Por que a formação
cidadã e as habilidades
socioemocionais são
tão importantes para
o sucesso no mercado
de trabalho (e na vida!)

A revolução tecnológica vivida por sociedades globalizadas tem mudado, em velocidade vertiginosa, todos os aspectos do cotidiano. A forma como compramos produtos, pagamos contas ou organizamos nosso dia é cada vez mais mediada por nossos smartphones. A possibilidade de que aparelhos que temos em casa “conversem entre si” através da internet já é uma realidade tangível.

O mundo digital permeia até mesmo as relações interpessoais. Pessoas que conviviam em espaços distintos têm a possibilidade de se conhecerem através de aplicativos. Amigos e familiares se comunicam por mensagens de texto, voz e vídeo, além de se apropriarem de linguagens do universo da internet para se expressarem.

Nesse novo universo digital, a educação e o trabalho não ficam de fora. Empresas têm se apropriado cada vez mais da tecnologia para solucionar problemas. O resultado é o aumento da automatização e o uso da inteligência artificial para diversas tarefas da indústria e do setor de comércio e serviços.

Já as escolas, além de se apropriarem de novas técnicas em sala de aula, passam a ter outro desafio: formar jovens para o futuro. E é nesse ponto que diversas habilidades têm sido reforçadas como essenciais para a formação cidadã dos alunos e seu sucesso no mercado de trabalho. Elas são as soft skills.

o que são

soft skills?

Uma pessoa que é criativa, sabe expor suas opiniões de forma clara e tem abertura para ouvir os argumentos de outra normalmente se destaca na sociedade, não acha? Aqueles que têm capacidade de solucionar problemas e se reinventar após enfrentar adversidades também. Características como essas não são valorizadas apenas na vida social, mas também no mercado de trabalho. Elas são chamadas de soft skills.

Essa expressão é usada para reunir habilidades emocionais, comportamentais e sociais dos indivíduos. Empatia, resiliência, criatividade, comunicação, flexibilidade, pensamento crítico e liderança são apenas alguns exemplos de soft skills valorizadas no ambiente laboral. Em um teste, esses traços são difíceis de serem avaliados, pois estão diretamente ligados a como interagimos com outras pessoas e lidamos com o que acontece em nossa vida.

As softs skils se diferenciam das hard skills, ou conhecimento técnico. Graduação, especialização ou fluência em outro idioma são alguns exemplos de características desta natureza. Elas costumam ser mais tangíveis e mais fáceis de serem comprovadas em uma entrevista de emprego.

entenda a diferença

soft   hard

skills skills

SOFT

SUAVE, MACIO, LEVE

As habilidades dessa natureza se modificam a partir
das experiências vividas e do relacionamento com
outras pessoas.

EXEMPLO

Crianças que começam a desenvolver a capacidade de liderança ao vivenciar um comportamento semelhante de algum mentor (sejam pais ou professores).

HARD

DURO, FIRME, FORTE

Capacidades menos maleáveis, mais técnicas e específicas. Normalmente são ensinadas em cursos e, por isso, são mais facilmente medidas e comprovadas.

EXEMPLO

O aluno que se submete a um teste para medir seu desempenho ou QI está avaliando quais são suas hard skills.

Vídeo de

James Heckman,

Nobel em Economia,

falando sobre a importância

das soft skills para que

cidadãos consigam ser

o que quiserem - 3’21’’

uma necessidade do

MERCADO DE TRABALHO

Já ouviu falar do ditado, muito comum em ambientes de recrutamento, que diz
“contrata-se pelo currículo, demite-se pelo comportamento?”

Ao analisar a frase, é fácil perceber que as atitudes dos empregados contam, e muito, no dia a dia de trabalho.

A análise de consultorias de recursos humanos é simples. No ambiente empresarial, é mais fácil desenvolver capacidades técnicas em profissionais que já têm habilidades comportamentais. O movimento contrário - estimular o desenvolvimento dessas características naqueles que dominam as hard skills - é mais desafiador.

Isso acontece porque as soft skills estão fortemente ligadas à formação cidadã de cada um, que envolve modos de agir ensinados desde a infância, em casa e na escola, através da convivência e da experiência. Além disso, é muito difícil aprender características esses tipos de por meio do ensino tradicional, focado na transmissão de conteúdo e na indicação de respostas corretas. Por isso, grandes empresas e startups ligadas à educação têm entendido que as soft skills devem ser desenvolvidas ainda na infância.

Esse tema, por exemplo, foi um dos mais comentados durante a 2ª EdTech Conference, realizada em abril de 2018 em São Paulo. Palestrantes de diversas startups de educação reforçaram a importância de que sejam estabelecidos momentos de aprendizagem que fujam da sala de aula convencional para o
ensino dessas habilidades comportamentais.

