Como desenvolver a capacidade metacognitiva nos estudantes

Blog Como desenvolver a capacidade metacognitiva nos estudantes

18/01/2023
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A metacognição pode ser entendida como a consciência sobre os próprios mecanismos de aquisição de conhecimento. Trata-se de uma habilidade geralmente estimulada nos estudantes pelos professores ou mesmo autodesenvolvida.

E o que envolve o treino da capacidade metacognitiva?

Do ponto de vista individual, esse treino começa com o autoconhecimento até que se encontrem os métodos mais eficazes para cada tipo de conhecimento a ser adquirido. Agora, na perspectiva professor-aluno, o treino da capacidade metacognitiva é mais complexo, uma vez que envolve a capacidade de observação do comportamento individual dos estudantes pelos professores.

Leia até o final para saber mais!

O que é cognição?

Antes de nos aprofundarmos sobre o que envolve o treino da capacidade metacognitiva, vale conferir alguns conceitos. Começaremos com o de cognição.

As habilidades cognitivas são aquelas que compreendem o conhecimento do mundo. A capacidade de interpretar os fatos e as circunstâncias, de resolver problemas-situações, inclusive os mais complexos, classificar, estabelecer categorias, resolver exercícios lógico-matemáticos e dominar o idioma.

É importante ressaltar que o processo de aprendizagem envolve a memorização, mas não se resume a ela. Ela é necessária, porém é apenas um dos campos da aprendizagem.

A cognição está no âmbito da interação entre o indivíduo e o mundo, o contexto, as pessoas e as diferentes situações. Por isso é que se fala que o processo de aprendizagem se dá na interação entre o indivíduo e o ambiente.

Na prática, a cognição pode ser entendida como: o que o indivíduo sabe, quais as habilidades desenvolvidas para a área do conhecimento e as socioemocionais, os valores, as habilidades que se tem para cada área do conhecimento, a capacidade de aprender e a base de saberes que precisar para desenvolver outros.

Tais habilidades, por exemplo, seriam o conhecimento matemático para que se conseguisse entender as leis da física.

Retomando o cenário de construção da aprendizagem, ou melhor, essa interação entre o indivíduo e o ambiente, é relevante destacar que há também a presença das emoções, da motivação e do conteúdo propriamente dito.

E, ao buscar, por exemplo, melhores formas de gerenciar essas emoções a fim de proporcionar uma relação mais prazerosa e amigável, modos de incentivar a motivação ou mesmo estratégias e metodologias de ensino mais eficazes, tem-se a metacognição.

Qual o conceito de metacognição?

Metacognição, pela morfologia da palavra (“meta” + “cognição”), é tudo aquilo que vai além da cognição. É a autoconsciência dos próprios conhecimentos, a capacidade de “aprender a aprender”.

Trata-se de um conceito que nasceu no campo da psicologia, mas que é importante para os professores, tanto nas suas atividades de ensino  quanto na sua posição aprendiz; por exemplo, nas atividades de formação e capacitação continuada.

O conceito de “metacognição” abrange a aquisição do conteúdo – o saber, o conhecimento, e os valores; as habilidades em cada área disciplinar, os conhecimentos prévios e a capacidade de lembrar. E os incentivos ou as disposições para aprender – o envolvimento com o estudo e com o conteúdo, o interesse, a motivação, a mobilização de recursos emocionais e os interesses, na relação entre indivíduo e ambiente, em que ocorre a cognição.

O que envolve o treino de capacidade metacognitiva por parte do indivíduo?

A capacidade de “aprender a aprender”, como vimos, tem aspectos relacionados à forma de estudar e outros a maneiras de gerir as emoções e ser capaz de se automotivar.

Por isso, é importante que o estudante conheça as próprias facilidades e dificuldades técnicas em relação aos conteúdos e busque também desenvolver as chamadas “habilidades socioemocionais”. Sabemos que o processo de aprendizagem pode requerer tempo, persistência, disciplina e até mesmo abrir mão de atividades muito mais agradáveis.

