Educação Empreendedora na sua escola

Por onde começar?

Preparar os jovens para o futuro. Embora os caminhos possam ser diferentes, e os currículos escolares e metodologias, muito variados, este é o propósito da educação: formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e preparados para exercer papel transformador no mundo em que vivem.

Isso passa pela formação ética, moral, cognitiva, emocional e por tantos outros aspectos. Mas, quando pensamos no aspecto profissional, a educação com olhos no futuro inclui algo essencial nos dias de hoje: o Empreendedorismo.

Em um mundo completamente impactado pela tecnologia e em que as mudanças parecem se dar na velocidade da luz, pensar a atuação profissional como algo linear não faz mais sentido (e fará cada vez menos). Emprego fixo, carreiras longas em poucas empresas, grandes organizações, formação exclusivamente universitária, escritórios físicos e trabalho presencial... tudo isso vem sendo transformado nos últimos anos. A tendência é que as fronteiras de tempo e espaço, nesse sentido, sejam ainda mais diluídas em um futuro próximo.

Assim, preparar-se para o futuro do trabalho é, essencialmente, desenvolver a capacidade empreendedora, ou seja, a capacidade de idealizar e colocar em prática o próprio caminho profissional e o projeto de vida.

E não falamos isso apenas para aqueles que sonham em ter uma carreira menos tradicional. Estima-se que 85% das profissões essenciais na próxima década ainda não existam e que o jovem de hoje tenha, pelo menos, cinco eixos de atuação distintos ao longo de sua vida. Ou seja, viver o mundo do trabalho será, essencialmente, inventar-se e se reinventar o tempo todo. Em outras palavras: empreender. No entanto, como colocar isso em prática nas escolas? E quais as ferramentas o Sebrae oferece, como um dos principais agentes de Empreendedorismo no país, para ajudar a sua escola a implantar a Educação Empreendedora?

É isso o que veremos neste Observatório. Continue a leitura e descubra!

Empreendere aprender a empreender no Brasil

Em 2020, os níveis de Empreendedorismo devem atingir marca histórica no Brasil: aproximadamente 25% da população adulta estará envolvida na abertura de um novo negócio ou à frente de um negócio com até 3,5 anos de atividade, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). O recorde estimado é verificado de acordo com a análise da série histórica da pesquisa, que aponta aumento do Empreendedorismo inicial, principalmente em períodos de recessão, como os que ocorreram entre os anos 2008-2009 e entre 2014-2016.

A busca pelo Empreendedorismo vinha registrando crescimento nos últimos anos; contudo a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus é considerada um dos fatores que impulsionam esse aumento.

Existem 53,4 milhões de brasileiros à frente de alguma atividade empreendedora, envolvidos na criação de um empreendimento, consolidando um novo negócio ou realizando esforços visando manter um empreendimento já estabelecido. Entretanto, como eles chegaram até lá?

Qual tipo de capacitação tiveram para isso?

nfelizmente, embora o Empreendedorismo seja cada vez mais comum no Brasil, a formação empreendedora ainda não o é. Muito restrita ao ensino superior e a iniciativas isoladas em escolas particulares, a educação enfrenta um desafio inclusive conceitual: a compreensão a respeito do que é exatamente o Empreendedorismo.

Por isso, criar um projeto de Educação Empreendedora passa, em seu estágio inicial, por uma investigação conceitual. Por sorte, temos hoje boas referências voltadas a elucidar essas questões.

É isso o que veremos a seguir

Antes de mais nada, é preciso entender o Empreendedorismo

Empreendedorismo

(empreendedor + -ismo)
nome masculino

"Empreender é agir a partir de oportunidades e ideias e transformá-las em valores para os outros. O valor criado pode ser financeiro, cultural ou social”. É assim que a Comissão Europeia define a mentalidade empreendedora em seu estudo EntreComp, usado mundialmente como referência para a Educação Empreendedora

Outra referência contemporânea importante para a compreensão do Empreendedorismo em seu entendimento mais amplo é a metodologia Empretec, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e disseminada no Brasil, com exclusividade, pelo Sebrae.

