um fio condutor que incentiva a busca por novos conceitos, ideias, criatividade, a possibilidade de se expor ao mundo, de interagir com o outro, de “sair da zona de conforto”, transmitindo segurança aos estudantes.

Portanto, o professor age mais como um guia e um orientador.

Outro ponto muito importante é a forma de lidar com o erro. Se, em disciplinas tradicionais, errar acarreta, muitas vezes, penalização de pontos, no universo do empreendedorismo, o erro é um contexto para se tomar melhores decisões no futuro. Portanto, o aluno deve ser estimulado a aprender com o erro, a tirar aprendizados e a manter uma postura de resiliência, de tentativa de erro e persistência.

Quais os desafios do professor na Educação Empreendedora?

O primeiro desafio diz respeito à formação. Muitos dos professores atuais não tiveram no momento de sua formação formal contato com este conteúdo, tema ou mesmo com as metodologias que serão necessárias no dia a dia. Cabendo, muitas das vezes, ao professor estudar por conta própria.
O segundo, em romper com as metodologias tradicionais durante as aulas voltadas a uma formação empreendedora ou incluir na grade curricular comum atividades e momentos para o estímulo da cultura empreendedora.
A formação empreendedora não se limita a uma aula específica, já que ela pode ocorrer em uma aula de Ciências, Português, Geografia. Afinal, como vimos anteriormente, o objetivo é estimular habilidades, e não necessariamente lecionar uma disciplina em específico.
No entanto, caso a instituição tenha reservado uma aula na grade para uma formação empreendedora, esse trabalho poderá ser realizado de forma mais integral.
O terceiro ponto é entender que a escola não é mais a fonte exclusiva de aprendizado. Se antes, todo o conhecimento dos estudantes vinha das aulas, do professor, dos livros e das enciclopédias, hoje o estudante está inserido no mundo da informação. Isto é, somos bombardeados de informação o tempo todo, e com uma velocidade nunca presenciada antes graças à popularização da internet.
Portanto, o professor naturalmente já foi colocado nessa postura de intermediário entre o mundo e os estudantes.
Por fim, um tema que está em alta no mundo da educação é a “educação individualizada”. Com o avanço das pesquisas sobre metodologias de educação e aprendizado, já se sabe que cada estudante aprende de um modo. Há quem tenha uma memória mais visual; outras, mecânicas ou auditivas.
Em sala de aula é praticamente impossível olhar para a especificidade dos estudantes o tempo todo. Afinal, em regra temos um pessoa professora para uma turma de 20 a 50 alunos, dependendo da série.
Então, neste caso a sugestão é variar as metodologias e os formatos de aula para conseguir abarcar as especificidades. E simultaneamente é importante manter um olhar atento visando identificar lacunas e dificuldades, podendo-se utilizar de dinâmicas extras individuais pontualmente.

Como o professor pode se preparar?

O ponto de partida é o professor ler, estudar sempre que possível. Assim, aos poucos será construída uma base teórica que o deixará mais confortável e seguro para o dia a dia.
O segundo ponto é tentar incluir experiências didáticas que vão além do padrão de uma metodologia tradicional. Isso inclui estimular metodologias ativas; atividades multidisciplinares e práticas são também muito bem-vindas.
Pode-se pensar em atividades como palestras com empreendedores, rodas de leitura, atividades sobre filmes que estimulam o empreendedorismo e mesmo desafios para resolver problemas da escola de uma maneira nova. Um exemplo comum de desafio a ser resolvido nas escolas é o compartilhamento de espaços públicos, como as quadras, durante os recreios.
São possibilidades para levar à sala de aula: jogos, inclusive os de negócios; simulações de situações que forçam o desenvolvimento de habilidades de negociação; estudos de casos de empresários de sucesso e de histórias de fracasso que se tornaram grandes aprendizados; visitas guiadas; pesquisas sobre empresários e rodas de leitura.
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