Intersetorialidade na educação: o que é e quais benefícios traz

Blog Intersetorialidade na educação: o que é e quais benefícios traz

27/09/2022
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A intersetorialidade fortalece e reúne conhecimentos, práticas e estruturas sociais e culturais entre diferentes setores, para que dialoguem e somem esforços na execução conjunta de ações que beneficiem o cidadão.

Isso significa trabalhar, governar e construir políticas públicas de forma articulada entre diferentes setores — como saúde, assistência social, educação e emprego.

Trabalhar em equipe é sempre muito melhor. Valendo-se de uma rede colaborativa, as pessoas se ajudam, se complementam e, claro, evoluem juntas. A intersetorialidade na educação passa um pouco por aí; você já ouviu falar? É esse o conceito que vamos explorar no post de hoje. Acompanhe!

O que é intersetorialidade?

Em um artigo que compõe a dissertação de mestrado da Universidade de São Paulo (USP), os autores falam sobre a intersetorialidade na saúde. Ainda que o campo não seja o nosso foco neste texto, já que estamos falando da educação, a definição do conceito trazida por eles cabe muito bem em nosso contexto, com ponderações importantes. Veja:

“A intersetorialidade é a articulação entre sujeitos de setores diversos, com diferentes saberes e poderes com vistas a enfrentar problemas complexos. […] Nessa perspectiva, as ações intersetoriais têm se mostrado como uma estratégia importante na busca de novos modelos organizacionais e pode ser entendida como uma articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de políticas, programas e projetos dirigidos a comunidades e a grupos populacionais específicos, num dado espaço geográfico, com o objetivo de atender às suas necessidades e expectativas de forma sinérgica e integral (Junqueira, R., 2000; Junqueira e col., 1997). É um processo de aprendizagem e de determinação dos sujeitos, que resulta também na gestão integrada das políticas sociais e que procura responder com eficácia aos problemas da população de um determinado território.”

Fonte: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/F6g5C7Hns7Q3kD3Tqp9LyRt/?lang=pt&format=pdf#:~:text=A%20intersetorialidade%20%C3%A9%20a%20articula%C3%A7%C3%A3o,vistas%20a%20enfrentar%20problemas%20complexos.

Quando falamos em intersetorialidade na educação, portanto, estamos nos referindo a diferentes setores atuando, juntos, em prol de melhorias contínuas para toda a área da educação.

Como se aplica a intersetorialidade na educação

Em uma publicação da revista Exame, da autoria de Renata Chagas, diretora-presidente do Instituto Neoenergia, discute-se sobre as iniciativas multissetoriais em um cenário pós-pandemia e sobre a importância da intersetorialidade na educação.

Depois de ler a avaliação da organização ponteAponte sobre iniciativas sociais que criadas para enfrentar e amenizar os efeitos sociais e econômicos da pandemia, que levantou sete reflexões acerca do tema, Renata destaca uma delas, que cabe ser reforçada aqui. “As iniciativas multissetoriais ou construídas em rede tendem a ter mais ‘fôlego’ e conseguiram se manter ativas por mais tempo do que as centenas de microações que surgiram no início da pandemia, além de promoverem resultados mais sistêmicos”. Para a diretora, essa conjuntura é o que confirma a importância da intersetorialidade na educação, que nada mais é do que uma forma de construção articulada entre diferentes setores.

Dito isso, ela traz um exemplo de uma ação desenvolvida entre a sua empresa, a Neoenergia, e o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), que capacitou professores e gestores escolares, a fim de fortalecer a formação dos protagonistas da comunidade escolar das redes municipais de diferentes estados brasileiros. A partir disso, eles foram incentivados a criar novas práticas educativas, sempre alinhadas às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O resultado, como não poderia deixar de ser, colaborou não só para os estudantes, mas também para as famílias, os profissionais da educação e outros setores públicos:

“Ao longo de um processo colaborativo, que fomentou a maior articulação e integração entre os profissionais das redes, foram cocriadas e implementadas práticas educativas inovadoras. A intersetorialidade em rede está presente, envolvendo desde as famílias e professores, os profissionais das secretarias de educação e também outros setores públicos. […]

Um processo que se adaptou à realidade […] possibilitando que os profissionais da área da educação divulgassem seus conteúdos e iniciativas relacionadas ao contexto de pandemia. Os cursos presenciais tiveram sua versão em EAD considerando os desafios das redes educacionais, como dificuldade de acesso à internet e distância entre escolas e moradia dos alunos […]

Fonte: https://exame.com/bussola/intersetorialidade-e-o-caminho-necessario-na-educacao/.

A executiva conclui afirmando que esse exemplo de experiência constata a força e o poder da intersetorialidade, haja vista que problemas complexos devem ser solucionados com base em esquemas complexos, completos, compostos de diferentes setores. “[…] precisam ser pensados e resolvidos por vários setores. […] A intersetorialidade está impregnada de uma dimensão democrática de participação das decisões de construção de políticas públicas”, finaliza.

>> Clique aqui e leia o relato na íntegra

Os benefícios da intersetorialidade na educação

A prática conversa muito com uma das propostas da Educação Empreendedora, ou seja, a de respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno e considerar uma visão sistêmica de cada realidade.

Isso porque, com os dados integrados baseando-se na intersetorialidade na educação – entre Educação, Assistência Social e Saúde, por exemplo –, pode-se concluir questões que não ficam na conta somente de uma só área. Por exemplo, se o aluno está com dificuldade em prestar atenção às aulas, o problema pode nem estar na sala de aula ou na didática do professor, e muitas vezes inclui fatores complexos e estruturais como desnutrição, violação de direitos, problemas familiares, violência física e psicológica, pobreza extrema e até falta de estrutura sanitária ou de acesso à água potável.

E aqui está um dos benefícios da intersetorialidade na educação: identificar os reais desafios vivenciados pelos alunos e, com base nisso, planejar ações efetivas para mitigá-los. O mesmo ganho chega aos professores e aos outros integrantes da comunidade escolar, uma vez que, possivelmente, o problema individual de um aluno e as formas de “tratá-lo” podem refletir, para o bem, em todo o contexto escolar.

A melhoria no processo de ensino-aprendizagem é outra (boa) consequência desse modelo, uma vez que a garantia dos direitos básicos de cada cidadão, indiretamente, reflete de maneira positiva no engajamento e no cumprimento das responsabilidades escolares.

De acordo com o post do blog Portabillis, ações isoladas, no cenário atual, já são muito “fracas” diante dos complexos desafios que vivemos. “Os casos de sucesso de ações do governo estão relacionados ao desenvolvimento cada vez mais integrado de políticas públicas. Os problemas atuais são complexos, e atuações isoladas em caixinhas, como na Educação, Assistência Social e Saúde, não resolvem mais”, reforça. O texto complementa, sugerindo uma ação rápida: “Superar as principais causas de dificuldade na hora de aprender será de extrema importância para a garantia de uma educação de qualidade a todos os alunos das escolas públicas do país”.

E você, acredita que a intersetorialidade na educação pode ser uma grande aliada da democratização da educação no Brasil? Se afirmativa sua resposta, este conteúdo também pode interessar a você: Educação em 2022 segundo a OCDE.

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