A neuroeducação e sua importância no processo de ensino-aprendizagem

Blog A neuroeducação e sua importância no processo de ensino-aprendizagem

09/08/2023
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Lançamento de outro modelo de celular, ChatGPT, gadget que pode ser controlado pelo olhar, última geração de smartwatch, novos aplicativos, atualização de redes sociais, lançamento de videogame, jogos de realidade aumentada e por aí vai. Vivemos em um mundo em que as transformações ocorrem e nos impactam todos os dias, o tempo todo. Mas o que a neuroeducação tem a ver com isso, afinal? 

O Relatório de Monitoramento Global da Educação de 2023, “A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”, desenvolvido pela Unesco, aponta que os “Avanços expressivos na tecnologia, especialmente na tecnologia digital, estão transformando rapidamente o mundo. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm sido aplicadas à educação há 100 anos, desde a popularização do rádio na década de 1920. Mas é o uso da tecnologia digital ao longo dos últimos 40 anos que tem o potencial mais significativo de transformar a educação”.

Então, em um cenário que vive de novidades tecnológicas, é natural que os estudantes recebam novos estímulos com certa frequência; e é exatamente nesse ponto que a neuroeducação pode ser uma ótima alternativa. 

Acompanhe este texto e entenda melhor o que é, quais os seus princípios, a sua relação com a Educação Empreendedora, as formas de aplicação e os benefícios para a sala de aula. 

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O que é neuroeducação e quais os seus princípios 

A professora, médica, neuropsicóloga, mestre em Fisiologia e doutora em Biologia Celular pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Leonor Bezerra Guerra é uma das maiores autoridades do país quando o assunto é neuroeducação. Ela foi uma das autoras da publicação do Serviço Social da Indústria (SESI), “Neurociência e Educação: olhando para o futuro da aprendizagem“, conteúdo do qual destacamos o trecho a seguir, com conceituações fundamentais para entender a definição de neuroeducação. 

“O cérebro possui mais conexões do que o número de estrelas em nossa galáxia e pode arquivar o equivalente a 1.000 terabytes de informações42. Ele é uma fábrica de aprendizagem de conceitos, de novas ideias e interpretações que funciona 24 horas por dia. Quando estamos acordados, o cérebro funciona a todo vapor, mas, mesmo em repouso, ele produz energia suficiente para acender uma pequena lâmpada de 25 watts43. Essa fantástica atividade dos neurônios, nas distintas estruturas do sistema nervoso, desencadeada e regulada pelas experiências que vivenciamos é o que resulta no que chamamos de mente. É exatamente essa atividade do cérebro que possibilita a aprendizagem. Mas o que é aprendizagem na perspectiva cerebral? O que acontece no cérebro quando aprendemos?

Aprendizagem ocorre a partir da reorganização de sinapses, de circuitos e de redes de neurônios44, interconectados e distribuídos por todo o cérebro, o que envolve e também promove o desenvolvimento de funções mentais, tais como atenção, emoção, motivação, memória, linguagem e raciocínio lógico-matemático.

As estratégias pedagógicas utilizadas por educadores nos processos de ensino e apren-

dizagem são estímulos que impulsionam o aprimoramento dessas funções mentais e levam à reorganização do sistema nervoso, possibilitando a aprendizagem de novos conhecimentos, habilidades e atitudes. Por isso, o cérebro é o órgão da aprendizagem45.”

Fonte: https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/24/33/24331119-5631-42c0-b141-9821064c820c/neurociencia_e_educacao_2022.pdf

Estamos falando, portanto, de uma ciência que, ao ajudar a ter um entendimento mais integral do comportamento e do funcionamento do cérebro dos estudantes, apoia todo o processo de ensino-aprendizagem. 

A neuroeducação é uma área de conhecimento que ainda está sendo estudada e, portanto, suas definições não são tão “calcificadas”. Alguns princípios fundamentais, contudo, já podem ser formulados. Destacamos alguns deles a seguir.

  • Emoções. O aprendizado que considera as emoções – curiosidade, criatividade, sensação de surpresa – tende a ser mais eficiente, já que o envolvimento emocional com determinado tema favorece a assimilação do cérebro sobre aquele conteúdo. 
  • Aprendizagem multissensorial. Quando todos os sentidos são estimulados, o cérebro consegue aprender mais rápido e melhor. Atividades dinâmicas, práticas e investigativas, portanto, podem ser mais atrativas e eficientes. 
  • Neurônio-espelho. Também conhecido como “célula-espelho”, o neurônio-espelho foi uma das descobertas mais relevantes da neurociência das últimas décadas. Ligado à visão e ao movimento, ele “permite o aprendizado por imitação, já que é acionado quando é necessário observar ou reproduzir o comportamento de outros seres da mesma espécie“. 
  • Plasticidade do cérebro. A neurociência aponta que o cérebro é adaptável ao longo da vida – ele muda de acordo com o desenvolvimento da pessoa. Isso significa que oferecer estímulos específicos é capaz de desenvolver novas conexões neurais. 

