Falar do processo de ensino-aprendizagem na infância é enfatizar uma das principais bases de toda a jornada estudantil de um indivíduo. É no início da vida, afinal, que o conhecimento é mais bem “absorvido” pelos pequenos. De acordo com pesquisas, durante os três primeiros anos de vida é que as crianças têm maior potencial de aprendizagem. Mas onde entra, então, a importância do lúdico na educação infantil? É essa a resposta que trazemos neste post. Acompanhe!
A definição do Dicionário Michaelis resume bem o conceito da palavra:
lú·di·co
adj
1 Relativo a jogos, brinquedos ou divertimentos.
2 Relativo a qualquer atividade que distrai ou diverte.
3 PEDAG Relativo a brincadeiras e divertimentos, como instrumento educativo.
Fonte: Dicionário Michaelis.
O “lúdico”, portanto, nada mais é do que um adjetivo que define algo divertido, que envolve brinquedos ou jogos, e que distrai e diverte.
Quando pensamos, então, no lúdico na educação infantil, estamos imaginando jogos, brinquedos ou atividades divertidas como instrumento de educação, que apoia o processo de ensino-aprendizagem.
Esse movimento, por sua vez, pode trazer uma série de benefícios, que vão desde o engajamento do estudante até uma melhora no desenvolvimento cognitivo e também no desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
No vídeo “O lugar do lúdico na educação infantil“, divulgado pela própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e publicado no canal Cursos MEC – em uma série dedicada à formação da BNCC – a doutora em Educação, Adelaide Jóia, enaltece essa relevância:
“O professor tem que pensar que, o tempo inteiro na docência da educação infantil, ele tem que estar brincando com a criança. Na hora da chegada, na entrada das crianças, na hora do intervalo, na hora do lanche […] Isso é o mais importante no trabalho do professor na educação infantil. Ele não precisa estar preocupado, por exemplo, com resultados, mas precisa estar interagindo com as crianças e propiciando desafios.
Toda criança é um pequeno cientista. Ele explora tudo, quer descobrir, experimentar, pôr coisas na boca… o tempo inteiro quer crescer, quer descobrir respostas. O que acontece é que a escola, muitas vezes, imobiliza. Ela não facilita isso para a criança quando confia, não é? Então, o que o professor tem que fazer é ‘desconfinar’ as crianças, deixar que a criança fique livre nos espaços.
Quanto mais lúdico for o ambiente, melhor vai ser para que a criança possa brincar e se desenvolver.”
>> Clique aqui e assista ao vídeo completo
O site da BNCC publicou o artigo “O lugar do lúdico na educação infantil“, que defende categoricamente a inserção das brincadeiras nessa fase. “Ora, se a Educação Básica começa na Educação Infantil, se a criança frequenta esse espaço, por direito desde bebê – na creche – e obrigatoriamente a partir dos quatro anos – na pré-escola –, e se a infância nos remete a brinquedos, brincadeiras, barulho, alegria, encantamento, imaginação, fantasia, liberdade, magia, entre outras meninices, por que temos dificuldade de transformar a instituição de Educação Infantil em um lugar lúdico de fato?”, questiona o texto.
A publicação relembra que os primeiros anos são os mais preciosos, já que é na primeiríssima infância (da gestação até os três anos) que “se formam, com mais celeridade e consistência, as sinapses cerebrais que definem as capacidades, as habilidades e o potencial intelectual e social da pessoa; que as crianças, por meio das brincadeiras, reelaboram situações, enfrentam desafios, resolvem conflitos, desenvolvem o raciocínio e a criatividade, levantam hipóteses etc.”.
A recomendação da BNCC é, então, que os espaços ganhem urgentemente novos significados, para garantir que as crianças possam fazer o que qualquer criança deve fazer: brincar, investigar, mexer, correr, pesquisar. “Quanto mais lúdico, cuidadoso, acolhedor, propositivo e desafiador for o ambiente educacional, maior será o desenvolvimento da criança“, sinaliza o texto.
Confira, a seguir, algumas dicas de como levar a teoria para a vida real.
Sempre coloque no plano as atividades ao ar livre. O contato com a natureza contribui para o desenvolvimento da autonomia da criança, bem como para o desenvolvimento de habilidades imprescindíveis no século XXI.
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Aproveitar as brincadeiras já existentes e famosas pode ser um ótimo caminho. É possível brincar com o “esconde-esconde diferente”, por exemplo, explorando mais os espaços e novos objetos; outra possibilidade é criar regras para “dicas misteriosas”, em que as crianças se procuram por meio de enigmas ou mesmo acessando mapas.
Dá para “inventar moda” também com a amarelinha, o rouba-bandeira, a queimada, esportes no geral e por aí vai.
Além de usar a criatividade para criar brincadeiras e jogos que ainda não existem, você também pode aproveitar estas dicas de brincadeiras que não são tão conhecidas (retiradas da publicação do Escolas Exponenciais):
Os participantes escolhem uma cena de filme ou de desenho animado e criam textos diferentes aproveitando a cena para fazerem a narração. Essa brincadeira propiciará aos participantes novas experiências no jogo dramático. Vários conteúdos podem também ser aplicados nesta brincadeira, assim como as habilidades desenvolvidas: liderança, controle da ansiedade, memória e imaginação, criatividade, administração do tempo, etc.
Use tira de tecido ou um pedaço de papel crepom para representar o rabo. Um participante coloca preso na roupa na parte de trás, e os demais correm para pegar o rabo do gato. Quem conseguir será o gato da vez, que deverá proteger o próprio rabo. A atividade desenvolve habilidades como agilidade, equilíbrio, movimento e interação.
Nessa brincadeira, o professor vai mandar para a casa de um aluno uma caixa de papelão encapada a fim de que os pais enviem algum material que possa ser descoberto pelas crianças. O professor vai fazendo descrições do material, até que as crianças descubram o que é.
Claro, sem a menor dúvida. Isso porque a capacidade de aprender está sobretudo relacionada ao desenvolvimento de habilidades que tornam a pessoa capaz de se conduzir por projetos transformadores.
É por isso que trabalhar a visão empreendedora na educação infantil pode trazer vários benefícios, inclusive o entendimento da própria criança sobre a importância das competências empreendedoras (ainda que não saibam, claro, que esse é o nome).
E agora, já se sente preparado para trabalhar o lúdico na educação infantil? Acompanhe o Portal CER e inspire-se diariamente!