Novo Ensino Médio: tudo o que você precisa saber

Blog Novo Ensino Médio: tudo o que você precisa saber

28/06/2023
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O Novo Ensino Médio começou a ser colocado em prática nas escolas do Brasil, em 2022, estando prevista a sua implementação gradual até 2024. Muitos debates estão sendo feitos sobre o tema – e há quem queira a sua revogação e também quem defenda sua continuação. Com base nesta matéria do G1, trazemos um resumo das discussões que têm ocorrido sobre o assunto para você entender melhor o cenário. Acompanhe!

As principais mudanças com o Novo Ensino Médio

A proposta do Novo Ensino Médio foi sancionada, em 2017, no governo Temer e começou a ser implantada, em 2022, nas escolas de todo o Brasil. A previsão é de uma implementação gradual até 2024. Entre as principais mudanças trazidas pela reforma, estão: 

  • Aumento progressivo da carga horária. No modelo praticado até então, o mínimo eram 800 horas-aula por ano (um total de 2.400 nos três anos do Ensino Médio). Com a reforma, essa carga horária deve chegar a 3.000 horas.
  • As disciplinas tradicionais passaram, em 2022, a ser agrupadas por áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas). 
  • Desde o início de 2023, o estudante tem a liberdade de montar o próprio Ensino Médio, apontando os itinerários formativos nos quais pretende se aprofundar. A ideia é que, nos três anos, sejam 1.200 horas focadas nos objetivos pessoais e profissionais + 1.800 horas da parte fixa (com ciências da natureza, ciências humanas, linguagens e matemática).
  • Em decorrência da mudança, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir de 2024, passará a ter uma etapa específica, conforme a área em que o aluno escolheu se aprofundar. 

Argumentos favoráveis ao Novo Ensino Médio

De acordo com a publicação do G1, o Ministério da Educação (MEC) e os governos estaduais argumentam que a ideia é tornar a etapa do ensino mais atrativa, mas reconhecem a necessidade de discutir e fazer ajustes. 

O “Todos pela Educação”, organização sem fins lucrativos que defende uma educação básica de qualidade no Brasil, é um desses exemplos. A instituição entende que o formato indica uma direção correta, mas que alterações são necessárias. “Nosso entendimento no Todos é que o caminho passa por fugir do binarismo – ‘revoga tudo’ ou ‘deixa tudo como está'”, afirmou Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do “Todos pela Educação”. Segundo ele, o Novo Ensino Médio também não pode ser ressignificado somente sob a ótica da mudança de currículo. “Se queremos um ensino médio de fato ressignificado, será preciso abordar outros elementos também, como infraestrutura escolar, dedicação integral do professor a uma única escola, gestão escolar, projeto pedagógico, valorização e formação docente, entre outros”, revela. 

De forma geral, entre os argumentos usados a favor do novo modelo, estão:

  • Maior tempo em sala de aula. Até a sua implementação completa, o dia letivo deve ter 7 horas. 
  • O adiantamento da entrada no mercado de trabalho, uma vez que o Novo Ensino Médio busca formar o estudante em pelo menos um curso técnico. 
  • Ampliação do leque do que é ensinado aos estudantes, já que a grade curricular é atualizada. 
  • O fato de existirem disciplinas atrativas pode aumentar o interesse dos alunos nos estudos, diminuindo a chance de evasão escolar. 

Argumentos negativos ao Novo Ensino Médio

Alguns educadores, estudantes, entidades estudantis e até especialistas têm criticado o modelo e pedem a sua revogação. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) é uma delas. Entre os principais argumentos, estão: 

  • O Novo Ensino Médio tem ampliado as desigualdades e prejudicado, em especial, pessoas mais pobres e vulneráveis. Nesta matéria da Agência Brasil, o depoimento de Fernando Cássio, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), traduz essa preocupação. “Os mais pobres não vão ter acesso. Quem estuda em escolas particulares ou federais, ou quem tem família com mais condições de acessar museus, escolas e viagens, vai ter formação mais ampla. Os mais pobres, os que vivem nas periferias e os que estudam em escolas do interior terão formação mais restrita e piorada do que se tinha antes, de conhecimento geral. Além disso, não vão fortalecer as possibilidades do mundo do trabalho como se tem propagado. Existem lugares, por exemplo, em que estão sorteando qual o itinerário formativo que o estudante vai fazer. Isso não vai criar uma relação mais satisfatória dele com o aprendizado’, aponta o conteúdo. 
  • Os níveis de implementação variam muito de estado para estado. 
  • Escolas públicas sem infraestrutura têm mais dificuldade para colocar o modelo em prática. “Cada colégio deve escolher, no ‘cardápio’ de itinerários formativos, elaborado pela sua rede estadual, no mínimo duas opções para oferecer aos alunos (matemática e linguagens, por exemplo). Com isso, em vez de uma turma grande ter a mesma aula às 8 horas, como era antes, serão dois grupos menores (um que escolheu matemática, outro que preferiu linguagens). Isso exige que a escola tenha duas salas de aula disponíveis no horário”, afirma a matéria do G1. 
  • O risco de evasão aumenta com o aumento da carga horária. Para estudantes mais pobres que precisam trabalhar, conciliar trabalho e escola pode ser uma dificuldade. 
  • Estudantes de escolas públicas em cidades menores podem ser prejudicados em comparação com os de municípios maiores ou de escolas particulares. Isso porque as opções de itinerários formativos ao qual terão acesso tendem a ser menores. 

O que dizem as redes estaduais e o MEC

O representante das redes estaduais, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), diz na matéria que “não é sensato pensar em descartar todo esse esforço técnico e financeiro” e que o Novo Ensino Médio é uma construção coletiva. Para a entidade, “a revogação é inviável”, mas ajustes e aprimoramentos devem ser discutidos. 

Já para o MEC, “o debate sobre o Novo Ensino Médio ‘transcende a simples revogação e passa pelo debate sobre melhoria da qualidade, sobre quais são seus elementos problemáticos e quais são os ajustes necessários'”.

Os desafios da implementação 

Entre as dificuldades que podem aparecer para a implementação da reforma, estão:

  • Maior dificuldade para escolas mais pobres. “Essa disparidade na hora de aplicar o novo currículo pode aparecer entre as redes pública e privada ou até mesmo dentro da pública, já que existem escolas com mais recursos do que outras”, afirma a publicação do Guia do Estudante sobre o tema. 
  • Dificuldade na capacitação dos professores. “Além das dificuldades de sempre desses profissionais, como jornada longa e salários baixos, com essa reforma eles precisarão passar por uma adaptação exigente”, reitera o conteúdo do Guia do Estudante. 
  • Maior risco de evasão escolar em razão do aumento da carga horária. 
  • A operacionalização em si – tudo o que precisa ser feito para que o Novo Ensino Médio seja colocado em prática de forma integral –, uma vez que o processo é invariavelmente lento. 

>> Leia aqui a matéria completa que embasou este conteúdo

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