MOTIVOS PARA A DEMISSÃO ÍNDICE
>Baixo desempenho 34%
>Falta de aderência à cultura da empresa 26%
>Relacionamento ruim com a equipe 16%
>Atrasos e faltas 12%
>Baixa empatia com superior 10%
>Outros motivos 6%

Fonte: Robert Half, empresa de recrutamento especializado

Por que
desenvolver
soft skills
em sala de aula

Uma pesquisa do LinkedIn e da consultoria Capgemini analisou, em 2017, a oferta e a demanda de profissionais com habilidades digitais específicas, além da disponibilidade de vagas desse tipo no mercado. Uma das constatações desse estudo diz respeito às soft skills. Do total de empresas entrevistadas, 60% disseram sofrer com a carência de profissionais com essas habilidades.

A procura por esses profissionais tende a aumentar ainda mais, já que os desafios do mercado só aumentarão. Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho, lançada em 2016, afirma que 65% das crianças que estudam atualmente na escola primária realizarão funções que ainda não existem. Nesse contexto, é necessário formar cidadãos que saibam se comunicar, lidar com fatores inesperados, ser líderes, além de atuarem com empatia e criatividade.

Devemos pensar no desenvolvimento dos nossos filhos de uma forma mais ampla. Muitos pais são encorajados a pensar que o que faz seus filhos serem bem-sucedidos é seu desempenho em testes padronizados, suas notas em leitura e matemática. Mas isso não é suficiente. Uma das coisas mais importantes que os pais deveriam fazer é ajudar os filhos a lidarem melhor com fracassos e problemas.”

Paul Tough

jornalista e autor do livro “Como as crianças aprendem”,
durante o Fórum Internacional de Políticas Públicas,
realizado no Brasil em 2014.

O que é a
área digital

+Precisa

  • ºTer o consumidor no centro das preocupações
    (que é uma forma de empatia).
  • ºPaixão por aprender.
  • ºColaboração.
  • ºCapacidade de decidir.
  • ºHabilidade organizacional.
  • ºHabilidade de lidar com ambiguidade.
  • ºMentalidade empreendedora.
  • ºCapacidade de gerar mudanças.

soft
skills

e educação

No universo do empreendedorismo, as soft skills também são extremamente importantes para o alcance de soluções inovadoras
e que gerem mudanças transformadoras em nossa sociedade. Mas a educação empreendedora também ajuda no caminho
inverso, o de desenvolver habilidades socioemocionais.

A educação voltada para esse propósito incentiva o cidadão
a percorrer um caminho estimulante:

Ter consciência sobre os desafios da sociedade, ou seja,
assumir uma postura vigilante no dia a dia, identificando
questões que afetam, de alguma forma, a vida das
pessoas desenvolvendo habilidades como empatia e pensamento crítico.

Pensar em caminhos para mudar aquela realidade. Nesse
ponto, a educação empreendedora busca proporcionar
instrumentos para que o aluno seja capaz de traçar um
plano tecnicamente embasado, com ações e estratégias
concretas para interagir com o problema e solucioná-lo, o
que abre espaço para a colaboração, a liderança, o
pensamento criativo, a resolução de problemas, a gestão de
pessoas e a comunicação.

Tirar as ideias do papel, colocando o plano em prática.
Se der certo, o empreendimento contribui para mudar
aquela realidade. Se não funcionar, o aprendizado com o
erro pode ser usado em outra experiência - e é quando o
aluno pode aprender a ser resiliente e a se adaptar.

Optar pela educação empreendedora para desenvolver
esses tipos de habilidade não deve ser uma escolha apenas
de quem deseja abrir o próprio negócio.

Essa estratégia é válida e pode proporcionar mudanças transformadoras em todas as escolhas profissionais. Isso porque ela é
capaz de formar pessoas independentes e autoconfiantes em qualquer situação que envolva um problema a ser resolvido o que
acontece em todo tipo de empresa.

outras técnicas

ferramentas que
fazem a diferença

São diversas as estratégias adotadas por instituições de ensino, no Brasil e no mundo, voltadas à preparação de crianças, adolescentes e adultos, que já estão no mercado de trabalho, para os desafios do presente e do futuro.

A maioria delas possui relação com os princípios da educação empreendedora. Seu objetivo é modificar a vivência na escola, inserindo modelos de aprendizagem multidisciplinares que fomentem a colaboração e incentivem o protagonismo estudantil e a criatividade. Veja, a seguir, alguns exemplos.

Aprendizado por projetos

A metodologia propõe que alunos encontrem a solução para algum problema desafiador através do desenvolvimento de um projeto ou produto. A ideia é que os alunos usem conhecimentos em diversas áreas para realizar tarefas e vencer os desafios desse percurso. Além disso, o grupo aprende a trabalhar junto, a pensar criticamente e a ser protagonista da mudança.

