Benefícios do mindfulness para os estudantes

Blog Benefícios do mindfulness para os estudantes

27/09/2022
Compartilhe este conteúdo

Nossa mente se distrai ou fica dispersa em 47% do tempo, segundo uma pesquisa do “Track Your Happiness”. E a maior parte desses pensamentos soltos são negativos. O que vem contribuindo para o aumento dos quadros depressivos, de ansiedade e também  reduzindo a capacidade de memorização e aprendizado.

Quantas vezes você já identificou algum estudante desconectado da sala de aula? E com que frequência você já percebeu o seu pensamento divagando?

A prática do mindfulness, ou de atenção plena ao momento presente, pode ser um antídoto para essa distração e tem contribuído tanto para a saúde mental quanto para o aumento da qualidade das aulas.

Para entender mais os benefícios dessa prática, nós convidamos José Donizette Santos, filósofo, educador, especialista em Neurociência Aplicada à Educação, instrutor de Mindfulness e fundador do Instagram @meditare.sati para uma entrevista!

Leia até o fim!

Primeiramente, em que consiste a prática de mindfulness?

O termo tornou-se popular no mundo ocidental graças ao trabalho do Dr. Jon Kabat-Zinn, da Universidade de Massachusetts (Boston – EUA), que começou a utilizar mindfulness, em 1978, com pacientes diagnosticados com estresse, crises de ansiedade e dores crônicas.

A prática da Atenção Plena – Mindfulness envolve um conjunto de técnicas de presença no momento presente, convidando-nos a uma atitude desperta e consciente diante da vida, impulsionando as forças pessoais para levar ao autoconhecimento, ao autocuidado e ao autodesenvolvimento do potencial humano.

Quais os benefícios das práticas meditativas de mindfulness?

As práticas meditativas de mindfulness, feitas com regularidade, resultam numa série de benefícios comprovados nos âmbitos da saúde, da educação e do trabalho.

Na saúde, pode ajudar tanto no tratamento de doenças fisiológicas (dor crônica, doenças cardiovasculares), doenças psiquiátricas (quadros depressivos, crises de ansiedade, transtornos de conduta alimentar obsessivos ou de personalidade) quanto na prevenção de sintomas do estresse e no desenvolvimento do bem-estar psicológico.

No contexto educacional, as práticas regulares de mindfulness pelos estudantes pode contribuir para:

melhorar consideravelmente a performance acadêmica;

  • propiciar o autoconhecimento e o autoconceito;
  • aumentar a criatividade;
  • conter a agressividade e a intolerância;
  • incrementar a sua participação nas aulas;
  • controlar a impulsividade;
  • potencializar a memória;
  • aumentar a concentração e a atenção;
  • reduzir a ansiedade durante as avaliações;
  • melhorar a disposição para os estudos;
  • potencializar a empatia;
  • possibilitar relacionamentos interpessoais melhores.

Falando um pouco sobre a prática, é necessário algum local ou preparo específico?

Para quem deseja iniciar o treinamento de atenção plena, uma opção é buscar meditações guiadas.

É importante escolher um lugar tranquilo do seu ambiente, quer em casa, quer mesmo no trabalho, que permita que você esteja confortável para tentar se concentrar na respiração e nas sensações do corpo. Se possível, algum local em que você não seja interrompido por alguns minutos.

A meditação pode ser realizada de forma sentada ou deitada, contando sempre com a orientação de algum instrutor experiente e credenciado.

Existem aplicativos de mindfulness com práticas guiadas que podem ajudar os interessados, especialmente os iniciantes, os grupos e os eventos que podem ser buscados.

Como é o caso do grupo de WhatsApp – Meditare.sati – que eu mantenho e por meio do qual eu compartilho, diariamente, áudios com uma prática meditativa, incluindo orientações básicas necessárias.

Há também os workshops que promovo em locais variados para compartilhar práticas voltadas ao dia a dia, além do Programa de 16 horas em 8 semanas.

No início, é bastante desafiador desligar o cérebro de mil pensamentos e focar só nas sensações presentes, mas é imprescindível persistir.

Em vários momentos, a mente irá para longe, e será preciso você se esforçar para voltar a atenção novamente na respiração. É normal! Faz parte da prática.

Além do mindfulness como prática meditativa, é possível praticar a atenção plena durante as atividades corriqueiras — em qualquer uma!

Seja durante uma caminhada, uma leitura, um momento de estudos, no preparo das refeições, durante a alimentação, seja em uma conversa com outra pessoa, dentre tantas outras tarefas cotidianas. Basta simplesmente lembrar-se do conceito de atenção plena.