O que as duas metodologias têm em comum? Em ambas, o empreender não é compreendido apenas como uma atitude prática, mas, ao contrário, como uma mentalidade e um comportamento: um conjunto de competências que, quando desenvolvidas, tornam o sujeito capaz de criar valor para o mundo a sua volta.

Vamos descobrir quais são essas competências, então? Com base nelas é que o seu projeto de Educação Empreendedora deve se pautar; portanto, é muito importante compreendê-las.

Competências empreendedoras

EntreComp e Empretec

O estudo do EntreComp é bastante focado na geração de valor, como vimos, independentemente do contexto. Assim, a iniciativa empreendedora pode se dar nas esferas pública, privada ou na vida pessoal do indivíduo, por meio do Intraempreendedorismo; do Empreendedorismo Social, Digital, Sustentável e de tantas outras formas de Empreendedorismo.

As competências são apresentadas no estudo no diagrama a seguir:

Como é possível perceber, o modelo conceitual EntreComp é formado por três grandes áreas – Ação; Recursos; Ideias e Oportunidades – e 15 competências no total, todas interligadas. No arquivo do EntreComp, essas competências podem ser vistas de forma detalhada, além de sua progressão ao longo dos estágios da Educação – do nível iniciante ao avançado e quais aspectos devem ser desenvolvidos em cada um deles.

Já em relação ao Empretec, foi feito um estudo, na década de 1980, pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Tal estudo virou base para um programa de Treinamento Comportamental de Empreendedorismo, batizado de Empretec. Desde 1993, o Sebrae é a instituição responsável pelo programa no Brasil, em parceria com a United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), da ONU.

A metodologia define como competências empreendedoras:

Portanto, antes de pensar de forma prática no seu projeto de Educação Empreendedora, é muito importante dedicar um tempo para compreender a fundo quais competências ele vai desenvolver e com quais objetivos. Só, então, é viável partir para o desenho prático do currículo de Empreendedorismo.

Itinerários Formativos, Empreendedorismo no currículo escolar

Em 2022 o Empreendedorismo passa a fazer parte, de vez, do currículo das escolas brasileiras – um grande salto que o país dá em direção à Educação do século XXI.

Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) mencione o desenvolvimento das competências empreendedoras desde o ensino fundamental, é só no ensino médio que elas serão trabalhadas de forma estruturada. Isso porque ele é um dos quatro eixos estruturantes para a criação de Itinerários formativos – parte optativa do currículo, que soma 1.200 horas de estudo, cujo objetivo é desenvolver o conhecimento adquirido na Formação Básica com foco nas competências estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Se você é professor, gestor educacional ou faz parte da equipe pedagógica de uma escola, provavelmente já deve estar trabalhando no desenho do currículo das áreas de Conhecimento – também chamadas de Formação Básica –, bem como planejando como desenhar os Itinerários Formativos em 2021, não é?

Então, saiba que o Sebrae pode ser um excelente parceiro. A seguir, apresentamos todas as soluções que temos disponíveis a fim de auxiliar as escolas na implantação da Educação Empreendedora.

Radar

O diagnóstico da Educação Empreendedora

Como saber em que ponto a sua escola está em relação à cultura empreendedora? Essa mentalidade está sendo desenvolvida, e os conceitos são compreendidos pela equipe de educadores? E, em relação aos passos práticos, o que é preciso ser feito para começar um projeto de Empreendedorismo?

Para que o Empreendedorismo seja colocado em prática de forma plena, estar inserindo dentro de um Ecossistema Empreendedor é um dos passos fundamentais. Assim, a escola se torna um dos agentes de Empreendedorismo e se coloca em contato com outras peças fundamentais para que ele ocorra.

Compreender, no entanto, qual o nível de inserção da sua escola nesse ecossistema não é tarefa simples. Por isso, o Sebrae desenvolveu uma metodologia e disponibilizou uma ferramenta que oferece um diagnóstico a escolas de todo o Brasil, ou seja, o Radar de Educação Empreendedora.

