Ter em sala de aula um docente criativo faz toda a diferença no engajamento do estudante e na forma como ele se relaciona com a escola, além de ser fundamental para a inclusão social. potencial criativo
A criatividade tem sido uma palavra muito utilizada em diferentes contextos. Por vezes, contudo, o seu significado acaba se perdendo. Será que todos sabem, mesmo, do que se trata? Vamos explorar melhor esse conceito!
No dicionário, temos:
cri•a•ti•vi•da•de
substantivo feminino
Fonte: Oxford Linguagens.
Em linhas gerais, podemos dizer que a criatividade é a capacidade de criar algo; de pensar soluções diferentes; de ir além do que se espera. O potencial criativo pode ser explorado em diferentes âmbitos – no trabalho, na produção artística, na escola, nas relações.
Nem sempre fazer algo criativo significa fazer algo totalmente do zero – em especial porque, muitas vezes, ser criativo pode ser fazer alguma coisa que já exista, porém de maneira diferente. Aliás, uma expressão do inglês bastante usada para se referir à criatividade é o “think outside the box”, que é o “pensar fora da caixa”.
Consumir diferentes referências é também um modo de estimular o potencial criativo – filmes, séries, documentários, livros, podcasts – para criar uma bagagem rica, capaz de gerar insights em diferentes situações. Todo mundo é criativo, com a diferença de que essa criatividade pode ser “tolhida” ao longo da vida – quando se diz para a criança que não pode ser feita tal coisa de determinada maneira, por exemplo. Ainda assim, é uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada constantemente.
No vídeo do canal da USP, a professora Ilíada de Castro fala sobre o assunto. Para o conceito, traz algo muito semelhante ao que citamos. “É claro que podemos ter muitas definições, mas vou trabalhar com uma muito simples: ser criativo é encontrar novas soluções para novos e velhos problemas”, afirma.
No mesmo vídeo citado acima, a professora Ilíada de Castro lista crenças que podem comprometer o potencial criativo das pessoas. Conheça algumas:
“Se você acha que você já não é criativo, pode já tirar a possibilidade de desenvolver novas ideias”, pontua a professora.
Segundo Ilíada, nós aprendemos que temos sempre que acertar pela primeira vez. “Se estou fazendo determinada coisa, eu não posso errar, tenho que fazer perfeito. E aí a coisa fica difícil. Claro que ninguém gosta de errar, mas o erro é um resultado que você não está buscando, e ele pode te ajudar”, afirma.
“Você aprende na escola que tem que selecionar a alternativa certa para tirar a nota. Estamos condicionados a isso. Até em casa, a gente quer a resposta certa”, diz Ilíada. Contudo, segundo ela, esse mecanismo acaba limitando o nosso cérebro. A partir do momento em que só procura uma única resposta, depois de encontrá-la o cérebro “para de funcionar”. Agora, se você está aberto a várias respostas, é mais provável que o cérebro busque-as naturalmente.
Para a professora, quando pensamos na geração de ideias, o “isso não tem lógica” atrapalha muito. Ela explica os dois lados do cérebro, conforme abaixo, e alerta para o fato de que eles não são excludentes, mas complementares:
Lógico
Racional
Lida com números, palavras, tem um raciocínio analítico
HEMISFÉRIO DIREITO
Intuitivo
Não verbal
Lida com sonhos, imagens
Para a professora, “mesclar” essas duas capacidades pode ajudar a encontrar novas respostas – criando analogias e metáforas que podem possibilitar um melhor entendimento da situação.
Segundo ela, é um bloqueio muito presente no mundo organizacional – uma vez que são exigidos resultados em curto prazo, cada vez mais rápido. “Infelizmente acabamos matando ideias brilhantes”, afirma a professora, pois nenhuma ideia nasce pronta. “Ela precisa ser encubada, gestada para poder nascer”, reforça.
>> Confira o vídeo na íntegra clicando aqui
A monografia da Universidade de Brasília (UnB), “Professor criativo, aluno motivado – A criatividade do educador como um dos pilares essenciais à Inclusão Escolar“, de Marta Marra Naves, discute sobre a importância de um corpo docente criativo para apoiar a inclusão social em um contexto de educação inclusiva. Nas considerações finais, a autora traz a seguinte conclusão:
“Os resultados da pesquisa levaram à percepção de que o caso do [aluno] Zezinho é um exemplo de inclusão bem-sucedida, e que isso só foi possível graças à parceria entre família e escola, à interação professor-aluno, à socialização da criança ANEE com os demais alunos e, principalmente, à criatividade da professora Eliana, que, por sua capacidade de desenvolver estratégias que favorecem o ensino-aprendizagem e que superem a carência de recursos destinados à educação, vê nos problemas grandes oportunidades.”
Fonte: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/3298/1/2011_MartaMarraNaves.pdf.
Como já pontuamos por aqui, a criatividade é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Isso significa que os educadores também podem receber estímulos para aprimorá-la. Bons exemplos são treinamentos e capacitação (sobre criatividade ou não) fora da sala de aula, que envolva a interação com pessoas e ferramentas diferentes do seu convívio escolar.
Uma pessoa deprimida ou com transtornos mentais certamente encontrará bloqueios para deixar a criatividade fluir. Por isso, é fundamental trabalhar com iniciativas que cuidem da saúde mental dos professores, além de mostrar a escola como um canal aberto ao diálogo.
As aulas não precisam ser sempre iguais. Que tal sugerir aos educadores da sua escola que utilizem, por exemplo, outros artefatos? Alguns exemplos:
Separamos alguns livros que podem contribuir para a criatividade dos professores:
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