À medida que avança, a tecnologia traz novas soluções para a rotina da produção industrial e da prestação de serviços. Alguns exemplos são a automatização de tarefas, o aprendizado de máquina e o uso de dados em larga escala. Com isso, grandes empresas e entidades internacionais percebem que as atividades normalmente executadas por nós tendem a uma configuração diferente da que conhecemos hoje. É o futuro do trabalho, que já começa a dar sinais de um novo formato.
De acordo com estudo realizado pela Dell Technologies, em parceria com o Institute for the Future (IFTF), 85% das profissões em que as pessoas vão trabalhar em 2030 ainda não existem. Já um estudo conduzido pelo Fórum Econômico Mundial aponta para a necessidade de pensar mais cedo ainda: com base na análise de entrevistas feitas com empresas globais de vários setores da indústria, que representam coletivamente mais de 15 milhões de funcionários, o Fórum mostra como será o futuro do trabalho a apenas quatro anos de distância, isto é, em 2022.
O documento mostra quais tecnologias as empresas pretendem adotar nos próximos anos e quais habilidades os profissionais devem ter para atender às necessidades dos postos de trabalho desse futuro não tão distante. São dados importantes visando guiar escolas, faculdades e cursos técnicos na melhor forma de preparar os estudantes para o mercado de trabalho que vão enfrentar.
Neste artigo, confira 6 coisas que todo professor precisa saber sobre o futuro do trabalho.
Até 2022, a tecnologia poderá ajudar ainda mais as atividades humanas no trabalho. Ela tende a liberar as pessoas da maioria das tarefas de processamento de dados e pesquisa de informações e, ao mesmo tempo, apoiar tarefas de alto valor, como raciocínio e tomada de decisão. A tecnologia continuará a complementar o trabalho humano e de forma mais intensa do que atualmente.
A revolução tecnológica chegou para ficar e isso reforça a necessidade de ensinar aos estudantes maneiras de entender a tecnologia e utilizá-la de forma significativa e ética – uma competência já prevista na Base Nacional Comum Curricular, documento que serve como parâmetro para orientar o ensino básico no país.
O uso de novas tecnologias tem o potencial de expandir a produtividade da mão de obra na indústria e remodelar o tipo de concorrência que temos hoje. Isso porque os esforços das empresas vão mudar da redução de custos de mão de obra por meio da automação para o fomento de avanços tecnológicos, como ferramentas para aprimorar trabalho humano.
Assim, as pessoas poderão focar em atividades que dependam de habilidades primariamente humanas. Elas deverão se dedicar mais a atividades intelectuais, melhoramento de produtos, pesquisas científicas e planejamento de estratégias, por exemplo. Para isso, os trabalhadores precisarão desenvolver competências essenciais para que prosperem no trabalho.
A maioria dos empregadores entrevistados na pesquisa do Fórum Mundial entende que as habilidades necessárias para os trabalhadores devem mudar significativamente até 2022. Em queda, estará a demanda por habilidades manuais e físicas, gerenciamento de recursos financeiros e habilidades básicas de instalação e manutenção de tecnologia. Em ascensão, estarão o pensamento analítico e a inovação, o aprendizado ativo, o design e a programação.
De acordo com o documento, os trabalhadores que tiverem essas habilidades verão seus salários e a qualidade do trabalho aumentarem consideravelmente. Por outro lado, os que não desenvolverem tais qualidades de antemão deverão ver o contrário, com a tecnologia tomando suas funções e desvalorizando sua contribuição para as empresas.
É urgente que as instituições de ensino, especialmente as universidades, ajustem seus currículos de modo que os alunos cheguem à vida profissional preparados tanto para lidar com a tecnologia quanto para executar as tarefas que não podem ser facilmente substituídas por tecnologias de automação, como as que dependem de capacidade analítica.
Algumas soft skills, nome dado para habilidades emocionais, comportamentais e sociais dos indivíduos, são citadas no documento como competências pertinentes ao futuro do trabalho, seguindo a tendência existente nos dias de hoje. Criatividade, originalidade, iniciativa, pensamento crítico, persuasão, negociação, atenção aos detalhes, resiliência, flexibilidade, inteligência emocional, liderança e influência social devem manter o valor para o mercado de trabalho nos próximos quatro anos ou incrementá-lo.
Essas habilidades podem ser desenvolvidas nos jovens desde cedo em sala de aula. Iniciativas de ensino empreendedor buscam estimular os estudantes e treiná-los em relação a essas e outras competências mediante estratégias de aprendizado por meio de projetos, ensino interdisciplinar e gamificação, por exemplo.
Nos próximos quatro anos, a área de Tecnologia da Informação (TI) continuará a empregar muita gente. Dentre os empregos com maior tendência de ascensão no Brasil, estão analistas e desenvolvedores de software e cientistas de dados.
Outros cargos com tendência favorável são diretores administrativos e executivos, gerentes gerais e de operação, profissionais de vendas e marketing, profissionais de recursos humanos e consultores financeiros.
É importante que professores de escolas ajudem os alunos a perceber quais áreas podem ser promissoras para eles, especialmente nos anos finais do ensino médio, quando estiverem escolhendo sua profissão.
Não há como pensar em futuro do trabalho sem relacioná-lo à requalificação. Tornar-se um profissional qualificado para o cenário de 2022 exigirá tempo e dedicação por parte dos profissionais. A pesquisa concluiu que, nesse ano, 54% de todas as pessoas empregadas terão de passar por um período significativo de treinamento a fim de reaprender conhecimentos e habilidades importantes para suas funções ou aprimorá-los.
Aqui, entra o papel do professor como alguém que estimula o aluno a buscar informação por conta própria, que seja ativo na aprendizagem e saiba ser autodidata. Essas competências fazem parte da educação empreendedora. Assim, o jovem não somente iniciará a vida profissional mais capacitado, precisando de menos tempo de requalificação, mas também saberá aproveitar melhor as oportunidades de novos aprendizados que surgirão nas empresas.
O futuro do trabalho traz desafios para a formação dos jovens hoje. Cada vez mais, eles devem aprender a lidar com a tecnologia de forma inteligente e integrada à rotina de trabalho, mas também aperfeiçoar habilidades humanas e soft skills, que serão valorizadas no futuro. Para entender mais de orientação vocacional e de como preparar os alunos para o trabalho do futuro, confira também esta entrevista com Mara Vieira Martins, psicóloga da Escola de Formação Gerencial do Sebrae em Belo Horizonte (EFG).