Assim será possível sair do ‘piloto automático’ no qual vivemos quase a metade do nosso tempo, trazendo totalmente a atenção e a consciência para o momento presente e tudo o que está ocorrendo ali.

É uma prática que exige treinamento – praticar, praticar e praticar. Os resultados valem muito a pena, visto que não tem preço uma vida mais saudável, produtiva e feliz!

Existe alguma recomendação de idade mínima para iniciar a meditação? Ou algum outro tipo de pré-requisito?

Na minha experiência pessoal, como praticante e como instrutor de práticas de mindfulness, é viável iniciar com crianças a partir de quatro anos, claro, com instruções adaptadas à idade.

Há quem indique iniciar já com dois anos, já que as práticas são muito simples, pautadas sobretudo pela atenção e observação na respiração e no corpo.

Na minha opinião, o maior e mais significativo pré-requisito para iniciar com as práticas relaciona-se ao desejo, ao propósito ou à vontade de começar um processo de mudança na busca do cultivo de uma melhor qualidade de vida, uma vida com mais cuidados, tanto na relação com o seu próprio ser essencial quanto na relação com as outras pessoas, com os demais seres viventes e com o mundo.

A prática de mindfulness implica a vontade de visitar a nós mesmos, de viver mais no momento presente, de pausar, por vezes, e de simplesmente ser.  Ela nos possibilita não ficarmos presos num fazer interminável, esquecendo a essência do significado do que é ser humano de verdade, no aqui e no agora!

E na realidade das escolas – como os professores e os educadores podem incentivar ou mesmo incluir atividades de meditação?

Um processo sério e coerente de implantação de práticas meditativas de mindfulness no contexto escolar exige uma série de procedimentos envolvendo todos os agentes da instituição: equipes de direção e coordenação, equipes de educadores, pais e estudantes.

Todo o processo deverá ser coordenado por algum instrutor devidamente credenciado e com experiência comprovada com práticas na área da educação.

O passo inicial é que os agentes educacionais sintam-se motivados a tornarem-se, em primeiro lugar, praticantes de mindfulness. Por uma simples e séria questão de autenticidade, ou seja, ensinar aquilo que se faz. Em outras palavras, ensinar o que se vive, com todos os benefícios, mas, igualmente, com os seus desafios e as maneiras de superá-los. E só existe um caminho para isso: praticar, praticar, praticar!

Qualquer pessoa pode guiar uma sessão de mindfulness ou é necessária uma formação específica previamente?

Por uma questão de autenticidade  e coerência, conforme afirmei acima, a condição primordial para conduzir uma sessão simples de mindfulness é que a pessoa tenha participado, no mínimo, de um programa de 8 semanas. 

Claro, convidar estudantes ou filhos para respirar, e respirar algumas vezes e relaxar, qualquer pessoa de boa vontade poderá fazer!

Para quem gostaria de iniciar de forma autoguiada a prática, o que você recomendaria?

Sinceramente, para iniciar, recomendo procurar orientações básicas com algum instrutor credenciado e experiente, seja por meio de entrevistas ou acompanhamento individual, seja participando de algum tipo de treinamento específico: workshops, programas de 8 semanas, imersão no silêncio, etc.

Qual seria sua consideração ou mensagem final?

Peço licença para considerar as palavras do Dr Jon Kabat-Zin, considerado o ’pai’ de mindfulness para o mundo ocidental.

Segundo ele, o principal foco do cultivo de mindfulness está em desenvolver a capacidade de assumir o controle de nossa vida e de suas circunstâncias, com imensa ternura e bondade, e de encontrar maneiras de honrar a plena dimensão das possibilidades de uma vida sã, satisfatória e significativa.

A motivação primordial, para quem decidir adotar tais práticas na vida, terá de ser muito mais básica: a busca por viver uma vida mais saudável, integrada e satisfatória, mais feliz e mais sábia.

Temos apenas momentos para viver, e, segundo Jon, o único modo que temos de influenciar o futuro é nos apoderando do presente, seja ele qual for. Habitando o momento presente com atenção plena, o momento seguinte será muito diferente em razão da nossa presença nele. Assim, talvez, encontremos formas criativas para viver de maneira plena a vida que nos cabe realmente viver…

Contatos:

José Donizette Santos

Telefone: 31 98457-1808

Instagram: @meditare.sati

Facebook: @donizetti santos

Compartilhe este conteúdo

Assine a Newsletter

Fique por dentro de todas as novidades