Ensino interdisciplinar

Imagine ir à escola ou à faculdade e, ao longo do dia, assistir a aulas conectadas entre si, que apresentam perspectivas diferenciadas e que se relacionam! Essa é a proposta do método, que busca usar a compartimentação do ensino como estratégia para proporcionar interpretações distintas e articuladas sobre um assunto. Se o tema escolhido faz parte da realidade dos alunos, melhor ainda. Eles estarão mais engajados na busca pela solução de problemas, além de poderem trabalhar em grupo.

Aprender fazendo

Defendido desde o século passado pelo pesquisador John Dewey (1859-1952), a estratégia busca promover o ensino através da experiência. Ao invés de seguir uma receita de bolo, por exemplo, busca-se que a pessoa teste alternativas para chegar ao próprio doce. Dessa forma, o aluno é estimulado a pesquisar, autoavaliar seu desempenho, ousar e testar. O que fica são os aprendizados adquiridos pelo acerto ou pelo erro. Além disso, estimulam-se a criatividade e a motivação.

Gamificação

Despertar o interesse e envolver o aluno na solução de desafios são alguns dos principais objetivos do uso de jogos na educação. Outra meta é proporcionar um ambiente de diversão e aprendizado, tornando o aluno engajado com sua formação. Os games podem ser usados de diversas maneiras: seja para apresentar um novo conteúdo, criar algum produto ou simular situações. Em diversas oportunidades, esse percurso formativo pode estimular a comunicação, a liderança, a autonomia e a resiliência.

O DESAFIO
BRASILEIRO

na escola

Garantir que as soft skills ganhem mais espaço na comunidade escolar começa por definir um eixo orientador para o trabalho. Essa decisão pedagógica foi tomada pelo governo brasileiro em 2018, com a homologação, pelo Ministério da Educação, da Base Nacional Comum Curricular. Ela estabelece todos os conteúdos que devem ser abordados em todas as escolas do país, nos ensinos infantil, fundamental e médio.

Neste documento, foram listadas 10 competências gerais que devem guiar esse trabalho nas escolas. Aquelas que representam soft skills estão destacadas:

conhecimento
Pensamento científico,
crítico e criativo
Repertório
cultural
Comunicacao
Cultura
digital
Trabalho e
projeto de vida
Argumentação
Autoconhecimento
e autocuidado
Empatia e
cooperação
Responsabilidade
e cidadania

No entanto, o documento é recente e ainda precisa ser analisado pelos milhares de escolas brasileiras. Nesse sentido, os principais desafios são garantir que sejam desenvolvidas políticas públicas efetivas para proporcionar esse tipo de vivência aos alunos, principalmente em comunidades socialmente vulneráveis.

“O que falta no Brasil, como no mundo, é incluir esses aspectos da educação no sistema de monitoramento. (...) Em geral, as metas de educação recaem em acesso e alfabetização. (...) Está no discurso, mas ainda não está nas metas.”

Ricardo Paes de Barros

economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor no Insper, em entrevista durante o Seminário Internacional “Educação para a Cidadania Global”.

PONTO DE ATENÇÃO NA

educação profissional

Já aqueles que desejam desenvolver as soft skills para se reposicionar no mercado de trabalho devem estar
atentos às alternativas disponíveis. Como essas competências são dificilmente mensuráveis, é importante
se certificar de que o percurso formativo escolhido é feito com seriedade.

Quem ensina bem as

Perestroika: autointitulada como uma escola livre de atividades criativas, a instituição oferece cursos, presenciais e on-line, para estimular o potencial criativo dos alunos. A ideia é ter esse eixo norteador durante discussões sobre os mais variados temas, como empreendedorismo, moda, pôquer e teoria feminista. Seu método de ensino é estruturado no aprendizado pela experiência. O espaço está presente em cinco capitais brasileiras (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre).

Knowledge Is Power Program (KIPP - Programa Conhecimento é Poder, em tradução livre): é uma rede de ensino dos Estados Unidos que prepara estudantes para a carreira universitária. O espaço é aberto a todos os interessados, especialmente aos jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social. Seu método busca desenvolver em cada estudante entusiasmo, autocontrole, otimismo, determinação, gratidão, sociabilidade e curiosidade. Para isso, o ensino não é dividido em disciplinas, mas de maneira transversal. A KIPP também busca adotar uma atitude presente na realidade dos alunos e inseri-los no planejamento da sua evolução. A rede conta com 224 escolas do tipo nos Estados Unidos.

Team Academy: é uma capacitação voltada para o estímulo da atitude empreendedora. Sua proposta é ensinar jovens profissionais a tirarem ideias do papel, fomentando o aprendizado pela experiência. O diferencial é que, desde o início da formação, os alunos lidam com situações reais: grupos de alunos criam empresas e têm de propor soluções a clientes que estão inseridos no mercado de trabalho. A Team Academy está presente na Holanda.

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