A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define 10 competências gerais da Educação Básica. Neste post, vamos focar especificamente na competência n.o 7, que trata da argumentação. O documento descreve-a como a capacidade de “argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta”. Ao longo deste texto, você poderá saber mais sobre a importância da argumentação na BNCC, as formas de desenvolvê-la e estimulá-la nos estudantes e ainda exemplos aplicados em diferentes disciplinas. Acompanhe!
Mas o que o estudante precisa desenvolver, exatamente?
Como sinaliza um artigo da Nova Escola sobre as competências gerais da BNCC, espera-se, a partir do tópico #7, que o estudante seja capaz de:
Ou seja, ser capaz de expressar opiniões com base em dados e fatos.
Isso significa que ele deve estar preparado para deduzir e concluir ideias pertinentes, sendo capaz de explicar o seu significado e, quando houver essa possibilidade, entender as limitações de argumentações alheias.
Ter a capacidade de discutir e defender seus pontos de vista, mesmo quando não são iguais aos de outras pessoas. Sempre com firmeza, respeito e respaldo fundamentado. O mesmo vale para estar aberto a ouvir e a aprender com os outros.
Ter conhecimento acerca de causas e consequências de questões globais relevantes, desde cenários climáticos às desigualdades a assuntos atuais – um exemplo de hoje em dia é a Guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Valorizar e conhecer o respeito aos direitos humanos e ao planeta, contribuindo para a sobrevivência da humanidade e da sustentabilidade do mundo. Engajar-se, sempre que possível, em ações voltadas aos temas.
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Em um vídeo publicado em seu canal do YouTube, a pedagoga, escritora e consultora Priscila Boy traz reflexões interessantes sobre a competência em questão. Ela destaca a importância da definição de que a argumentação na BNCC deve ser feita com base em evidências. “Fatos confiáveis é aprender a selecionar informação. O que está aqui dentro da argumentação é você selecionar a informação correta, aquela informação que não é fake. É saber checar as fontes, é saber inter-relacionar conhecimentos”, declara.
A especialista também alerta para o cuidado de não confundir visão pessoal com desrespeito. “Não [é] só argumentar pensando em si mesmo […] quando estiver em ambientes sociais em que perceba a violação de algum direito, ele vai ter que saber argumentar para poder defender os direitos das pessoas, o direito do planeta”, sugere. Ela reforça de maneira didática o tópico de consciência ambiental que citamos acima. “A argumentação serve para garantir os direitos humanos e para defender o meio ambiente, para trabalhar a questão da preservação quando vê alguém jogando alguma coisa no chão, quando vê alguém usando indiscriminadamente a água, quando vê alguém violando o planeta. Você também tem [que ter] argumentos para fazer intervenções”, afirma Priscila.
Quanto às dicas práticas, a pedagoga traz exemplos de atividades que podem ser úteis tanto para os mais novos quanto para os mais velhos. “Para a Educação Infantil, você pode colocar um brinquedo no meio da roda e dizer ‘esse brinquedo pode ter quatro participantes e nós temos 20 alunos’, como a gente vai fazer, já que não podemos deixar ninguém de fora?'”, aconselha. Segundo Priscila, esse tipo de desafio faz com que os estudantes criem argumentos para chegar em diferentes soluções, defendendo o direito de outras pessoas de brincar.
Para aqueles com idade avançada, a profissional sugere envolvê-los baseando-se numa situação do cotidiano e cita o exemplo da pandemia. “[…] Chegou em uma padaria e viu uma pessoa sem máscara, o que você faria para convencer essa pessoa a colocar a máscara?”. Segundo ela, isso faz com que o estudante mobilize conhecimentos sobre a contaminação do vírus e sobre as leis que obrigam o uso das máscaras, construindo um argumento consistente e sendo capaz de defender o direito de todos ficarem protegidos.
Todas as disciplinas podem, de alguma forma, trabalhar a argumentação na BNCC. O mesmo artigo da Nova Escola exemplifica bem:
Ciências Humanas – assim como Ciências da Natureza – conduz o estudante ao aprendizado e à capacidade de trazer exemplos nos argumentos com base em fatos sociais, históricos e geográficos. História, especialmente, contribui para que a turma entenda a relevância da ética e do respeito aos direitos humanos, ensinando como a humanidade conquistou os direitos e a importância de conservá-los.
Área: Geopolítica | Faixa etária: 8o ano do Ensino Fundamental
O professor pode sugerir aos estudantes que analisem a construção e a composição de textos de vídeos de propaganda política – muito pertinente para esta época, em que estamos em ano de eleições presidenciais.
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Área: Matemática | Recomendado para todas as faixas etárias todas
Que tal apresentar desafios matemáticos com mais de uma possibilidade de solução? Basta que o professor entregue dados a mais ou faltantes, que comprometa a solução numérica. Isso vai provocar no estudante um exercício de argumentação, explicando o motivo de não haver solução. Depois, é uma boa ideia convidar toda a turma para se reunir e falar sobre a questão.
Fonte: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/11/competencia-7-argumentacao
Área: Língua Portuguesa | Recomendado para o 8o ano do Ensino Fundamental
Nesta dica, a proposta é convidar que os estudantes escolham um tema de seu interesse e, então, pesquisem sobre ele e organizem debates em grupos. Valendo-se desse diálogo, é possível solicitar uma produção textual sobre o assunto. Assim que finalizada, o professor apresenta outros textos bem escritos daquele mesmo tema, aponta oportunidades de melhorias e volta para os estudantes reescreverem.
Fonte: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/11/competencia-7-argumentacao
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Área: Linguagens – Recomendado para o Ensino Médio
Esta atividade aguça o poder de argumentação de um jeito divertido! Funciona assim: o professor pensa em objetos impossíveis de serem vendidos – como fita adesiva sem cola, copo quebrado, garrafa de água furada ou bicicleta sem pneus – e, então, sorteia esses produtos entre quatro ou cinco grupos. Depois, pede a eles que criem uma propaganda capaz de convencer o público a comprar o produto. Posteriormente às apresentações (que devem levar no máximo 5 minutos), é a hora de discutir com a turma quais foram as peças mais interessantes e explorar o poder argumentativo de cada uma delas.
E aí, você acredita que esse conteúdo vai contribuir com o trabalho da argumentação na BNCC em sala de aula? Aproveite para acessar o nosso Guia de Implementação da BNCC, que traz dicas práticas sobre as diretrizes.