Conheça o Termo de Referência em Educação Empreendedora

Blog Conheça o Termo de Referência em Educação Empreendedora

02/12/2022
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O Termo de Referência em Educação Empreendedora é um material teórico e completo para consulta de todos os agentes da educação básica interessados e empenhados em inserir a Educação Empreendedora em suas escolas. O documento parte de uma base teórica sobre a origem do empreendedorismo até exemplos de como inserir a disciplina na prática.

Nesta entrevista, conversamos com Rose Mary Almeida Lopes, doutora em psicologia social pela Universidade de São Paulo e autora dos livros: Educação Empreendedora: Conceitos, Modelos e Práticas, Ensino de Empreendedorismo no Brasil: Panorama, tendências e melhores práticas e Termo de Referência em Educação Empreendedora.

https://materiais.cer.sebrae.com.br/lp-ebook-educacao-empreendedora-potencial-transformar-educacao

1 – Qual é o conceito de Educação Empreendedora que o Termo de Referência em Educação Empreendedora firma?

O Sebrae e o Termo de Referência se alinham com o conceito de Educação Empreendedora de forma mais ampla, isto é, a que tem o objetivo de desenvolver as competências empreendedoras de maneira geral, principalmente as socioemocionais, relacionadas à atuação dos empreendedores.

Tal alinhamento também indica a necessidade de abranger conhecimentos e habilidades específicas para a atuação de uma pessoa que queira atuar nos próprios projetos ou nos de outras pessoas, sejam eles sociais, em empresas, sejam empreendimentos em comunidades ou para lucro.

De modo geral, isso aponta para uma concepção bastante abrangente de Educação Empreendedora, que visa estimular o potencial de desenvolvimento total do indivíduo para que ele se engaje e tenha condição de agregar valor na sociedade.

2 – O que é o Termo de Referência em Educação Empreendedora e qual o seu objetivo?

O Termo de Referência é um livro oferecido pelo CER – Sebrae que traz um panorama completo para que educadores e pessoas envolvidas ou responsáveis pela educação compreendam o que significa Educação Empreendedora e conheçam as principais correntes teóricas sobre o tema, que influenciam os conceitos e o entendimento deles.

O Termo contribui para que os agentes promotores da educação possam implementar projetos na prática. Para isso, o material fornece modelo filosófico descortinando a fim de  que eles entendam os diferentes níveis de Educação Empreendedora, e consequentes diferenças nos objetivos possíveis – como se pode planejar as intervenções, como desenvolver os conhecimentos e/ou as competências empreendedoras, quais as técnicas que podem ser usadas e tipos de avaliação de resultados.

Enfim, o Termo de Referência  mostra a modelagem e o planejamento dos diferentes tipos de intervenção da Educação Empreendedora, para possibilitar desenvolver o potencial dos estudantes e dos jovens, com o intuito de que eles se tornem agentes e cidadãos com iniciativa e com a possibilidade de visualizar as oportunidades ou até mesmo de criar oportunidades para a melhoria da sociedade, por meio de soluções que podem ser inovadores ou não, mas que gerem valor.

3 – Como o Termo de Referência em Educação Empreendedora foi construído?

O Termo de Referência em Educação Empreendedora inicialmente contextualiza o momento atual das sociedades, o mundo em que se vive, a influência das várias forças, inclusive da tecnologia e o que se concebe, atualmente, de como deva ser a educação, e em que sentido ela tenha de se alinhar a fim de preparar as novas gerações para o enfrentamento desses desafios num mundo completamente incerto.

Ainda  que a educação não consiga vislumbrar totalmente quais serão os desafios a que essas novas gerações vão se deparar no futuro, já que não conseguimos delineá-lo, é possível preparar os jovens no sentido de estarem equipados com uma série de competências que lhes permitam tanto captar informações quanto analisá las, com o objetivo de que eles possam se posicionar e verificar quais as melhores respostas e alternativas.

Depois, o Termo abrange as grandes correntes de pensamento que influenciam a área de empreendedorismo, discute os conceitos de Educação Empreendedora, quais as competências empreendedoras e socioemocionais a serem desenvolvidas, e também apresenta as técnicas e metodologias mais propícias ao desenvolvimento dessas competências amplas.

4- Por que o Termo de Referência em Educação Empreendedora é uma leitura obrigatória para professores, gestores públicos e gestores educacionais?

