14,67 milhões de alunos nas instituições públicas e mais de 5,24 milhões de alunos em instituições privadas. Esses são alguns dos números do ensino superior nos EUA, em 2019, país que abriga universidades como Stanford, Harvard, Princeton, Yale, MIT, dentre tantas outras consideradas referência mundial quando o assunto é pesquisa e produção de conhecimento acadêmico. No entanto, o ensino superior nos EUA nunca foi tão questionado como atualmente.
Um dos motivos é o bolso dos estudantes e dos familiares. No país, tanto universidades públicas quanto particulares são pagas, e, segundo a Bloomberg, o valor cobrado pelo ensino superior aumentou 1,120% em 34 anos (dados de 1978 a 2012). Mas não é só isso. Cursos livres e trilhas de formação online surgem como alternativa para a capacitação profissional e uma forma mais prática e rápida (e econômica) de ter acesso ao conhecimento. Além disso, o próprio modelo de ensino superior nos EUA vem sendo colocado em xeque.
É dessa insatisfação que surgiu o Year On, experiência alternativa para o ensino superior nos EUA, com a ideia de aprendizado por meio de coaching e de dinâmicas autodidatas. Conheça a seguir a proposta da Year On e os detalhes do programa.
O Year On surgiu em 2011 com o nome de UnCollege ou, em tradução livre, Desuniversidade. A ideia de seu criador, Dale Stephens, era oferecer uma experiência de aprendizado intenso e ativo durante um período sabático para jovens americanos e de todo o mundo. O primeiro programa foi lançado em 2013, e, ao se formarem no programa, os participantes começaram a criar as próprias empresas, receber bolsas de estudos universitárias, entrar em startups e ONGs em todo o mundo. Em 2016, a UnCollege se tornou Year On e chegou ao formato atual.
A instituição trabalha com três formatos de programa que podem ser cursados por alunos do ensino superior nos EUA: anual, semestral e de inverno. O primeiro é realizado em um total de 32 semanas, com férias curtas no período. Nele, os participantes passam a primeira fase, que dura 10 semanas, viajando e fazendo trabalho voluntário ao redor do mundo. As 10 semanas seguintes são dedicadas ao aprendizado de competências e desenvolvimento de hábitos, o que se dá em San Francisco. A fase final do programa anual também tem duração de 10 semanas e é quando os alunos se dedicam a criar um projeto próprio.
Já no programa semestral, os alunos passam cinco semanas vivenciando o trabalho voluntário em outros países e, ao retornar para os EUA, cursam 10 semanas de aprendizado de competências e hábitos. O programa mais curto, desenvolvido para ser cursado nos meses que antecedem, é semelhante ao semestral, porém nele os participantes cursam, antes as 10 semanas de aprendizado de competências e hábitos e depois a experiência de voluntariado internacional.
Não. A ideia é que o programa funcione como uma espécie de período sabático, em que os alunos podem investir em um formato alternativo de educação. Após o Year On, os estudantes escolhem se desejam entrar (ou retornar) aos estudos universitários ou se já querem ingressar no mercado de trabalho.
Para isso, o Year On se baseia em uma filosofia que acredita no aprendizado por meio da investigação e da exploração e se apoia em três pilares principais:
Nos três formatos do Year On, a experiência de voluntariado internacional é o principal destaque. Isso porque a organização acredita que a imersão na diversidade – seja cultural, econômica, social – tem o poder de expor o indivíduo a realidades diferentes da sua e, consequentemente, acelerar seu processo de questionamento e aprendizado. “Nós não existimos no vácuo. Principalmente quando se é jovem, você assume que a forma como você foi criado vale para todas as outras pessoas. Quando você pisa fora da sua realidade, percebe que isso não é verdade”, diz Dale Stephens, fundador da Year On.
A vivência também tem a capacidade de desenvolver a empatia, competência essencial no mercado de trabalho e para qualquer projeto que o futuro profissional vá criar. “Além disso, ir para longe por um período é uma forma de se testar, de aprender a ser independente”, acrescenta.
Visando entender a fundo a estratégia da Year On e outras críticas de Dale Stephens em relação ao ensino superior nos EUA, confira a entrevista que fizemos com ele, que também é ex-CEO do UnCollege. Na entrevista, Dale também comenta o que as escolas tradicionais podem aprender com o programa.