Multiculturalismo na educação: o que os profissionais do ensino devem saber sobre o tema

Blog Multiculturalismo na educação: o que os profissionais do ensino devem saber sobre o tema

29/11/2022
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Você é gestor de uma escola – ou outro membro da comunidade escolar – e ainda não ouviu falar sobre multiculturalismo na educação? Se a resposta foi “não”, este post é importante pra você; se foi “sim”, sugerimos que continue a leitura, pois trazemos informações que podem ser relevantes para a escola em que você atua. Apresentamos aqui o conceito de multiculturalismo, resgatamos alguns estudos e damos dicas de como os profissionais da área podem colocar o tema em prática no dia a dia. Acompanhe!

O que é o multiculturalismo na educação?

Vivemos em um país muito diverso quanto à raça, gênero, religião, padrão cultural e por aí vai. No dicionário, é exatamente esta a definição do termo. Veja:

Definição do dicionário Michaelis

mul·ti·cul·tu·ra·lis·mo

sm

1 Prática de favorecer a coexistência de culturas distintas, numa única sociedade, sem preconceito ou discriminação.

2 Movimento que tem como objetivo a valorização nos meios formativos, como a escola, das características culturais de diferentes grupos étnicos de uma sociedade.

Definição do Dicionário On-line de Português (Dicio)

substantivo masculino

Em que há, em simultâneo, várias culturas num mesmo território, país etc; multiculturalidade.

Trabalhar o multiculturalismo na educação é, exatamente, lidar e desenvolver essa diversidade cultural de maneira eficiente e justa para todos. Obviamente não é simples, uma vez que a sociedade tem um padrão definido como o “ideal” ou como o “melhor”, com um viés eurocentrista, que negligencia pessoas que não se encaixam nesse modelo. Prova disso são os inúmeros casos de racismo, homofobia, xenofobia e capacitismo registrados diariamente em todo o mundo.

No entanto, como fazer diferente? Ou, melhor, como lidar com a realidade diversa do nosso país quando o assunto é educação?

Não há uma resposta ou uma fórmula exata, mas existem caminhos que podem facilitar. A seguir, trazemos estudos e artigos de especialistas que colocam luz sobre o tema. Confira!

O que os especialistas dizem

O artigo “Multiculturalismo e suas implicações na educação“, escrito pela professora Danielle Rodrigues e pela coordenadora pedagógica Sabrina Guedes, levanta ponderações cruciais sobre o assunto. Selecionamos e comentamos alguns trechos do estudo, listados a seguir:

Segundo as autoras, o desafio pedagógico é grande, uma vez que é difícil termos um “histórico” no qual podemos nos inspirar.

“A atualidade educacional é um espelho da ausência de modelos, de referenciais que antes balizavam a sociedade brasileira. Em educação, vivenciar o multiculturalismo e a inserção das tecnologias vem se transformando em desafio à prática pedagógica. O currículo escolar representa um grande esforço para trabalhar com a diversidade cultural, a mensagem gerada pela indústria cultural e a aquisição de conhecimentos e informações.”

A escola é, em outras palavras, um “resumo” da diversidade cultural do país. E é, também, exatamente o local em que o contexto pode começar a ser diferente – com mais respeito, equidade e empatia.

“Os desafios postos pela sociedade contemporânea, principalmente no que diz respeito à diversidade humana e ao pluralismo cultural, aparecem dentro da escola, que é onde basicamente tudo se origina, pois acredita-se que a reflexão sobre a diversidade seja o ponto de partida da nossa caminhada rumo a transformações conceituais e práticas da escola, a fim de garantir educação para todos por meio de aprendizagens efetivas que garantam a permanência do aluno e, consequentemente, seu sucesso escolar.”

Trabalhar o multiculturalismo na educação pode começar com práticas pedagógicas que chamem a atenção dos alunos para o tema.

“A questão do multiculturalismo deve ser levada para discussões dentro de sala de aula para criar um ambiente que aceite melhor as diferenças e assim despertar problematizações como as questões de racismo e preconceito entre os alunos, além de poder avaliar e entender o propósito cultural ou político envolvido, promovendo práticas pedagógicas que despertem os alunos para a diversidade, em que aprendam a respeitar as diferenças e que se defronte com assuntos como identidade cultural e de gênero.”

>> Leia o artigo na íntegra aqui

Outro material que traz reflexões importantes sobre o tema é o artigo “Multiculturalismo e educação“, publicado em 2017, e escrito por Manoel de Jesus Bastos. Segundo ele, “o multiculturalismo deve ser um processo presente no ensino-aprendizagem desde os primeiros anos da educação básica à de professores”. E nessa afirmação cabe sobretudo a responsabilidade e o papel de atores da comunidade escolar, como gestores e professores.

“Admite-se que o respeito à vida e à diversidade cultural é imprescindível ao favorecimento da construção da paz, da afetividade e acredita-se na instituição escolar como força maior na condução desse processo para a viabilização da justiça social e da plena democracia”, afirma o autor. Isso corrobora com o que trouxemos acima: é na escola que existe uma das melhores oportunidades para o multiculturalismo na educação.

Mas isso, claro, não ocorre de uma hora para outra, apenas a partir de uma decisão – é fundamental que outros setores da sociedade evoluam no tema, bem como professores, gestores e demais membros da comunidade escolar tenham consciência e noção da importância do tema na vida real. O autor fomenta isso, afirmando que “nessa concepção, torna-se necessário o avanço em pesquisas teóricas e práticas que possam delinear a consolidação de identidades e pluralidades culturais. Faz parte da reflexão sobre a educação multicultural na formação do professor o entendimento de que a linguagem e a concepção do aluno deve ser levada em conta como manifestação de sua cultura e que contribuirá, ricamente, em outras culturas”.

Políticas públicas também são providenciais para que o multiculturalismo na educação deixe de ser um desafio e se torne, majoritariamente, um agregador. “Todavia, há uma grande carência de estudos, desde a educação básica à universidade, a respeito do multiculturalismo, redefinindo propostas que venham alicerçar a democracia do conhecimento”, pontua Bastos.

A mentalidade voltada para o tema, como já falamos, deve começar por um lugar que permita o seu desdobramento. “É necessário que haja uma formação docente pluralizada, construída por concepções diversificadas e com visão que almeje a superação universalizada dos costumes, dos hábitos e do senso crítico de cada indivíduo”, reforça o autor. Segundo ele, é essa a perspectiva que pode “efetivar a organização multicultural, refletindo a valorização da pluralidade de vozes, concepções e identidades que busquem na contraposição de ideias, ou na orquestração de diferenças, a igualdade social”.

Não há dúvidas de que a Educação Empreendedora também pode contribuir para esse processo, uma vez que a metodologia valoriza principalmente o protagonismo, a expressão e o ritmo de cada estudante, respeitando a individualidade de cada um e fazendo com que o educando seja parte importante do próprio desenvolvimento.

E, em sua realidade, como trabalha o multiculturalismo na educação? Compartilhe conosco! Se gostou deste conteúdo, também recomendamos a leitura do e-book “Inclusão social na Educação Empreendedora”. Clique aqui e faça o download.

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