4 formas de aplicar a neuroeducação no ambiente escolar

Estimulando as emoções

Uma vez que a neuroeducação mostra que associar emoções ao processo de ensino-aprendizagem o torna mais eficiente, fazer essa associação é um bom ponto de partida. 

Desenvolva aulas e crie atividades que provocam e despertam curiosidade, empatia, confiança e cooperação – e, claro, garanta que a sala de aula seja um espaço acolhedor. Alguns exemplos são gamificação, rodas de debate e análises de filmes e músicas. 

Colocando o estudante como protagonista do processo

Posicionar o estudante como agente ativo do próprio desenvolvimento desperta e estimula a criatividade, a curiosidade, a empolgação, o orgulho das próprias conquistas e senso de responsabilidade.

As metodologias ativas podem ter um papel importantíssimo nesse cenário – afinal, é exatamente isso que elas fazem. Experimente, por exemplo, a Sala de Aula Invertida, a Cultura Maker e o Design Thinking

Promovendo o aprendizado por meio de experiências

A partir do momento em que o ensino se dá por meio de projetos e experiências, todos os princípios da neuroeducação são potencializados. E isso pode ser feito de diversas maneiras: estimulando o trabalho em equipe, propondo uma aula prática, apresentando novas ferramentas e recursos, envolvendo atividades artísticas, apresentando novos lugares e ambientes e por aí vai. 

Trabalhando a educação socioemocional

A neuroeducação demonstra que as emoções são um dos pilares de um processo de ensino-aprendizagem interessante e eficiente. Considerando isso, propor atividades e dinâmicas que permitam que os estudantes se conheçam melhor e desenvolvam outras competências socioemocionais podem fazer toda a diferença em sala de aula. 

Dando significado e utilidade aos aprendizados

Aprender sabendo a real aplicação daquele tema no dia a dia pode tornar o processo mais interessante, aumentando o entusiasmo do estudante diante daquele conteúdo. Procure, portanto, mostrar quais são as aplicações práticas de determinado conteúdo na vida real. 

Saindo do lugar comum

Propor coisas diferentes no cotidiano da sala de aula pode gerar um engajamento significativamente maior da turma. Em uma entrevista ao jornal El País, Francisco Mora, doutor em Neurociência pela Universidade de Oxford, destaca essa importância. “Ele [professor] deve começar a aula com algum elemento provocador, uma frase ou uma imagem que seja chocante. Romper o esquema e sair da monotonia. Sabemos que, para um aluno estar atento à aula, não basta exigir que ele o faça. A atenção deve ser evocada com mecanismos que a psicologia e a neurociência estão começando a desvendar. Métodos associados à recompensa, e não à punição”, orienta o especialista.

Os benefícios da neuroeducação para o ensino

Ao ler este post, você certamente já percebeu uma série de vantagens da aplicação da neuroeducação em sala de aula, certo? Destacamos alguns deles a seguir. 

  • Respeito à individualidade e ao ritmo de cada estudante. 
  • Maior motivação e engajamento da turma. 
  • Estímulo ao desenvolvimento de novas habilidades. 
  • Aulas mais interessantes e prazerosas tanto para o aluno quanto para o professor.
  • Favorecimento do vínculo entre estudante e educador.
  • Maior retenção de estudantes. 
  • Promoção e favorecimento de relações interpessoais. 
  • Relações mais saudáveis.

Também é simples visualizar como, de alguma forma, todos esses benefícios estão intrinsecamente ligados à Educação Empreendedora – porque, no fim das contas, estamos falando de metodologias que formam pessoas preparadas para gerar valor para o mundo em diferentes áreas. A seguir, entenda melhor como os dois temas conversam. 

Neuroeducação e Educação Empreendedora 

A neuroeducação e a forma como o processo de ensino-aprendizagem é estimulado pelas práticas da Educação Empreendedora se complementam muito bem.

Veja bem: uma vez que o processo de aprendizado está diretamente ligado a diferentes capacidades do cérebro, considerar e aplicar metodologias do empreendedorismo (o desenvolvimento da inteligência socioemocional, a aplicação de metodologias ativas, o aprendizado centrado no estudante e por aí vai) significa também colocar as conexões neuronais a favor do aprendizado. Estamos falando, afinal, de uma experiência que prioriza o desenvolvimento socioemocional, coloca o estudante como protagonista de seu desenvolvimento, associa o conhecimento a emoções positivas e, entre outras várias possibilidades, pode ser totalmente personalizada. Em resumo, todos esses atributos se assemelham ou se relacionam, de alguma forma, com os princípios da neuroeducação que detalhamos anteriormente.  

Conseguiu perceber como a neuroeducação se manifesta em diferentes momentos do dia a dia escolar? Se você gostou do tema, leia também Neurociência e os impactos das metodologias ativas no cérebro dos estudantes.

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