Assim, o treino de capacidade metacognitiva envolve:

  • O autoconhecimento sobre suas habilidades natas e sobre aquelas em que tem mais dificuldade.
  • A reflexão sobre o próprio processo de aprendizagem.
  • O discernimento sobre quais as formas favorecem a memorização dos conteúdos.
  • A busca das melhores metodologias e táticas de estudo.
  • A capacidade de organização do tempo e de tarefas, prevendo até momentos de descanso e de lazer na medida adequada.
  • Um sistema de recompensas pelo tempo de estudo.
  • O senso crítico e a capacidade de entender o motivo de estudar e aprender determinados conteúdos.

Sobre as formas de estudar ou de memorizar alguns conteúdos, existem recursos variados, desde leituras, mapas mentais, estudo em grupo, leitura em voz alta, realização de listas de atividades, estruturação de rotinas de revisão, dentre outros.

É necessário entender que disciplinas distintas podem requerer métodos diferentes. Por exemplo, a área de Exatas pode exigir mais repetição de exercícios, enquanto, para a área de Humanas, pode ser suficiente apenas a leitura.

Em um mundo cada vez mais digital, e cheio de distrações, a metacognição envolve também a capacidade de manter o foco (distanciando-se, por exemplo, do celular e das redes sociais).

O que envolve o treino de capacidade metacognitiva por parte professor no ensino?

O primeiro ponto é que cada indivíduo já tem o seu processo de metacognição. A escola pode identificá-lo e buscar maneiras de potencializá-lo. Para isso, o primeiro ponto é entender que pessoas diferentes apresentam suas particularidades, seja do ponto de vista de aquisição do conteúdo, seja da disposição para entender.

Em relação à de aquisição do conteúdo, faz-se necessário, em uma mesma turma, ou dentro de um mesmo planejamento didático, o uso de metodologias variadas. Na prática, seria um exemplo ter momentos de aula expositiva, outros momentos com metodologias ativas, inserir atividades de pesquisa ou mesmo de rotação por estações.

O professor, com apoio da coordenação e da gestão escolar, pode buscar reinventar as formas de ensinar.

Sabe-se que uma maneira de ensinar pode privilegiar alguns estudantes em prol de outros. Há os que vão responder melhor às atividades de leitura, outros à metodologia ativa, enquanto para outros, será necessário a execução repetitiva de exercícios. Por isso, é fundamental variar os formatos e buscar incluí-los no planejamento.

A personalização do estudo, por sua vez, parte exatamente dessa premissa de necessidades individuais e das variadas formas como cada estudante responde aos modos de aprender.

Já no que concerne à disposição de aprender, o professor pode identificar o jeito que cada estudante responde a diferentes estímulos ou incentivos para que ele alcance o conhecimento, ou chegue ao tipo de resposta esperado. Dar feedbacks, elogios, mostrar atenção, realizar desafios ou mesmo usar recompensas como adesivos e carimbos, são alguns exemplos de motivação que podem ser utilizados.

Por fim, a capacidade metacognitiva é colocada em prova quando o estudante precisa resolver desafios complexos.

Perguntas de verificação do conceito (o que é) ou de problemas mais simples (que exigem apenas a memorização, ou apenas o que é correto e o conceito) exigem a cognição. Os mais complexos, que abranjam outros conteúdos, sentimentos, experiências anteriores e até mesmo juízo de valores, provocam a metacognição. Quanto mais o estudante tiver que pensar e utilizar recursos variados dos saberes, mais ele estará desenvolvendo a metacognição.

Por fim, buscando desenvolver a metacognição, o estudante precisa:

  • Ter ciência de quais matérias ele aprende com mais facilidade e com mais dificuldade.
  • Saber por quais formas ele adquire o conhecimento com mais eficiência.
  • Entender quais os tipos de memorização que o favorecem.
  • Ser capaz de buscar ativamente por ajuda, conteúdos e habilidades que ele necessita.
  • Conhecer o seu processo de aprendizagem (saber em quais matérias ele precisa se dedicar mais tempo).

Como vimos, a escola, ao estimular a metacognição dos estudantes, precisará entender as especificidades de cada um. Para se aprofundar, confira nosso material sobre personalização na educação.

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