Em resumo, o Radar apresenta um conjunto de iniciativas e projetos a ser realizados pela instituição de ensino, com possibilidades e esforços necessários para uma educação possível de transformar o território e a vida dos jovens. Para isso, o gestor educacional ou o representante da instituição de ensino precisa acessar o questionário do Radar e responder às perguntas. Ele, então, recebe uma devolutiva que apresenta a mensuração do grau de implementação da Educação Empreendedora e orientações que poderão direcionar as estratégias e a atuação da instituição de ensino, envolvendo os agentes do ecossistema empreendedor. São eles:

JEpp

competências empreendedoras desde cedo

Como vimos, a BNCC orienta que as competências empreendedoras sejam ensinadas desde o ensino fundamental, criando um terreno fértil para os projetos de Empreendedorismo que farão parte do currículo no ensino médio. Buscando dar suporte às escolas nessa missão, o Sebrae oferece o programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos(JEPP).

Com foco nos estudantes do primeiro ao nono ano do ensino fundamental, o JEPP leva conteúdo de Empreendedorismo aos jovens e também atua na formação dos professores dentro desse tema.

Cada ano tem sua duração total distribuída em encontros – em geral, de 10 a 15 encontros –, que variam de 2h a 2h30m cada um, totalizando 235 horas do 1º ao 9º ano. Com base em histórias, os estudantes são instigados a desenvolver o comportamento empreendedor e a vivenciar as etapas de um Plano de Negócios.

O curso tanto pode ser realizado em um trimestre quanto em um semestre ou também ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade da escola. Criado em 2013, valendo-se de uma experiência bem-sucedida do Sebrae SP, o JEPP oferece todo o material escolar que deverá ser usado durante a jornada de aprendizado, composta de nove módulos. Nos anos iniciais, quando os alunos ainda estão sendo alfabetizados, os exercícios trabalham com colagens, desenhos e, à medida que o estudante vai amadurecendo, os projetos se tornam mais complexos. No 9º ano, por exemplo, algumas atividades incluem práticas de Precificação, Trabalho com Planilhas Financeiras, Capacidade Argumentativa, dentre outros.

Para participar do JEPP, a Secretaria Municipal de Educação ou a instituição de ensino interessada deve procurar o Sebrae em sua região, visando negociar a parceria e a capacitação dos professores, que tem duração de 45 horas.

Despertandoo Empreendedorismo no ensino médio

Do ensino fundamental diretamente para o ensino médio, quando o projeto de vida e os desafios profissionais começam a se tornar mais palpáveis aos estudantes. É para essa fase que foi pensado o programa Despertar, cujo objetivo é acordar o espírito empreendedor nos jovens de 15 a 18 anos das escolas brasileiras.

O Despertar procura preparar os estudantes para que vivenciem aspectos da cidadania como fator de responsabilidade social, contribuindo tanto para uma mudança socioeconômica quanto para favorecer o desenvolvimento de futuros profissionais. Isso os tornaria mais aptos a atuar em um mundo com novas relações de trabalho e a assumir o papel de empreendedores em diferentes situações da vida.

De forma prática, o programa oferece metodologia, material didático e treinamento a fim de que os professores possam colocar em prática as atividades e as dinâmicas durante o ano letivo, divididas em três etapas: encontros em sala de aula, atividades em campo e Feira do Jovem Empreendedor.

No total, são 22 encontros presenciais. Cada um deles com duração de 2 horas/aula, distribuídos em temas que vão desde Autoconhecimento, Definição do Negócio, Entrevista de Emprego até o Planejamento de um Empreendimento.

A metodologia utilizada pelo Despertar contempla dinâmicas de grupo, aulas expositivas e vivenciais, nas quais o estudante constrói conhecimentos sobre o cenário socioeconômico mundial, a importância de desenvolver competências e encontrar oportunidades no mundo, o perfil do empreendedor, elementos da qualificação profissional, empregabilidade, opções de carreira, dentre outros temas.

Planos de Aula prontos para ser colocados em prática

Se implantar um programa mais estruturado não parece ser a melhor ideia no momento, que tal beber diretamente na fonte de quem trabalha, há muitas décadas, com Educação Empreendedora no país? O Sebrae criou e disponibiliza gratuitamente 260 Planos de Aula prontos para ser aplicados na aprendizagem do ensino fundamental.