Primeiramente, o Termo de Referência em Educação Empreendedora é um documento que foi cuidadosamente preparado, encontra-se em um formato e linguagem acessível e foi especialmente modelado para atender às pessoas envolvidas com a Educação Empreendedora. Ele também oferece um panorama completo que permite se posicionar sobre o que é a Educação Empreendedora.

Em segundo lugar, com o Termo, é possível assimilar o porquê estudar o tema, quais os objetivos, as limitações de cada um dos diferentes tipos de Educação Empreendedora – sobre, para e por meio do empreendedorismo – ,alargando o conhecimento e ampliando a concepção sobre o tema.

Por fim, com o Termo, os mais diversos atores envolvidos na educação – professores, gestores educacionais e gestores públicos, diretores e coordenadores – podem entender quais as possibilidades dentro da Educação Empreendedora e conhecer quais os diferentes tipos de intervenção. Com base nisso, eles podem  planejar de modo a se adequarem aos tipos de público, aos parâmetros do curso, o que se pretende alcançar, quais as técnicas mais adequadas para esse tipo de formação, quais os tipos de avaliação de resultados. Ou seja, vai permitir uma atuação bem mais embasada e sólida.

5 – Como as competências socioemocionais se relacionam com as competências empreendedoras?

Existem diversas possibilidades de intervenção de Educação Empreendedora – a Educação Empreendedora pode ser sobre empreendedorismo. Isso significa que esse tipo de intervenção é modelado para prover conhecimentos gerais sobre o que sejam empreendedores ou empreendedorismo. Esse seria um nível mais racional de conhecimento.

O nível seguinte, isto é,  a educação para o empreendedorismo, está focado em oferecer e desenvolver habilidades ou competências empreendedoras diretamente relacionadas com a atuação de um futuro empreendedor. Ou seja, desde conhecimentos específicos – como área de finanças, planejamento, área de negócios, como analisar competição, como analisar o mercado;finalmente, uma série de habilidades específicas até como explorar e criar oportunidades.

O terceiro nível – que seria a educação mediante o empreendedorismo – é bem vasto, pois ele se volta para competências muito amplas, ou seja, socioemocionais, e que é desenvolvido de forma integrada com as diversas disciplinas do currículo. Chamamos a atenção para o fato de que o empreendedor usa a si mesmo como um grande recurso para empreender e construir seus projetos. Assim, uma competência socioemocional muito importante é a consciência de si mesmo. Essa é a base da qual o empreendedor parte e que também envolve o que ele conhece e quem ele conhece. Além disso, temos as competências de comunicação, saber trabalhar em grupo, criatividade, como desenvolver argumentos para influenciar as pessoas, consciência social, valores éticos, resiliência, enfim, uma série de competências que atravessam todas as atuações, seja para seguir a carreira de empreendedor, seja para ser um empreendedor social, seja para fins lucrativos,seja como um profissional, agente na comunidade, intraempreendedor, funcionário público, seja ainda como agente político. Por fim, essas competências socioemocionais mais amplas permitem que a pessoa atue como empreendedor ou com postura empreendedora nos mais diversos contextos.

6 – Como preparar os estudantes para esse mundo 5.0, Era Pós-Digital, e VUCA?

Isso é realmente um desafio. Temos várias possibilidades. As novas gerações precisam ser preparadas para viver com incertezas, lidar com contingências, com nível de mudanças muito rápidas, com tecnologias que trazem possibilidades, mas que apresentam também riscos, como a propensão ao vício, por exemplo.

Cada vez mais, quando se depara com um grau elevado de incerteza, é necessário fortalecer o aspecto subjetivo das pessoas. Isto é, ajudá-las a entender a si mesmas, compreendendo quem são, onde estão, quais são suas origens, quais os seus valores, de modo que elas não percam a conexão com o que elas acham que é certo ou errado, e assim possam contribuir para a melhoria do mundo e da sociedade.

Ou seja, para isso é necessário ajudá-las a ter consciência de seus valores e de seus propósitos, a fim de que elas consigam realizar escolhas e estar alinhadas com sua missão de vida. E com isso, alicerçados em valores, propósito, missão, objetivos, atuando de maneira ética, os estudantes não vão perder de vista as possibilidades de se alinharem e construírem seus projetos de vida, lidando com as diferentes situações, quaisquer que sejam e por mais difíceis que sejam.

