Robótica com Sucata: conheça o case da professora Débora Garofalo

Blog Robótica com Sucata: conheça o case da professora Débora Garofalo

08/11/2022
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A professora Débora Garofalo, primeira brasileira e a primeira sul-americana a ser finalista no Global Teacher Prize – prêmio considerado o Nobel da Educação, não tem esse título à toa. Entre vários outros feitos marcantes, ela foi a responsável por desenvolver o projeto Robótica com Sucata.

O que é o Robótica com Sucata

Feito com o intuito de transformar a vida de crianças e jovens da periferia de São Paulo, a iniciativa trabalha com a construção de utensílios reciclados do lixo das ruas da grande metrópole nacional. A proposta passa sobretudo pela mediação da construção de conhecimento de conteúdos curriculares, de eletrônica e robótica.

Segundo o site da própria Débora, o trabalho é organizado para mobilizar uma prática pedagógica e formativa, que incentiva a aprendizagem do aluno pela sua criatividade e estimula a experimentação de ideias e a exploração de pesquisas para propor soluções locais à comunidade. Diversas áreas do conhecimento são mobilizadas, e, além disso, o modelo do programa permite que o aluno seja o agente ativo do desenvolvimento e do processo de ensino-aprendizagem.

“Através do problema social que eles tinham, que era a questão do lixo, eu vi uma oportunidade de ensinar essas crianças a trabalharem com a programação e com a robótica”, afirma a professora em uma entrevista publicada no YouTube. Segundo ela, o fato de transmitir o ensino em si não era o único pilar da ação. “Pensando [também] na possibilidade de ele transformar, como protagonista da aprendizagem, a comunidade deles”, revela.

Sobre o funcionamento do trabalho, Débora explica o passo a passo: a equipe vai para a comunidade, promove aulas públicas e conversa com a comunidade sobre o lixo e a reciclagem. O segundo passo é recolher esses materiais da rua, voltar para a sala de aula, pesá-los e transformá-los por meio de pesquisas e protótipos, dando diferentes funcionalidades a eles. Entre os exemplos, ela cita carrinhos motorizados, aspirador de pó, máquinas de refrigerantes, máquinas de sorvete e outros exemplos. E não para por aí. “Diversos tipos de protótipos, mas também soluções para a vida cotidiana, como a construção de uma casa “, pontua.

“Eles puderam se entender no mundo e partir para ser o que quiserem”

Os resultados chegaram como agradecimento e também por meio do orgulho de ser capaz de transformar a realidade daquelas pessoas. No total, mais de dois mil jovens e crianças da comunidade escolar da rede pública participam ou já participaram do projeto.

“As minhas crianças eram crianças que não tinham perspectiva de vida. Isso é muito triste, principalmente quando você encontra isso em jovens”, reflete. “Com base nesse trabalho, eles puderam se entender no mundo e partir para ser o que eles quiserem”.

A tecnologia, definitivamente, não é uma vilã

A tecnologia proporciona aprendizagem. “A gente precisa desmistificar esse uso da tecnologia e incorporá-la ao cotidiano […] trazendo a cultura maker para a sala de aula, trabalhando com questões de problemas reais”, revela.

Na entrevista que a equipe do Portal CER fez com a professora no início de 2022, o assunto da tecnologia foi abordado e vale reforçar aqui. Ela fala sobre a importância de não pensar na tecnologia como um fim. “Quando a gente fala de novas abordagens, sempre devemos pensar na tecnologia como uma propulsora dos processos de aprendizagem – ela não tem uma finalidade, por si só, de transformar a educação. Para que seja transformada, a educação precisa vir acompanhada de novas abordagens de ensino”, pontua.

O tema também se transformou em livro

Débora Garofalo lançou, em 2021, o livro que leva o mesmo nome do programa: “Robótica sustentável”. Ele é estruturado em capítulos que passam por todas as etapas do assunto: desde a introdução básica até os conceitos de eletrônica e orientações para desenvolvimento dos primeiros protótipos.

>> Acesse aqui mais detalhes do livro

Por meio da obra, também é possível conhecer melhor a cultura maker, ou a “cultura do faça você mesmo”, que valoriza o aprendizado mão na massa e traz à tona a crença famosa do educador suíço Jean Piaget: “Compreender é inventar ou reinventar”.

Esse case ajudou você a perceber como pequenos gestos podem resultar em grandes transformações sociais? Conheça outros e amplie as suas possibilidades: acesse o CER Histórias.

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