Jogos matemáticos usando material reciclável: conheça melhor o case da “professora dos brinquedos”
Taziana Pessôa de Souza Utagori, pedagoga pela Universidade Potiguar (UnP), professora do curso de Pedagogia da mesma faculdade e professora do Ensino Fundamental dos anos iniciais em São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Esse é o nome e a formação da “professora dos brinquedos”, que uniu o letramento matemático e a educação ambiental com o uso de material reciclável em um projeto que resultou na construção de 70 jogos pedagógicos com diferentes interfaces.
Em um artigo publicado no site Porvir, plataforma de conteúdos e mobilização sobre inovações educacionais do Brasil, ela conta como começou a ideia. “O letramento matemático e a educação ambiental se fazem urgentes. Esse pensamento ecoava na minha mente desde o início do semestre letivo, ao ser convidada para ministrar duas disciplinas que traziam em sua ementa essa abordagem […] Vi ali uma oportunidade de contribuir também com a Educação Básica […] Afinal de contas, o tripé de toda instituição de ensino superior tem como alicerce ensino, pesquisa e extensão”, afirmou.
Ela se inspirou no famoso Tangram, jogo chinês que forma figuras e desenhos por meio de diferentes peças geométricas – cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo. “Fui desenhando, como em um jogo de quebra-cabeças de Tangram, as diversas ‘figuras’ que poderiam fluir dessa junção para formar novas possibilidades que permeiam os processos de ensinar e de aprender”, conta.
Além de querer mostrar que assuntos como a educação ambiental e a matemática podem ser divertidas, foi consequência do projeto a reflexão de Taziana sobre a riqueza e as possibilidades pedagógicas que o lixo traz. “Como sugestão de atividades, desenvolvemos jogos pedagógicos matemáticos com diferentes tipos de material reciclável, suscitando o debate sobre o que é letramento matemático com base na extensa literatura existente, bem como na necessidade de propostas de aprendizagens significativas advindas de um período pandêmico“, revela.
A pedagoga afirma ainda que mostrar para os estudantes que o papel do professor também passa por ensiná-los a aprender, estimulando o espírito criativo e sendo um apoio em desafios. “O jogo por si só socializa, desafia, possibilita novas regras e outras maneiras de jogar. Assim como é a vida”, aponta.
Depois de construir com os colegas da UnP, ela levou os jogos para a Escola Municipal Deputado Djalma Marinho, em São Gonçalo do Amarante (RN), na qual trabalha como professora efetiva do Ensino Fundamental. Ela conta que a recepção positiva foi percebida quase que instantaneamente. “A cada sala de aula que entrava e entregava uma quantidade de jogos, percebia neles o interesse instantâneo em manuseá-los e saber que novo ou velho conceito matemático ia ser estudado”. E o sucesso das atividades logo se comprovou, porque os estudantes, depois de terminarem as atividades do dia, sempre convidavam o outro para jogar.
O resultado não poderia ser melhor, conta Taziana, uma vez que um ajuda o outro a jogar, criando desafios e elaborando estratégias em conjunto. “O avanço na disciplina foi significativo. A relação deles com o que vai para o lixo ganhou outra dimensão, já que, a partir dessa vivência, eles me convidaram a produzir novos jogos: seguem desenvolvendo novas competências ao assumir um protagonismo singular”, declara.
>> Leia o depoimento na íntegra aqui
Taziana também deixa algumas sugestões que estão entre os jogos criados e podem ser aplicados em sala de aula de todo o país. Confira e inspire-se!
Caixas de ovos como tabuleiros para trabalhar adição, subtração e multiplicação. Os alunos giram uma roleta e resolvem a operação que sair. Acertando, avançam uma casa. Pode ser jogado individualmente ou em dupla.
Gostou desse case e quer se inspirar em outros? Acompanhe o CER Histórias e conheça outros projetos que podem ser aplicados em sua escola!