7 – Como a Educação Empreendedora contribui para a formação e o desenvolvimento das competências do séc XXI?

A Educação Empreendedora de forma ampla, é interdisciplinar e bastante desafiadora, porque abrange como desenvolver os diferentes níveis de competências – conhecer, saber fazer, ser e conviver. Ou seja, múltiplos níveis de desenvolvimento de competências.

As competências racionais predominaram nos currículos escolares durante muito tempo, porque elas são talvez mais fáceis de ser atingidas. Os outros níveis – como o fazer – exigem que a educação possibilite o intervir, desenvolver aplicações, analisar os resultados das diferentes intervenções – um extravasar dos muros da escola, para se interligar com a sociedade. E com isso, possibilitando que se desenvolvam as competências e o saber conviver – com o grupo de sala de aula, a comunidade, a sociedade, respeitando melhor as diferenças. Isso possibilita maior ciência de si próprio – quem eu sou, o que eu quero, o que sei fazer, sabendo viver e conviver com a sociedade.

Abrangendo todos esses níveis, a educação estará alinhada com as competências do século XXI, que implicam uma variedade enorme de competências necessárias e que abrangem e tocam nas competências empreendedoras.

8 – Como a Educação Empreendedora pode contribuir para o Projeto de Vida?

O ser humano é um ser teleológico, isto é, ele é um ser que sempre se pergunta sobre o seu futuro, ou “o que eu quero ser, fazer e atingir nesse futuro”. O Projeto de Vida se liga exatamente com essa projeção de futuro.

A Educação Empreendedora, como mencionamos anteriormente, contribui de diversas maneiras. Por exemplo, ela convida os estudantes a considerarem um recurso próprio – quem eu sou – conhecer suas motivações, seus valores, seus propósitos, saber avaliar em todo momento o que eu sei e o que eu não sei; afinal, é importante saber como desenvolver uma habilidade que ainda não domino, ou como eu posso partir para me associar com pessoas que complementam aquilo que eu não sei ou que eu não consigo fazer tão bem. Para isso, é necessário partir de uma consciência de si. E também o que eu quero ser e atingir. Tudo isso tem a ver com o Projeto de Vida, que vai ganhando contornos mais nítidos à medida que o estudante amadurece.

9 – Por que incluir a Educação Empreendedora nas escolas?

Primeiramente, a Educação Empreendedora de modo abrangente, tem uma relação com as competências para viver, conviver e atuar no mundo atual – o mundo chamado VUCA, de alta incerteza. Isso se relaciona também aos quatro pilares da educação: desenvolver o conhecer, saber fazer, o ser e o conviver. Portanto, a Educação Empreendedora contribui para o desenvolvimento das competências socioemocionais. Isso permite que o indivíduo desenvolva as competências necessárias para lidar com as diferentes situações e em diversos contextos, encontrando formas de atuar e de propor soluções, de ter iniciativas para agregar valor e encontrar maneiras de resolver as diferentes contingências.

Ou seja, a Educação Empreendedora diz respeito ao desenvolvimento do potencial dos estudantes – preparando-os para que eles sejam cada vez mais protagonistas do próprio futuro e da sociedade.

10 – Quais os efeitos podemos esperar no médio e longo prazos dessa cultura de Educação Empreendedora?

Espera-se que as escolas, as universidades, as faculdades, os institutos, as escolas técnicas ampliem o seu conhecimento e ofereçam diferentes formas de estimular e desenvolver as competências empreendedoras, sejam elas técnicas, seja elas socioemocionais, para que as novas gerações desenvolvam ao máximo o seu potencial. Entendendo a Educação Empreendedora no sentido de que ela também oferece a possibilidade de que os jovens se percebam e definam seus projetos de vida, de modo a se inserirem na sociedade, e agregarem valor, não importando qual papel decidam desempenhar na sociedade. Então, espera-se que essa cultura se amplie, a fim de que professores, coordenadores e diretores percebam o que a Educação Empreendedora de jeito amplo significa e também abrande a resistência que ainda parte desses educadores, por terem uma visão estreita do empreendedorismo, como se a finalidade exclusiva fosse a participação empreendedora voltada às atividades lucrativas. A Educação Empreendedora no conceito geral abre esse panorama e permite que percebam que ela se volta ao estímulo do máximo desenvolvimento potencial e de possibilidades das novas gerações e dos estudantes.

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