A importância do pensamento divergente e convergente na educação

Blog A importância do pensamento divergente e convergente na educação

20/12/2022
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São muitos os termos que fazem parte do mundo da educação – metodologias, teorias, modelos, formas de pensamento. E sobre o pensamento divergente e convergente, você já tinha ouvido falar? É sobre essas abordagens cognitivas que vamos discorrer neste post. Além das definições, vamos destacar a sua importância para a criatividade. Acompanhe! 

O que são os pensamentos divergente e convergente 

Como uma espécie de yin-yang – conceito da filosofia chinesa que expõe a dualidade de tudo que existe no universo – da criatividade, os pensamentos divergente e convergente compõem pensamentos distintos que se complementam no processo criativo. 

Entenda melhor o “contraste” entre os dois tipos de pensamentos: quando pensamos em um brainstorming (do inglês, “tempestade de ideias”), técnica utilizada para propor ideias e soluções para um problema específico, essas duas fases ficam muito evidentes. Em um primeiro momento, as ideias e os pensamentos são compartilhados livremente, sem um filtro (a fase do pensamento divergente). Depois, então, aparece o pensamento convergente: entendendo quais são as mais promissoras ou coerentes, as ideias são filtradas e selecionadas. 

O artigoPensamento divergente e convergente“, do portal “Faça Diferente”, escrito por Luciano Döll, professor de Empreendedorismo e Inovação, conta que é comum que sigamos primeiramente pelo caminho do pensamento convergente. “De modo geral, quando estamos diante de um problema, o primeiro passo é captar uma série de dados e informações dele”, afirma. É como se fosse uma espécie de funil, explica o autor. “Nós, sobretudo ocidentais, temos uma tendência de, com base neste levantamento, convergir para uma única resposta. Isto se chama pensamento convergente. A partir de poucas hipóteses, esse pensamento funciona como um funil. De fato, ele é eficiente. Em pouco tempo, afunilamos e atingimos a suposta melhor resposta para o problema”. 

Contudo, isso não deveria negligenciar o pensamento divergente, uma vez que as diferentes perspectivas podem ser enriquecedoras para qualquer cenário. Döll reforça que, para ampliarmos o leque de opções e ideias diante de determinado problema, é fundamental olharmos para a questão sob diversos ângulos. “​​Eu sei, isso não é fácil. E é exatamente por isso que, se você adota uma metodologia ágil, ela sugere times multidisciplinares, para que o pensamento coletivo, colaborativo e divergente ocorra. Para exemplificar, ele cita a importância da diversidade de profissionais. “Um problema analisado por um time composto por um médico, um administrador, um advogado e um engenheiro tem mais chances de gerar um pensamento divergente do que um time composto por quatro administradores de empresa, por exemplo”, afirma.  

É comum nas escolas que seja estimulado o pensamento convergente, já que vivemos na era em que “não se pode perder tempo”. Existe uma grande valorização da eficiência (e não na eficácia), o que gera uma ânsia de chegar na resposta, sem dar tanta importância para o processo. 

A importância dos pensamentos divergente e convergente na criatividade

Como a criatividade vem ganhando cada vez mais relevância no processo de ensino-aprendizagem, pela primeira vez o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), prova da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicou um teste cognitivo de pensamento criativo. Por meio dele, como sinaliza o artigo publicado no Terra, é possível “aferir a capacidade de alunos de 15 anos de arquitetar, avaliar e melhorar ideias que possam virar soluções originais e eficazes”. O resultado final do Pisa 2022 está previsto para ser divulgado em dezembro de 2023. 

Na mesma publicação que citamos acima, Tatiana Nakano, pesquisadora do Instituto Ayrton Senna, reforça a importância do pensamento criativo para a jornada escolar. “Muitos estudos mostram que a inserção da criatividade na escola aumenta a sensação de bem-estar, leva ao aumento da frequência e melhora o desempenho, porque motiva alunos a participar, dar ideias e explorar possibilidades”. 

A especialista fala que um dos obstáculos ao pensamento criativo é que, tradicionalmente, a exigência das escolas foca na memorização por parte dos estudantes – assim, ele tem pouco protagonismo e sobre alguma punição como consequência de um erro. “A criatividade tem a ver com se expor à possibilidade de erro e não sofrer crítica”, pontua. Uma formação dos docentes mais alinhada a essa realidade é um bom caminho para fazer diferente. 

Pensamento divergente e convergente: um é mais importante do que o outro? 

Tudo o que pontuamos acima não significa que um é mais importante do que o outro – pelo contrário, ambos devem ser valorizados igualmente. A partir do momento em que um fica em foco, perde-se a vantagem que o outro propicia. O pensamento divergente, por exemplo, contribui para o processo criativo. O convergente, por seu turno, sintetiza o processo e o torna mais lógico. 

Existem momentos mais propícios para aplicar cada um deles, senão os dois. Este texto da revista digital A Mente é Maravilhosa, aprofunda no pensamento convergente e traz bons exemplos nesse sentido. 

“O pensamento convergente, embora possa parecer mais limitante porque não é imaginativo ou criativo, pode ser muito útil em certas situações. Isso se dá quando, por exemplo, é possível encontrar uma única resposta correta, a qual chegaríamos através de um processo de tomada de decisão (ou aplicando a lógica)”. De acordo com o artigo, o pensamento convergente é aquele que, normalmente, traz respostas com poucas incertezas, além de estar relacionado ao conhecimento que já temos. 

A matéria conta que ele é muito útil para os problemas que não requerem uma solução melhor: “Usar esse tipo de pensamento no dia a dia é muito útil para a maioria dos problemas. Vamos rever todos os dias o caminho de casa para o trabalho? Vamos continuar procurando uma receita para melhorar aquele prato que já achamos excelente?”, pondera a publicação. 

A conclusão passa pelo que já citamos acima: tudo depende do contexto. “Existem muitos tipos de pensamento, e a utilidade de cada um deles e a escolha de qual é melhor ou pior dependerá de variáveis ​​circunstanciais: nosso objetivo e a natureza do problema”, declara. 

Não por acaso, o processo de “definição” se assemelha ao que é aplicado pela Educação Empreendedora. “O importante é analisar profundamente o contexto, conhecer as possibilidades de resposta (e criá-las se elas não existirem, para potencializar nossa imaginação), desenvolver um plano de ação e executá-lo para chegar à resposta desejada. Embora possamos cometer milhares de erros, felizmente aprenderemos com eles”, finaliza. 

Gostou de entender melhor sobre o funcionamento do pensamento divergente e convergente? Provavelmente você também vai gostar de ler o Observatório “Neurociência e os impactos das Metodologias Ativas no cérebro dos estudantes“.

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