Os documentos trazem a indicação de quais habilidades e competências empreendedoras serão desenvolvidas em cada objeto de aprendizagem, além dos objetivos, abordagens e procedimentos indicados para cada um deles, assim como sua correlação com as competências da BNCC.

Confira aqui todos os planos de aula e suas orientações para a aplicação.

trilhas educacionais

Outro foco da atuação do Sebrae é na formação de empreendedores por meio de cursos on-line. Atualmente são mais de 100 formações totalmente gratuitas para micros e pequenos empreendedores de todo o Brasil, de diferentes setores e níveis de maturidade, com temas que incluem Planejamento, Finanças e Legislação, Gestão de Pessoas ou Empreendedorismo On-Line.

A boa notícia é que o Sebrae também organiza e disponibiliza Trilhas Educativas para professores e estudantes. No momento, estão no ar cinco Trilhas Educativas com diversos cursos de Educação Empreendedora Básica, Modelo e Plano de Negócios, Empreendimentos de Impacto Social, dentre outros temas essenciais para quem está no começo da jornada ou para professores que querem mergulhar mais a fundo no universo da Educação Empreendedora.

Os cursos têm duração e complexidade diferentes, adaptando-se à realidade dos participantes, que podem escolher livremente e cursar quantos quiserem, sem qualquer custo.

Termo de Referência

Saindo da parte prática e indo para o campo teórico, ou seja, um dos grandes desafios quando o assunto é ensino de Empreendedorismo, o Termo de Referência do Sebrae é um dos principais aliados dos educadores.

O documento oferece perspectiva abrangente sobre o assunto, permitindo um entendimento comum que sensibilize e influencie todas as etapas da educação: desde o planejamento do programa ou curso à sua aplicação e à melhoria de soluções existentes.

Apoiado nos quatro pilares da UNESCO que fundamentam a aprendizagem do século XXI – saber conhecer, saber fazer, saber ser e saber conviver –, o Termo de Referência é um instrumento orientador e útil tanto para aqueles que lidam com o processo educativo, quer seja na criação, no planejamento, no desenvolvimento, na aplicação ou na avaliação de produtos e soluções educacionais, quanto para os que estão iniciando sua jornada como educadores ou agentes da educação. Assim, a intenção é que o documento seja uma ferramenta para guiar a prática da Educação brasileira contemporânea, que atente aos desafios de um mundo cada vez mais acelerado, conectado e complexo.

Baixe o Termo de Referência gratuitamente

CER

Por fim, mas não menos importante, um dos principais agentes de Educação Empreendedora do Sebrae atualmente é o Centro de Referência em Educação Empreendedora (CER).

Com o objetivo produzir e compartilhar conhecimento, elaborar estudos e fomentar o desenvolvimento de pesquisas e ferramentas visando difundir a Educação Empreendedora, o CER é atualmente formado por um portal que disponibiliza conteúdo e ferramentas voltados a educadores, estudantes, representantes do poder público e interessados em Educação em geral. O centro também mantém um canal no YouTube, que traz debates atuais com especialistas em lives e webinars sobre Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo, consideradas verdadeiras aulas sobre Educação no século XXI.

Além da produção de conhecimento, o CER busca fomentar parcerias estratégicas com universidades, empresas, centros de pesquisas e com profissionais renomados nacional e internacionalmente, bem como realiza eventos para educadores de todo o território nacional. Tudo isso para inspirar acadêmicos e empreendedores por meio de um conteúdo de alta qualidade, capaz de impactar positivamente o ensino empreendedor e a cultura empreendedora no Brasil. Assim, o Sebrae se propõe a ser uma ponte entre o universo acadêmico e o mercado, fortalecendo ainda mais a Educação Empreendedora no país.

E, então, gostou de conhecer os caminhos possíveis para o projeto de Educação Empreendedora de sua instituição de ensino?

Seja qual for a sua opção, saiba que você pode contar com o Sebrae. Além de todos esses produtos – e muitos outros –, podemos oferecer ainda consultorias e formações específicas para a sua equipe, com vistas a atender as suas necessidades.

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