O mundo avança, as tecnologias são desenvolvidas e diariamente aperfeiçoadas. O resultado não poderia ser diferente: o jeito de trabalhar – isso inclui os cargos e as habilidades exigidas para diferentes postos – também se transforma. E os números podem provar: de acordo com o estudo de 2017 da McKinsey Global Institute, mais de 15 milhões de trabalhadores no Brasil sofrerão o impacto da automação até 2030. Mas o que, afinal, a inovação aberta tem a ver com isso?
Inovação aberta, também chamada de open innovation, nada mais é do que um processo de inovação “sem fronteiras”, como o próprio nome sugere. O termo, criado por Henry ChesBrough, professor e diretor executivo do Centro de Inovação Aberta da Universidade de Berkeley, designa um modelo de inovação menos rígido e mais descentralizado. Há foco na colaboração. Empresas desenvolvem e buscam ideias, processos e pesquisas de forma aberta com o intuito de acelerar a inovação interna e ampliar o mercado externo da área. É possível, por exemplo, lançar mão de ideias ou recursos tecnológicos vindos de parceiros externos para desenvolver um produto X ou mesmo oferecer as suas inovações a outras organizações.
Por motivos óbvios, a definição do termo está intimamente ligada às transformações profissionais e mercadológicas que os alunos encontrarão nos próximos anos. Mas como, afinal, isso pode ser bom ou se encaixar na rotina das organizações, especialmente nas instituições de ensino?
Os hackathons – as famosas maratonas (de um ou vários dias) em que profissionais (ou alunos) se reúnem para o desenvolvimento de projetos livres – abrem inúmeras portas para a inovação dentro de uma instituição de ensino. É uma boa oportunidade por incentivar o aprendizado dos participantes, estreitar laços de networking e, claro, abrir espaço para ideias que podem promover (boas) mudanças no mundo pedagógico.
Os programas abertos – seja para alunos, funcionários ou familiares – podem ser valiosos em muitos sentidos. Além de darem espaço para projetos que podem agregar valor à escola, eles funcionam como um canal para identificar as percepções da comunidade escolar sobre a qualidade do ensino, da infraestrutura e das atividades realizadas na escola.
Outra forma de aplicar a inovação aberta no ensino é praticando o design thinking. Trata-se de uma abordagem que preza a solução de problemas de maneira colaborativa e empática, envolvendo todas as pessoas que têm relação com determinada ideia naquele processo. Na metodologia, as dores e necessidades dos possíveis clientes são levadas em conta de maneira aprofundada e verdadeira. O design thinking normalmente exige uma equipe multidisciplinar, o que vai ao encontro das crenças da inovação aberta. Do método podem surgir soluções reais e efetivas para a implementação de novas dinâmicas ou métodos de aprendizado e de ideias para a melhoria do espaço e das atividades escolares.
Na inovação fechada, acredita-se que todos os talentos devam fazer parte da instituição. Na aberta, por sua vez, as competências podem vir de pessoas que estão fora da organização – mesmo em outras escolas –, o que incentiva as parcerias e as redes de colaboração.
Ao contrário da inovação fechada, na inovação aberta não necessariamente a instituição precisa prover a ideia para evoluir – seja aumentando a qualidade do ensino seja inovando em termos de metodologias. Muitas vezes as ideias que realmente causam um impacto positivo chegam de fora da instituição ou são o resultado da soma de várias outras ideias e sugestões juntas.
Mais uma das crenças da inovação aberta é a de que é possível se beneficiar com usos alternativos e inteligentes da propriedade intelectual (PI) – de dentro para fora ou de fora para dentro, o que faz muito sentido na educação. Já na inovação fechada, o pensamento é que a PI deve ser controlada.
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